Concurso Barra dos Coqueiros SE: MP recebe 240 denúncias e intima banca
O Ministério Público de Sergipe pediu a manifestação do Cebraspe quanto às denúncias de irregularidade nas provas objetivas.
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Publicado em:06/11/2020 às 11:10
Atualizado em:06/11/2020 às 11:10
A semana foi marcada por muitas reclamações dos candidatos por conta da aplicação das provas do concurso de Barra dos Coqueiros SE. O Ministério Público de Sergipe recebeu mais 200 denúncias e intimou a banca organizadora.
Foram 240 denúncias recebidas na promotoria até a última quinta-feira, 5 de novembro. O empenho dos candidatos é justamente para pedir justiça quanto aos acontecimentos no dia do exame em alguns polos.
Em páginas do Instagram, por exemplo, houve mobilização dos candidatos para que fosse enviado o maior número de denúncias ao MP SE.
E na última quinta-feira, 5, também, o Ministério Público de Sergipe emitiu um despacho intimando o Cebraspe, a banca organizadora, a se manifestar sobre os questionamentos e relatos dos candidatos.
O Ministério Público deu um prazo de dez dias para a banca se manifestar sobre as ocorrências de:
aglomeração de pessoa nos locais de provas;
inobservância do distanciamento mínimo obrigatório entre os candidatos;
ausência de aferição de temperatura entre dos participantes do certame;
utilização de equipamento eletrônico pelos candidatos (relógios e celulares) dentro dos locais de realização das provas;
recusa de fiscal de prova em registrar reclamação de candidato em ata.
O Ministério Público ainda informa que o Cebraspe deverá, nesse mesmo prazo, apresentar as atas de realização de prova em que foram registradas reclamações, bem como as eventuais reclamações registradas diretamente ao Cebraspe.
MP SE pede manifestação do Cebraspe no concurso Barra dos Coqueiros SE
(Foto: Divulgação)
Cebraspe diz que manifestações são referentes a um caso isolado
Após diversas manifestações de candidatos, a reportagem da Folha Dirigida entrou em contato com o Cebraspe a fim de questioná-lo sobre as diversas denúncias de irregularidades,
A banca respondeu aos questionamentos dizendo que os relatos se tratam de um caso isolado, em um dos polos, e que o caso já está sendo apurado pela corporação.
Ainda segundo a banca, independentemente de qualquer situação os candidatos não serão prejudicados.
Confira a íntegra da nota enviada pelo Cebraspe à imprensa:
"O Cebraspe informa que as reclamações citadas pela reportagem são pontuais, referentes a aplicação em uma escola. Sobre o caso, o Cebraspe apura o atraso no início da aplicação e a utilização de procedimentos alheios aos determinados na capacitação promovida pelo Centro. O Cebraspe, ao tomar conhecimento do atraso no início da aplicação, enviou o coordenador-geral do evento ao local para retomar a organização do processo e dar início à aplicação, que transcorreu com tranquilidade para todos os candidatos que permaneceram para fazer a prova e nas mesmas condições que nos demais locais de aplicação, com a garantia da isonomia e do tempo de duração da prova e sem prejuízo aos participantes.
Sobre as aglomerações externas ao local de prova, informa-se que todos os protocolos sanitários para preservar a saúde de candidatos e colaboradores de aplicação foram adotados pelo Cebraspe, inclusive a determinação para a entrada dos candidatos por grupos, em horários pré-determinados, medida que busca evitar aglomerações. Além disso, cada um é agente responsável por evitar a transmissão do coronavírus e cada pessoa deve fazer sua parte respeitando estes protocolos."
É importante destacar que o novo cronograma do concurso, após a suspensão por conta da pandemia prevê que o resultado das provas deve sair até 24 de novembro pelo site do Cebraspe.
É válido destacar, ainda, que o Ministério Público de Sergipe chegou a instaurar procedimento extrajudicial por conta das reclamações recebidas sobre as condições de segurança sanitária para a realização do concurso.
Foram registrados pedidos de adiamento. Mas, no dia 30 de outubro, a 1ª Promotoria de Justiça da Barra dos Coqueiros foi a favor da manutenção das provas.
Veja alguns relatos de candidatos
"Foi uma total desorganização da recepção da escola ao fim da prova. Filas enormes, todos muito juntos e não teve distanciamento, fora o sol que estava. Os fiscais totalmente despreparados sem muitas informações para passar. Quando passava o horário, riscava com uma caneta preta e depois avisava que já havia se passado tantos minutos de prova. Uma fila enorme se formando e uma pessoa para dizer a sala que iria ser realizada a prova. Assim que soube saí procurando como uma louca a sala, porque muitas não tinham identificação na porta. A informação era que tinha que entrar de 13h30 às 13h45. Cheguei às 13h e consegui entrar às 13:50", disse uma das candidatas.
"Ela fez um traço com caneta vermelha e quando perguntava a hora ela dizia que não estava autorizada a falar a hora. Quando faltava uma hora para terminar a prova ela avisou. Então, questionei porquê ela não destacou os horários no quadro, porquê o traço que ela fez de caneta vermelha enquanto estávamos de cabeça baixa era impossível de ver. Muito estranho... nunca saí de um concurso com a sensação de que algo estava errado. Essa foi a primeira vez", disse outra candidata.