13,8 milhões de pessoas estão sem trabalho, segundo o IBGE

De acordo com o levantamento divulgado pelo Instituto, os setores de alojamento e alimentação perderam mais vagas no período de junho a agosto de 2020.

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Publicado em:30/10/2020 às 11:30
Atualizado em:30/10/2020 às 11:30

A taxa de desemprego no país bateu um novo recorde. De acordo com a pesquisa PNAD Covid-19 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação no Brasil chegou a 14,4% no trimestre de junho a agosto de 2020. 

A taxa, que representa 13,8 milhões de pessoas desocupadas, foi a mais alta da série histórica iniciada em 2012, crescendo 1,6 ponto percentual (p.p) em relação ao trimestre de março a maio (12,9%) e 2,6 ponto percentual frente ao trimestre de junho a agosto de 2019 (11,8%). 

A população ocupada, calculada em 81,7 milhões de pessoas, caiu 5,0% (menos 4,3 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior e 12,8% (menos 12,0 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre e 2019. 

O mesmo acontece com o nível de ocupação que, junto com a taxa de população, é o menor da série. No trimestre de junho a agosto de 2020 era de 46,8%, caindo 2,7 ponto percentual entre março e maio, e 7,9 ponto percentual contra o período de junho a agosto de 2019. 

A taxa composta de subutilização (30,6%) foi recorde na série, crescendo 3,1 ponto percentual em relação ao trimestre móvel anterior (27,5%) e 6,2 p.p. frente ao mesmo trimestre de 2019 (24,3%). A população subutilizada (33,3 milhões de pessoas) também foi recorde, subindo 9,7% (mais 3,0 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e de 20,0% (mais 5,6 milhões de pessoas) contra o mesmo trimestre de 2019.

 

PNAD Covid-19 IBGE
A população ocupada ficou estimada em 81,7 milhões de pessoas
(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)


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Mais de 79 milhões de pessoas estão fora da força de trabalho

A população na força de trabalho, que ficou fixada em 95,5 milhões de pessoas, caiu 3,2% (menos 3,2 milhões) frente ao trimestre anterior e 10,1% (menos 10,7 milhões de pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2019. 

Já a população fora da força de trabalho (79,1 milhões de pessoas) foi recorde da série, com altas de 5,6% (mais 4,2 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 21,9% (mais 14,2 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado, sem contar os trabalhadores domésticos, estimado em 29,1 milhões, foi o menor da série, caindo 6,5% (menos 2,0 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e de 12,0% (menos 4,0 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019. 

O número de trabalhadores domésticos (4,6 milhões de pessoas) é o menor da série, caindo 9,4% (menos 473 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 27,5% (menos 1,7 milhão de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.

O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (8,8 milhões de pessoas), caiu 5,0% (menos 463 mil pessoas) em relação ao trimestre móvel anterior e 25,8% (menos 3,0 milhões) ante o mesmo trimestre de 2019. O número de trabalhadores por conta própria (21,5 milhões de pessoas) também caiu em ambas as comparações: menos 894 mil entre março e maio de 2020 e menos 2,8 milhões de pessoas frente ao período de junho e agosto 2019.

A taxa de informalidade chegou a 38,0% da população ocupada (ou 31,0 milhões de trabalhadores informais). No trimestre anterior, a taxa foi 37,6% e, no mesmo trimestre de 2019, 41,4%.

O rendimento médio real habitual (R$ 2.542) no trimestre terminado em agosto subiu 3,1% frente ao trimestre anterior e 8,1% contra o mesmo trimestre de 2019. A massa de rendimento real habitual (R$ 202,5 bilhões) caiu 2,2% (menos R$ 4,6 bilhões) frente ao trimestre anterior e 5,7% (menos R$ 12,3 bilhões) contra o mesmo trimestre de 2019.

Setores de alojamento e alimentação perderam mais vagas 

A pesquisa PNAD Covid-19 apresentada nesta sexta, 30, também traz dados referentes aos setores que perderam mais vagas entre março e maio de 2020. De acordo com os publicação, a população ocupada diminuiu em oito dos dez grupamentos de atividades analisados. Confira! 

  • Indústria: 3,9%, ou menos 427 mil pessoas;
  • Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: 4,7%, ou menos 754 mil pessoas;
  • Transporte, armazenagem e correio: 11,1%, ou menos 507 mil pessoas;
  • Alojamento e alimentação: 15,1%, ou menos 661 mil pessoas;
  • Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: 3,3%, ou menos 337 mil pessoas;
  • Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: 4,4%, ou menos 740 mil pessoas;
  • Outros serviços: 11,6%, ou menos 510 mil pessoas; e 
  • Serviços domésticos: 9,4%, ou menos 477 mil pessoas.

É importante destacar que houve aumento no grupamento de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, o que representa um crescimento de 2,9%, ou mais 228 mil pessoas. Já o setor de construção apresentou estabilidade.

No que se refere ao comparativo com o trimestre de junho a agosto de 2019, não houve crescimento em nenhum setor. Nove dos dez grupamentos tiveram redução na ocupação:

  • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: 4,3%, ou menos 366 mil pessoas;
  • Indústria: 13,4%, ou menos 1,6 milhão de pessoas;
  • Construção: 19,0%, ou menos 1,3 milhão de pessoas;
  • Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: 13,6%, ou menos 2,4 milhões de pessoas;
  • Transporte, armazenagem e correio: 16,6%, ou menos 803 mil pessoas;
  • Alojamento e alimentação: 31,4%, ou menos 1,7 milhão de pessoas;
  • Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: 6,2%, ou menos 657 mil pessoas;
  • Outros serviços: 22,5%, ou menos 1,1 milhão de pessoas; e
  • Serviços domésticos: 27,5%, ou menos 1,7 milhão de pessoas. 

Apenas o grupamento administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais mostrou estabilidade. 

 

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