Em junho de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a nova Lei de Cotas, que amplia a reserva de vagas em concursos públicos federais para 30% e estabelece novas regras para cotas raciais.
Com a nova legislação, os concursos públicos da Administração Pública Federal, incluindo órgãos, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, devem prever as seguintes reservas de vagas:
- 25% para pessoas negras;
- 3% para indígenas; e
- 2% para quilombolas.
Além disso, deve ser mantida a reserva de 5% para Pessoas com Deficiência (PcD), conforme legislação específica.
Os reflexos da nova lei podem ser vistos no Censo dos Concursos 2025, material produzido pelo Qconcursos, que traça o retrato sobre quem estuda para carreiras públicas no Brasil.
De acordo com o Censo, que ouviu mais de 13 mil concurseiros, 52,91% se declaram pretos ou pardos. Outros 43,96% são brancos, 1,52% são amarelos, 0,35% são indígenas e 0,11% são quilombolas.
As pessoas pretas e pardas representam a maioria expressiva, mas que convivem com desvantagens econômicas quando comparadas aos demais grupos.
A renda familiar evidencia essa distância. Entre pessoas negras:
- 21,44% vivem com até um salário mínimo; e
- 44,26% estão entre um e três salários mínimos.
Somadas, essas faixas mostram que 65,7% dos candidatos negros estudam com renda de até três salários mínimos. O que representa quase 17 pontos percentuais acima dos demais grupos.

Mais de 50% dos participantes do Censo dos Concursos se declararam pretos ou pardos
(Foto: Divulgação)
Já nas rendas mais altas, a desigualdade se acentua. Um pequeno percentual de negros alcança rendimentos acima de seis salários mínimos, proporção que chega a ser mais que o dobro entre candidatos não negros.
Por mais que o concurso público seja como uma via democrática de acesso ao serviço público, o ponto de partida é desigual. É nesse sentido que o Censo mostra que as cotas raciais são indispensáveis para reduzir distâncias históricas.
Crescimento de concursos com vagas para trans
Em 2025, também cresceu o número de concursos com reserva de vagas para pessoas transgênero.
O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE MG), por exemplo, abriu o primeiro concurso com vagas para pessoas transgênero. Ele foi o primeiro tribunal brasileiro a incluir essa cota.
Em outras instâncias, a cota para pessoas trans já é uma realidade. Desde 2021, o estado do Rio Grande do Sul tem um decreto que cria cota para pessoas transgênero nos concursos estaduais.
Dos dados coletados para o Censo dos Concursos 2025, 0,38% dos concurseiros são homens transgênero e 0,37% são mulheres transgênero. Há ainda 0,37% de não binários.
A carreira Policial aparece como a mais procurada dentro do grupo de pessoas trans e não binárias. Ela foi a carreira mais citada como a "dos sonhos".
A área Administrativa concentra o maior percentual de pessoas não binárias (46,67%), enquanto a Jurídica se distribui de forma equilibrada entre mulheres trans, homens trans e não binários.

Acessibilidade para PcDs e condições especiais avançam lentamente
Outro ponto que reforça a importância das políticas inclusivas é o acesso às provas. Apenas 8,74% dos candidatos solicitaram algum tipo de condição especial. Esse número pode indicar subnotificação ou barreiras ainda não superadas para a requisição de direitos.
Entre os solicitantes:
- 36,32% são pessoas com deficiência (PCDs);
- 24,91% são canhotos;
- 5,31% são lactantes;
- 2,79% são sabatistas; e
- 30,66% solicitaram outras adaptações.
Embora proporcionalmente pequeno, esse grupo revela demandas diversas que vão desde o básico, como mobiliário adequado, até necessidades estruturais de acessibilidade.
O que aponta que a inclusão em concursos não se limita apenas à reserva de vagas, mas também às condições reais de participação.
Censo dos Concursos revela um novo perfil dos concurseiros
O Censo dos Concursos 2025 mostra um panorama atualizado sobre quem está se preparando para ingressar no funcionalismo: um grupo mais diverso, com forte presença feminina, maior participação das classes populares e constante renovação entre os interessados.
A preparação segue robusta, porém mais adaptável, acompanhando mudanças no mercado de trabalho, no uso de tecnologia e no ritmo atual dos concursos.
O concurseiro de 2025 mostra-se mais heterogêneo e objetivo, buscando conciliar rotina pessoal, estudos e as expectativas de estabilidade e carreira no setor público.
ACESSE A VERSÃO COMPLETA DO CENSO DOS CONCURSOS AQUI!
O estudo também detalha temas como:
- organização da rotina de estudos;
- impactos emocionais da preparação;
- custos envolvidos;
- disciplinas de maior dificuldade;
- áreas mais concorridas;
- influência da Inteligência Artificial na jornada de preparação.

















