Com juros e pandemia, projeção para crescimento da economia diminui
Mercado diminui projeção para crescimento da economia em 2021. A expectativa para o PIB varia de 3,18% para 3,17%.
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Publicado em:05/04/2021 às 10:35
Atualizado em:05/04/2021 às 10:35
No início do ano algumas projeções para o crescimento da economia em 2021 eram mais positivas. Mas com os juros mais altos e o recrudescimento da pandemia, as expectativas precisaram se alinhar a uma realidade menos favorável.
Nesta segunda-feira, 5, saiu a pesquisa semanal divulgada pelo Banco Central, o boletim Focus. E os dados apontam que a previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira este ano caiu de 3,18% para 3,17%.
Segundo a Agência Brasil, esta já é a quinta semana seguida de redução da projeção do Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Em janeiro, o mesmo boletim projetava um crescimento de 3,41% do índice em 2021.
A boa notícia é que, para o próximo ano, a expectativa é que o PIB tenha um crescimento de 2,33%. Em 2023 e 2024, o mercado continua projetando expansão da economia em 2,50%.
Taxa de desemprego chegou a 14,2%
O desemprego também é um dos fatores macroeconômicos que indicam o desenvolvimento ou a recessão econômica do país. Ou seja, é um fator com grande impacto nas projeções do PIB.
Quando a taxa de desemprego está elevada, o consumo de produtos e serviços das famílias diminui. No curto prazo, isso desaquece os setores produtivos e ocasiona na demissão de mais trabalhadores.
Alinhado às novas projeções de crescimento do Banco Central, o desemprego no Brasil enfrenta um período nebuloso. De acordo com o IBGE, a taxa chegou em 14,2% no trimestre encerrado em janeiro.
Na prática, o desemprego já atingiu 14,3 milhões de brasileiros, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada na semana passada.
Essa é a maior taxa da série histórica já registrada para o período. No trimestre encerrado em dezembro, o percentual estava em 13,9% e o país somava 13,9 milhões de pessoas sem emprego.
Existem diversos fatores que contribuem para que tantos brasileiros estejam sem emprego agora. E com certeza a pandemia está entre eles, seja porque os empregadores têm menos recursos para manter seus empregados ou porque os postos estão sendo fechados.
Este segundo fator tem destaque, já que desde a deflagração da pandemia no Brasil, cerca de 716 mil empresas fecharam as portas no país temporariamente ou definitivamente, segundo dados do IBGE.
Do total desses negócios fechados, quatro em cada 10 (um total de 522 mil firmas) afirmaram ao IBGE que a situação deveu-se à pandemia.
Fora isso, empresas multinacionais que anunciaram a saída do mercado brasileiro vão gerar ainda mais desemprego. Nesta segunda-feira, 5, por exemplo, mais uma que entrou para o grupo das que encerram atividades no Brasil foi a LG.
Isso porque a sul-coreana vai encerrar operações mundiais no mercado de celulares e a medida deve afetar 400 funcionários da fábrica de Taubaté, no interior de São Paulo.
No início de janeiro, a montadora Ford também anunciou o encerramento da produção de veículos em suas fábricas no país em 2021. Neste caso, 5 mil empregos devem ser afetados em Taubaté e também em Camaçari, na Bahia, e em Horizonte, no Ceará.
Boletim Focus do BC aponta queda na projeção para o crescimento do PIB
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Projeção mantém Selic a 5% ao ano
Para a taxa básica de juros, Selic, as instituições financeiras consultadas pelo Banco Central mantiveram a projeção de 5% ao ano em 2021. Atualmente, a Selic está estabelecida em 2,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Para o fim de 2022, a estimativa do mercado é que a taxa básica suba para 6% ao ano. E para o fim de 2023 e 2024, a previsão é 6,50% ao ano e 6,25% ao ano, respectivamente.
A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para alcançar a meta de inflação. A expectativa do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial do país) é de 4,81%, o mesmo da semana passada.
Para 2022, a estimativa de inflação é de 3,52%. Tanto para 2023 como para 2024 as previsões são de 3,25%.
No caso do dólar, a expectativa do mercado é que a cotação ao fim deste ano seja de R$5,35. Para o fim de 2022, a previsão é que a moeda americana fique em R$5,25.