Segundo IBGE, auxílio emergencial chegou aos 76% mais pobres

Pagamento da 3ª e outras parcelas é retomado nesta terça, 30

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Publicado em:29/06/2020 às 15:00
Atualizado em:29/06/2020 às 15:00

Em maio, mais de R$23,5 bilhões foram pagos em auxílio emergencial a 76,2% da população cuja renda domiciliar, naquele mês, não foi maior que R$645,54. Ou seja, as famílias que pertencem aos estratos de renda mais baixos. O dado é da PNAD Covid19 mensal do IBGE.

A pesquisa revela também que, no mesmo período, dos 68 milhões de domicílios existentes no país 38,7% (26,3 milhões de domicílios) receberam o recurso, que foi criado para dar proteção social no período de enfrentamento da crise causada pela pandemia do novo Coronavírus.

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Para entender com mais detalhes os impactos do programa de transferência de renda, a pesquisa foi dividida em faixas de renda, como explica o diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo:

“Foram incluídas questões relativas ao Auxílio Emergencial, que, por ser um programa de transferência de renda de grande envergadura, exigia uma avaliação de forma separada dos demais programas existentes. Para receber o Auxílio Emergencial, a pessoa deve atender a alguns critérios entre os quais que a renda domiciliar per capita não ultrapasse R$ 522,50 ou a renda total do domicílio não ultrapasse a três salários mínimos (R$ 3.135,00).”

Na primeira faixa de renda, são 21 milhões de pessoas que residem em domicílios com renda domiciliar até R$ 56,62. Desses, 16 milhões de pessoas, o equivalente a 72% dessa faixa, residem em domicílios que receberam o benefício. Para esse contingente, que passou de uma renda domiciliar per capita de R$ 10,64 para R$ 238,03, o impacto do benefício foi equivalente de um "ganho" superior a 2.136%.

Já na segunda faixa (até R$ 233,18), o alcance foi de 81,1%, contemplando 17 milhões dos 21 milhões de pessoas que residiam em lares onde pelo menos uma pessoa recebeu o os R$600, provocando um impacto positivo de 141,6%, ao passar de renda per capita de R$ 146,08 para R$ 352,85.

Pagamento emergencial do FGTS começa nesta segunda, 29

Os estados do Norte e Nordeste do Brasil foram os que apresentaram maior percentual de beneficiados pelo auxílio emergencial, ultrapassando 40%, sendo Amapá e Maranhão com a maior cobertura: superior a 60%. 

Nos estados com rendimento domiciliar mais elevados, como São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, 30% dos domicílios ficaram cobertos pelo auxílio.

 

Estados do Norte e Nordeste foram os mais assistidos pelo auxílio emergencial
(Foto: Adenir Britto/CMSJC)

 

Pagamento da 3ª parcela será retomado nesta terça, 30

Nesta segunda-feira, 29, não há pagamento de nenhuma das três parcelas para quem não é beneficiário do Bolsa Família. O calendário de depósito do auxílio para o público geral recomeça na terça-feira, 30, para aniversariantes de março e abril, conforme cronograma.

Com o pagamento das três parcelas, previstas em lei, se aproximando do fim, governo e Congresso debatem sobre a prorrogação do benefício e respectivo valor. Na última quinta-feira, 25, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciaram que haverá um adicional de R$1.200, dividido em mais três parcelas decrescentes.

Na sexta-feira, 26, senadore criticaram a notícia, e defenderam a prorrogação até o final do ano sem alterar a quantia original de R$600. "Qual o sentido de regatear com o desespero dos mais vulneráveis, com essa nova proposta de redução escalonada do auxílio emergencial em três parcelas?”, questionou Jean-Paul Prates (PT-RN).

Para o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL), a não prorrogação no mesmo valor vai prejudicar ainda mais os trabalhadores e a economia.

“Não prorrogar o auxílio emergencial, e, em R$ 600, significa empurrar milhões de brasileiros para as ruas e para a doença. A economia certamente não se beneficiará com mais medo e mais mortes. Nunca é demais lembrar que o auxílio emergencial mantém aquecido o comércio de bens e serviços básicos, e que parte do gasto volta ao Estado na forma de arrecadação”, ressaltou.

A autora do PL 2.928/2020, que estende o prazo e amplia o benefício para outras categorias de trabalhadores, a senadora Zenaide Maia (Pros-RN), também acredita na ampliação como forma de proteger os brasileiros.

“A prioridade é a gente salvar vidas. E não tem como salvar vidas sem um isolamento social. E as pessoas mais carentes e vulneráveis desse país não vão fazer o isolamento social se não houver uma proteção a essa população por parte do Estado brasileiro”, defendeu.