Em meio a tanta gente como chamar atenção e dar match no LinkedIn?
A gerente de Solução de Talentos do LinkedIn deu dicas para os candidatos se destacarem e para as empresas fazerem contratações mais diversas.
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Publicado em:29/09/2020 às 18:00
Atualizado em:29/09/2020 às 18:00
As marcas precisam aprender a dialogar. A afirmação é da gerente de vendas na área de Solução de Talento no LinkedIn, Suelen Marcolino, que também é fundadora do Black Inclusion Group (BIG) no Brasil, o comitê de diversidade da empresa.
O LinkedIn é uma rede social voltada para o mercado de trabalho, com o foco em construir sua marca profissional. O que o difere do currículo comum é que o usuário tem a oportunidade de mostrar quem ele é. Cada um tem a sua história e a ideia da plataforma é que você possa contá-la.
Essa iniciativa ajuda a empresa ter mais assertividade no recrutamento, na medida que o match de valores é facilitado. A ferramenta também ajuda a companhia a construir sua marca empregadora, ou seja, como ser mais atrativa para a aquisição de talentos - o chamado employer branding ou marca empregadora.
Talvez você não saiba, mas muito provavelmente já teve sua carreira influenciada pelo trabalho da Suelen. Além de atuar no match entre empresas e candidatos na plataforma, ela busca soluções para as empresas terem mais diversidade em seu quadro, ainda tão desigual no Brasil.
Para a especialista, falta não só gerar oportunidades, mas também entender as necessidades e saber ouvir os profissionais negros que já estão colocados dentro da organização.
Como funciona o BIG, comitê que atua em prol da diversidade
Fazer esse match entre empresa e candidato se mostrou insuficiente para um mercado que carrega consigo uma herança histórica de desigualdade. Por isso, em 2017, Suelen Marcolino participou da fundação do BIG, comitê criado para tirar do papel a política de diversidade que eles queriam promover.
“A gente não educa só em novembro porque a gente é negro o ano inteiro”, afirma Suelen Marcolino. “Para a gente que é negro, considerando o mercado de trabalho branco, masculino e heteronormativo, é normal enfrentarmos essa questão no dia a dia desde que saímos da barriga da mãe.”
A ideia principal do BIG é justamente essa: gerar inquietação ao trazer regularmente pautas como a falta de diversidade. As soluções são buscadas através de iniciativas como:
Parcerias com instituições
Educação e capacitação
Eventos internos
Repensar atitudes
Desconstruir estereótipos
Contratação de fornecedores negros (black economy)
Questionar ausências
Procurar furar bolhas
Eliminar vieses de contratação
Uma das maiores dificuldades que as empresas costumam ter é o diálogo com os funcionários negros que já estão dentro delas. A responsabilidade da empresa passa por cada indivíduo que a compõe. É preciso que todos questionem:
O status quo das coisas
Quantos funcionários negros tem
Qual a posição desses funcionários na hierarquia da empresa
Mais que isso, é necessário que de fato ouçam esses funcionários, suas necessidades e desejos. Ouvir aqueles que conseguiram se colocar profissionalmente mesmo com todas as dificuldades e como fizeram para conquistar a posição que têm hoje. Colocar em prática a expressão lugar de fala.
Outra ação de grande importância é a educação. A falta de acesso não é um problema de agora, mas de séculos, desde o fim da escravidão, quando os negros foram libertos mas não tiveram as mesmas oportunidades que os brancos.
“Isso não é preconceito, é uma ação de reparação histórica”, ressalta a fundadora do BIG. “Esses profissionais existem, mas isso foi um gap educacional de séculos. As empresas hoje precisam ter essa responsabilidade também.”
Boas práticas para um perfil no LinkedIn
A cada dois segundos, o LinkedIn tem um usuário novo. Chamar a atenção em meio a tanta gente não é nada fácil. Também especialista em fazer esse match entre candidato e recrutador, Suelen Marcolino deu algumas dicas para se destacar para a empresa dos seus sonhos:
Usar palavras-chave
Não usar termos, como "recolocação"
Também usar os termos em inglês para o seu cargo
Ser conciso
Frequência, consistência e constância no uso da ferramenta
Qualidade e não quantidade na rede de contatos
Preocupar-se com likes e curtidas
Usar o campo de resumo para falar da sua trajetória, não da sua experiência
Este último é um erro muito comum. Segundo Suelen Marcolino, é fundamental que no campo do resumo o usuário trate da sua trajetória e não das suas experiências profissionais, afinal elas têm o seu próprio campo mais abaixo na página.
Ela cita como exemplo um caso de um workshop que deu. Na ocasião havia um profissional de TI negro com experiência em capoeira.
O conselho que ela deu para ele foi usar essa experiência também na descrição do LinkedIn, ainda que não tivesse a ver a princípio com a sua profissão. Ela o aconselhou a fazer um recorte sobre o que a capoeira havia lhe ensinado que ele tivesse aproveitado em sua vida profissional.
A plataforma tem múltiplos usos. Especialmente nessa parte do resumo, Suelen Marcolino enfatiza que é a sua chance de mostrar sua individualidade e subjetividades.
O uso da ferramenta também é muito importante para o engajamento no seu perfil e se destacar como top voice. “Criação de conteúdo é uma das principais maneiras que você tem de chamar a atenção”, afirma a especialista.
Portanto, é aconselhável produzir conteúdo de qualidade voltado para uma rede de pessoas do seu mercado. Mas lembrando sempre que quantidade não é qualidade. Atente-se sempre ao que você escreve, pois quem você é como pessoa também diz muito sobre quem você é como profissional. O objetivo do LinkedIn é justamente fazer esse elo.