Câmara dos Deputados retoma votação do TRF6 nesta quarta, 26
A Câmara dos Deputados retomou nesta terça-feira, dia 25, a votação sobre a criação do TRF6, com sede em Minas Gerais.
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Publicado em:25/08/2020 às 21:00
Atualizado em:25/08/2020 às 21:00
A Câmara dos Deputados retomou a votação do projeto de criação do TRF6 na tarde desta terça-feira, dia 25. Apesar de ter sido descartado o requerimento do partido Novo para retirada da pauta da sessão, a discussão deverá ser retomada nesta quarta-feira, dia 26.
Isso porque após cinco horas a sessão foi finalizada. Uma nova sessão chegou a ser iniciada, mas problemas técnicos com a plataforma Zoom motivaram o adiamento da discussão.
A pauta recebeu apoio de diversos parlamentares, especialmente os da banca mineira. O projeto surgiu a partir da Emenda Constitucional 73, de 2013, que autorizou a criação de tribunais regionais federais (TRFs) sediados em Minas Gerais, Paraná, Bahia e Amazonas.
Dentre os motivos apontados como justificativa para a escolha de Belo Horizonte (MG) como sede do novo Tribunal Regional Federal, foram citados:
Minas Gerais é o quarto estado com maior extensão territorial do país;
Além disso, é o segundo estado mais populoso do país;
De 30% a 40% de toda carga processual do TRF1 é oriunda de Minas Gerais.
"O que vamos fazer é levar justiça com mais celeridade para milhares de pessoas que precisam, principalmente os mais pobres e necessitados",defendeu o relator da proposta, deputado Fábio Ramalho.
O relator reforçou que após a aprovação do TRF6, a bancada mineira prestará apoio à luta para que sejam criadas turmas avançadas na Bahia, no Paraná e no Amazonas.
Fábio Ramalho ainda apresentou um texto substitutivo que determina que a efetiva instalação do novo tribunal ocorrerá somente depois do fim do estado de calamidade pública, decretado por conta da crise provocada pela pandemia do novo Coronavírus.
Proposta para criação de novo TRF visa à redução da carga processual no TRF1
O Tribunal Regional Federal da 6º Região terá sede em Belo Horizonte e jusrisdição em Minas Gerais. O novo TRF funcionará como um desdobramento do TRF1.
A ideia é diminuir a carga processual do Tribunal Regional Federal da 1º Região, que atualmente abrange outros 12 estados mais o Distrito Federal. A Justiça Federal brasileira é composta por cinco Tribunais Regionais Federais, distribuídos da seguinte forma:
TRF1: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins e o Distrito Federal;
TRF2: Rio de Janeiro e Espírito Santo;
TRF3: São Paulo e Mato Grosso do Sul;
TRF4: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;
TRF5: Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Embora tenha recebido muitos apoios, o projeto provocou opiniões divergentes. O deputado Diego Andrade (PSD MG) classificou este como um projeto inteligente, porque não sugere a criação de novos cargos, mas reorganiza a estrutura de pessoal já existente.
Já o deputado Subtenente Gonzaga (PDT MG) aproveitou para defender a necessidade dessa votação:
"Não é um projeto que trata sobre a calamidade pública provocada pela pandemia, mas trata de outra calamidade, a da ausência de Justiça para a população de Minas Gerais. Esse projeto que beneficia não só o estado de Minas, mas os outros 13 estados que terão uma votação mais ágil de seus processos", ressaltou.
Entre os opositores, foi levantada a questão se, de fato, não haverá aumento de despesa com a criação de um novo Tribunal Regional Federal.
"Avaliamos que a criação de um TRF em meio à pandemia é inoportuno. Na última semana mantivemos o veto ao reajuste do salário dos servidores até o fim de 2021, visando, justamente, a não ampliação de gastos públicos", destacou o deputado Marcel Van Hattem (Novo RS).
O relator, Fábio Ramalho, afirmou que o novo TRF será mais barato em relação aos já existentes, especialmente por conta de sua estrutura.
“Temos que fazer, inicialmente, um tribunal enxuto e diferenciado, que seja um laboratório de pequenos custos. Será um tribunal digital, cujo prédio será o da própria Justiça Federal, cujos servidores serão os da Justiça Federal, demonstrando que nós temos que enxugar os gastos da Justiça”, explicou.
O deputado Odair Cunha (PT MG) concordou que não haverá aumento nas despesas para Justiça Federal: “o projeto faz uma reorganização administrativa dentro da Justiça Federal. Há extinção de cargos de juízes substitutos e também extinção de varas na primeira instância. Portanto, o projeto não cria despesa nova; trata-se de uma reorganização”, ressaltou.
Para resolver o impasse sobre a questão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sugeriu a criação de uma nova emenda. Essa especificaria que os gastos referentes aos seis Tribunais Regionais Federais para o próximo ano sejam limitado, apenas, pelo crescimento da inflação. Dessa forma ficaria garantido que não haverá aumento de despesa para a Justiça Federal com a criação do TRF6.
“Se não vai ter aumento de despesa, poderia haver uma emenda determinando que o gasto de todos os tribunais no próximo ano será o gasto deste ano, corrigido pela inflação apenas”, opinou Maia.
A emenda foi apresentada pelo líder do Novo, deputado Paulo Ganime (Novo-RJ), mas foi recusada pelo relator da proposta. Segundo Fábio Ramalho, “a criação do TRF está dentro do teto de gastos”. No entanto, há um destaque para que o tema seja retomado após a votação do texto-base
Quando a pauta for retomada, os parlamentares discutirão a proposta e votarão as emendas apresentadas ao projeto. Após aprovação na Câmara dos Deputados, a proposta será encaminhada ao Senado Federal, onde o texto poderá ser aprovado originalmente ou na forma de um substitutivo. Somente após a aprovação nas duas Casas, que o PL seguirá para a sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Criação do TRF6 pode acarretar na realização de um novo concurso público?
O TRF6 terá em sua composição 18 juízes, cujos cargos serão criados a partir da conversão de postos vagos de juiz federal substituto da1º Região, além de 200 cargos em comissão. Além disso, para preenchimento das vagas nesses novos tribunais, a ideia é que sejam convocados aprovados em concursos para outros órgãos do Poder Judiciário.
No entanto, uma emenda especifica que caso o concorrente não aceite tomar posse no TRF6, isso não poderá implicar na sua exclusão ou perda de posição na lista dos aprovados. Devendo esse continuar figurando a lista de classificação na mesma posição anterior à convocação para assumir vaga junto ao TRF da 6ª Região.
A ideia é que difernetemente de outros TRFs, o Tribunal Regional Federal da 6º Região conte com sistemas informatizados, que tornem os processos mais ágeis e eficazes. Também será feita uma reorganização da primeira instância, englobando:
Racionalização dos serviços mediante a aglutinação de varas e de juizados especiais;
Criação de secretarias únicas por competência;
Compartilhamento de estruturas administrativas com o segundo grau.
Ainda assim, futuramente é possível que seja realizado um novo concurso público para complementação dos quadros do novo tribunal. Deverão ser abertas seleções para áreas de apoio e magistratura.