Pesquisa aponta baixo número de mulheres em posições de chefia
No Brasil, são discutidos projetos de incentivo ao empoderamento feminino financeiro e de liderança.
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Publicado em:27/11/2019 às 13:21
Atualizado em:27/11/2019 às 13:21
O estudo global “Women in The Boardroom”, realizado recentemente pela Deloitte Global, com apoio da empresa MSCI ESG Research Inc., comprovou que ainda é baixo o número de mulheres em cargos de liderança em todo o mundo. Segundo a pesquisa, apenas 16,9% dos assentos nos conselhos das organizações ao redor do mundo são ocupados por mulheres.
A MSCI ESG Research Inc. foi a responsável por coletar dados sobre a diversidade nos conselhos de administração de cerca de 8.648 empresas. Essas distribuídas por 49 países da Ásia-Pacífico, Américas e EMEA (Europa, Oriente Médio e África).
Para complementar a pesquisa, Deloitte Global — empresa que oferece serviços de auditoria, consultoria empresarial, assessoria financeira, gestão de riscos e consultoria tributária para clientes públicos e privados dos mais diversos setores — compilou informações sobre cotas de diversidade e outras iniciativas de diretoria de 17 outros países.
Ao todo, a pesquisa conta com informações de 66 países. Os dados foram coletados a partir de 15 de dezembro de 2018.
Esta é a sexta edição da pesquisa Women in the Boardroom, que inclui análises globais, regionais e por país dos progressos alcançados em direção a uma maior diversidade nos conselhos de administração.
Dentre os fatores que impedem a presença feminina nos cargos de liderança, foram citados: culturas desatualizadas no local de trabalho, preconceitos inconscientes e falta de apoio.
O nome do estudo faz alusão ao desafio da inclusão de mulheres e as barreiras à diversidade de gênero nas salas de reunião das companhias. De acordo com os dados apurados, as mulheres ocupam apenas 4,4% das posições de CEO e 12,7% das de CFO.
O relatório da pesquisa também analisa as iniciativas dos países para a mudança deste cenário. No documento são apresentadas estatísticas recentes sobre a presença de mulheres nas salas de reuniões. Além disso, são explorados os esforços de cada região e as tendências políticas, sociais e legislativas por trás dos números.
"É comprovado que o aumento da participação feminina no mercado de trabalho pode influenciar, de forma positiva, significativamente o PIB global nos próximos anos. Apesar do longo caminho a seguir, já podemos ver um bom movimento nas empresas brasileiras como horários flexíveis, orientação e treinamento”, ressaltou Patricia Muricy, sócia e ex-líder do Comitê de Crescimento da Deloitte.
E complementou: “em conclusão à pesquisa, destacamos uma conexão entre o aumento do número de mulheres servindo nos conselhos e o desejo de um tipo mais inclusivo de capitalismo.”
Projetos visam a promover o empoderamento feminino econômico e de liderança
Desde o último estudo, realizado em 2017, o número de brasileiras que ocupam vagas nos conselhos aumentou em 0,9%, chegando a 8,6% dos assentos sendo ocupados por mulheres. Para aumentar o baixo percentual, alguns projetos estão sendo discutidos pelo o governo e pela ONU.
A Noruega lidera o ranking, com 42% das posições em conselhos ocupadas por profissionais do sexo feminino. Em seguida vem a França , com 40% e a Suécia, com 32%.
Entre eles, está em discussão um Projeto de Lei que pretende garantir uma cota de gênero em conselhos. O objetivo é que 30% das vagas sejam preenchidas por mulheres até 2022.
Outra proposta em análise, desta vez pela ONU Mulheres, União Europeia e Organização Internacional do Trabalho é o programa Ganha-Ganha. O intuito é promover o empoderamento feminino econômico e de liderança.
Isso será feito através da premiação de empresas que promovem cultura de equidade de gênero e empoderamento das mulheres em seus países de atuação.
Ainda destaca-se o projeto 30% Club, que atua no propósito de alcançar 30% de mulheres nos cargos de diretoria da Bolsa de Valores brasileira B3 IBrX, até 2025. A iniciativa foi lançada este ano no Brasil.
Empresas investem em programas de incentivo às mulheres
Algumas empresas também já apostam em programas internos para mulheres executivas, como a Deloitte. A empresa assumiu, em 2017, o compromisso de seguir os Princípios de Empoderamento das Mulheres, da cartilha da ONU Mulher.
Foi instaurado um comitê dedicado à questão de equidade de gênero. Além disso, a empresa trabalha internamente em diversos pontos, como programas de treinamento, orientação, networking, apoio à liderança, à implementação de programas de maternidade e paternidade, bem como trabalho flexível.
“Acreditamos que todas as empresas devem permanecer comprometidas com a diversidade e incentivar a sociedade a criar atitudes positivas em relação ao desenvolvimento de carreiras femininas", afirmou Angela Castro, sócia e líder do Comitê Growth de Equidade de Gênero da Deloitte no Brasil.