Redes sociais são vitrines para recrutadores: veja como gerenciar

Como usar Instagram, Facebook, Twitter e Linkedin para chamar atenção no mercado

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Publicado em:17/06/2020 às 07:00
Atualizado em:17/06/2020 às 07:00

Não é de hoje que se ouve histórias de pessoas que foram demitidas por causa de postagens em redes sociais e muitos que perdem oportunidades de emprego por conta do mau uso. Ainda que sejam perfis pessoais, essas plataformas são verdadeiras vitrines e podem influenciar na decisão de recrutadores e chefes.

No início de fevereiro, por exemplo, um funcionário da Ambev foi demitido após fazer comentários homofóbicos sobre uma publicação. Em outra situação, um profissional de uma loja em Macaé, no Rio de Janeiro, perdeu o emprego por fazer tuítes falando mal de sua chefe e colegas de trabalho. 

Casos como esses mostram a importância de saber gerenciar bem as redes sociais, não apenas para se manter em uma empresa, mas também a fim ter mais chances de ingressar em um novo trabalho, quando necessário. 

Mas, afinal, quais tipos de postagens (além das ofensivas, obviamente) devem ser evitadas nas redes pessoais e profissionais? O que pode ser publicado? Qual é o jeito certo de usar essas plataformas, se a intenção é ser bem-visto no mercado e ter mais chances de conseguir um emprego?

Michele Cavelaro
Especialista em RH e carreira fala sobre uso
das redes sociais (Foto: Arquivo Pessoal)

Para ter essas respostas, a FOLHA DIRIGIDA conversou com Michele Crevelaro, psicóloga especializada em Gestão de Recursos Humanos e em Psicologia Organizacional e do Trabalho. 

A especialista está há mais de 15 anos na área de RH, além de atuar como coach de carreira, orientadora vocacional, facilitadora de grupos e consultora de desenvolvimento humano.  

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Redes sociais são vitrines para recrutadores

Mesmo tendo currículo excelente e um bom desempenho em entrevistas e dinâmicas, um candidato a uma vaga de emprego pode ser descartado por causa de uma única postagem em rede social. E os motivos são diversos. 

Um publicação ofensiva, por exemplo, pode chegar até mesmo a manchar a imagem da empresa que venha a contratar aquela pessoa. Agressividade, escrita errada e difamação são outros exemplos de comportamentos que os recrutadores não buscam para suas vagas. 

Por isso, Michele Crevelaro recomenda cuidado com o que se curte ou compartilha, pois isso pode ficar visível no feed ou no perfil, seja no LinkedIn ou outras plataformas:

“O que é postado em redes sociais geralmente pode ser acessado por qualquer pessoa, desde um amigo até um potencial empregador. A imagem que a pessoa quer passar precisa ser coerente com sua atitude nas redes sociais.”

Isso quer dizer que, os recrutadores analisam candidatos à vagas de emprego somente por meio de suas redes sociais? Certamente, que não. Como observa a coach de carreira, o currículo, a entrevista presencial ou virtual, ainda são as formas mais usuais para a contratação.

“Inclusive não recomendo checar apenas as redes sociais como forma de triagem e eliminação de candidatos em processos seletivos, um olhar mais amplo, uma conversa com o candidato é importante para que o recrutador não tire conclusões precipitadas ou seja injusto com algum candidato. Acredito que todos estamos em processo de aprendizagem ao utilizar as redes sociais”, indica.

Contudo, há o caso do LinkedIn, que já tem um nível de importância muito grande em diversos processos seletivos e, por isso, é recomendável ter um bom perfil na plataforma. E mesmo as outras redes, ainda que sejam com perfis pessoais, têm cada vez mais peso, principalmente para grandes empresas.

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De modo geral, o que os recrutadores desejam, após avaliarem os currículos dos candidatos, é encontrar perfis com informações verdadeiras e igualmente atraentes. Não necessariamente só profissionais. 

Ter uma página consistente e coerente com o perfil de pessoa, postagens que estejam de acordo com a experiência e os interesses profissionais. Se for viável, é válido até mesmo criar conteúdo e textos condizentes com o mercado do qual faz parte.

“Seja autêntico, seja você mesmo! Nada melhor do que se deparar com a pessoa da forma que ela realmente é!”, afirma a coach.

O que postar e o que não postar nas redes sociais

A primeira dica de Michele Crevelaro é: evitar qualquer tipo de publicação que tenha sido feita apenas utilizando o impulso emocional. “Existe um espaço entre o que pensamos e como agimos, é necessário criar consciência neste hiato.”

Na dúvida em postar ou não alguma coisa, se houver o receito que isso prejudique profissionalmente, algumas perguntas podem ajudar a decidir pela publicação ou não: esse post atende a qual necessidade? A quem interessa? Qual a minha motivação para postar sobre este tema? Qual tipo de informação quero transmitir?

Ela alerta que as redes sociais devem ser usadas a nosso favor, e não sermos utilizados por elas. 

Além disso, há uma diferença entre as postagens que são feitas em redes profissionais e pessoais, e elas precisam estar alinhadas à imagem que se quer construir e como o profissional quer ser reconhecido.

Seu novo emprego pode estar nas redes sociais. Saiba porquê!

Fora isso, o mais importante é manter um perfil atualizado e com informações verdadeiras. No caso de uma conta estritamente profissional, o ideal é deixar isso claro, mantendo dados também estritamente profissionais e que são relevantes na busca de um emprego.

Isso inclui as informações básicas, como nome, cargo e o período que permaneceu em cada empresa; dados acadêmicos que podem ser comprovados; idiomas que podem ser testados e aferidos, conforme o que está escrito e uma foto adequada ao ambiente corporativo.

Renata Stuart
Profissional produz conteúdo no LinkedIn
(Foto: Arquivo Pessoal)

Entretanto, é possível ir além. Foi o que fez Renata Stuart, que atua no mercado de Comunicação e Marketing desde 2011.

Em 2018, após retornar de um intercâmbio, ela conseguiu uma vaga aqui no Brasil, por meio da indicação de uma ex chefe no LinkedIn.

Talvez você esteja pensando: 'ah, mas era a ex chefe!' Sim, a indicação tem pesado muito no mercado de trabalho.

E, Renata se preocupou em manter um bom perfil nas redes sociais, o que também teve grande importância no seu processo de realocação no mercado. 

Ela conta que, além dos dados profissionais básicos, procura usar as ferramentas que a plataforma dispõe para aumentar sua rede de contatos e fazer networking.

Isso inclui comentários relevantes em publicações de outras pessoas, realizar novas conexões, interagir e trocar experiências. 

Fora isso, a comunicadora aproveita o espaço que tem para publicar artigos de temas que são relevantes no seu meio.

“Além do meu currículo, minha experiência e alguns trabalhos que já fiz, eu costumo publicar artigos. É um recurso muito bom do LinkedIn e, na minha, opinião um dos mais legais da rede, porque nos permite ter um conteúdo mais aprofundado sobre temas que são interessantes para você, sua carreira e até para o desenvolvimento pessoal”, conta.

Renata também destaca o alcance orgânico da rede social, que percebe ser maior em relação a outras plataformas, como Facebook e Instagram.

5 coisas para não postar nas redes sociais

As dicas a seguir do que não postar nas redes sociais são da coach e especialista em RH, Michele Crevelaro. Valem principalmente para quem está procurando emprego, mas também para qualquer profissional que tenha a intenção de manter uma reputação positiva no mercado. 

1. Conteúdos que tenham um tom ofensivo: não há problema algum em discordar de pontos de vista. Mas é importante ter cuidado com a forma da escrita e em qual contexto você está emitindo a sua opinião;

2. Se o que está sendo publicado possui uma fonte confiável: checar a fonte do que está publicando é fundamental, ainda mais hoje em dia, quando temos uma enxurrada de fake news sendo compartilhadas. Isso vale até para frases motivacionais, que viraram moda nas redes, mas algumas já foram atribuídas às pessoas erradas;

3. Informações que não são suas: muito cuidado ao compartilhar ideias, textos, pensamentos que não são de sua autoria, sem prévia autorização de quem os escreveu. Aqui, ela não fala sobre conteúdos de jornais, revistas ou pessoas públicas, mas sim de outros usuários. Estar disponível na internet não quer dizer que não tem dono;

4. Excesso de postagens: cuidado com isso, seja no seu perfil pessoal ou profissional. Fica cansativo e a comunicação torna-se oca. Ficar apenas compartilhando informações sem nenhuma elaboração prévia passa uma impressão de superficialidade e falta de criticidade. Não tem problema fazer isso às vezes, mas não sempre;

5. Privacidade e imagens de terceiros: deve ser evitada qualquer postagem que coloque em risco a sua segurança e de outras pessoas, ou ainda, que quebre a privacidade de um terceiro. Também não publique fotos com informações bancárias, onde seus filhos estudam ou da sua rotina completa.

Notícias de emprego

Como usar as redes quando está procurando emprego?

Além de ter um perfil interessante, existem outros bons usos das redes sociais por quem está procurando emprego. No Facebook, por exemplo, existem diversos grupos de pessoas que se ajudam, compartilham vagas e muitos recrutadores estão nesses ambientes também. 

Mas a especialista, Michele, ressalta que é importante lembrar que cada rede social e cada ambiente dentro de uma mesma rede social tem finalidades diferentes:

“Fazer parte de grupos fechados no Facebook sobre um determinado tema, como busca por emprego ou troca de um conhecimento específico, pode ser positivo, mas lembre-se do seu papel nestes grupos.”

Se você está no papel de alguém que compartilha conhecimento, por exemplo, use o ambiente para este fim. Caso contrário, pode passar uma impressão ruim ficar pedindo vagas e oportunidades, como candidato. 

O mesmo vale para se oferecer no direct message do Instagram, por exemplo. Se seu interesse é ter um perfil profissional, invista em páginas específicas do Instagram e Facebook para isso ou no LinkedIn.

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A Renata Stuart, por exemplo, já estuda transformar o seu perfil pessoal do Instagram em profissional. Assim poderá usar o ambiente com finalidades voltadas para o mercado e para a construção da sua imagem.

“Acho que a tendência é cada vez mais não separar perfil pessoal de profissional. Eu quero focar mais na parte de escrita criativa, produção de conteúdo e, em breve, fazer do meu Instagram profissional. E trabalhar minha marca pessoal.”

É importante destacar que essa “unificação” dos perfis não significa postar coisas que não são interessantes do ponto de vista profissional. Mas sim fortalecer a imagem dela como pessoa e comunicóloga, tornando-a mais atraente para o mercado.