Concurso Ebserh: diretor de RH fala sobre convocações e novo edital

Diretor de Gestão de Pessoas da Ebserh fala sobre previsão de convocações do último edital e perspectivas para o próximo concurso da estatal

Autor:
Publicado em:05/08/2020 às 06:55
Atualizado em:05/08/2020 às 06:55

Por enquanto novas convocações do concurso nacional ainda não foram realizadas, tendo em vista as restrições impostas pelo Governo. No entanto, a estatal já está se movimentando para torná-las possíveis.

De acordo com Barbosa há, além da LC 173/2020, um parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional que determinou que a Administração Pública só poderia contratar novas pessoas efetivas se fosse para reposição de vagas abertas a partir do dia 28 de maio de 2020.
 

Acesse o canal exclusivo para assinantes no Telegram


Acontece que o déficit de pessoal da Ebserh é anterior a essa data, desde o ano passado. O que a estatal tenta agora é pedir uma revisão desses pareceres e obstáculos jurídicos para que os hospitais possam ter reposição de pessoas, tendo em vista que prestam serviços de saúde.
 

“Como estávamos deficientes nos quadros desde o ano passado (e foi por isso que fizemos o concurso) a gente tem um déficit de pessoal que não pode se limitar às reposições a partir desta data (28 de maio). Então nós temos procurado a PGFN para a revisão desse parecer: ou para alargar esse marco temporal que foi imposto pela procuradoria ou para excetuar casos como o da Ebserh, que é uma empresa voltada para a saúde.” 


+ A Reforma Tributária e os impactos em concursos públicos
 

Hospitais do Rio já têm convocações efetivas planejadas


De acordo com Rodrigo Barbosa, o processo seletivo para temporários já resultou em 3.197 contratações. Só no Estado do Rio de Janeiro, mais de 200 profissionais estão atuando no atendimento da pandemia nos hospitais universitários.

Para o Antônio Pedro, em Niterói, a estatal contratou 139 pessoas temporárias, depois de fazer mais de 400 convocações. Já no caso do Gaffrée e Guinle, no bairro do Maracanã, foram convocadas 467 pessoas e contratadas 88.

O número de contratações efetivadas é sempre menor em relação às convocações, porque há as desistências e outros impedimentos para a contratação, como documentação incorreta, entre outros.
 

+ Concurso Senado concorrência: veja histórico do número de inscritos


Já no caso do concurso para efetivos, apesar de as convocações ainda não terem sido iniciadas, elas já estão sendo planejadas. Mesmo para aqueles cargos cujo edital previa somente a formação de cadastro de reserva, que o diretor de RH chama de ‘vaga zero’.

Das 1.660 vagas abertas no edital, seis eram para o Gaffrée e Guinle e 46 para o Hospital Antônio Pedro. Ambas as unidades também previam a formação de cadastro de reserva e essas convocações já estão no planejamento.

Para o primeiro, no Maracanã, deverão ser realizadas 21 contratações efetivas quando elas estiverem liberadas. Já para o Antônio Pedro, a previsão é que em uma primeira convocação, para os cargos que só tinham cadastro de reserva, seja no número de 41.
 

(Foto: Divulgação)
Diretor de Gestão de Pessoas da Ebserh dá o panorama do quadro
da estatal durante a pandemia (Foto: Divulgação)


Confira a entrevista na íntegra com o diretor de Gestão de Pessoas da Ebserh


FOLHA DIRIGIDA - Como tem sido a estratégia da Ebserh de combate ao Coronavírus, principalmente no que se refere à política de pessoal? O que vocês têm adotado?

Rodrigo Barbosa - A Rede Ebserh é muito grande, somos mais de 40 hospitais espalhados por todo o Brasil. Então a realidade dos hospitais são distintas.

Para ser bem sincero, em cada unidade tem sido adotada uma estratégia. Mas no geral o que eu posso dizer é que algumas ficaram na linha de frente, outras ficaram na retaguarda. Isso no começo da pandemia.

Com a evolução da doença, hospitais que antes estavam na retaguarda acabaram passando para a linha de frente, então teve que haver uma mudança também na nossa estratégia de atuação.
 

O que que nós fizemos: em um primeiro momento ordenamos o fechamento de todos os serviços que fossem eletivos. Por exemplo, ambulatório de dermatologia não tinha nada a ver com o atendimento para a Covid-19. Então nós determinamos que houvesse o fechamento daqueles serviços. Isso para evitar que pacientes fossem aos hospitais e incorrendo em maior risco de contaminação. E também para evitar que nossos profissionais ficassem no ambiente hospitalar sem que houvesse necessidade.


+ Concurso PF agente administrativo: como se preparar para a prova?
 

Com esses serviços fechados, nós determinamos que os hospitais fizessem uma realocação de pessoal, se houvesse compatibilidade. Ou seja, que funcionários que antes trabalhavam nas áreas fechadas, fossem realocados para outras, inclusive área de Covid-19. 

Mas nem todos os serviços eletivos puderam ser fechados como, por exemplo, o Hospital da Univasf, em Petrolina. Ele é um hospital porta aberta para trauma. Recebe muita gente de acidente, sobretudo acidente automotivo, e continua aberto.

Aqueles outros profissionais que não havia necessariamente espaço ou necessidade de atuação imediata deles, foram colocados em casa como reserva técnica.

A gente tem visto muita rotatividade. Muita gente de licença, muita gente que adoeceu, que precisava entrar em licença. E, para suprir isso, podemos contar com esse pessoal que estava em casa a título de reserva técnica. 
 

FOLHA DIRIGIDA -  Quais foram a estratégias da empresa para dar conta tendo o número de profissionais suficiente? Priorizou-se temporários ou também houve chamada de efetivos?

Rodrigo Barbosa - Lançamos um processo seletivo exclusivamente para a Covid-19, porque tivemos um aumento dos leitos, tanto de enfermaria quanto de UTI, exclusivamente para o atendimento da doença.
 

Em muitos casos se fez necessária a contratação de profissionais em números que nós não tínhamos. Posso fazer referência aqui especialmente a médicos plantonistas, enfermeiros, intensivistas, entre outros. Então fizemos esse processo seletivo para poder continuar oferecendo e ampliar a oferta de serviços para o tratamento de pacientes com Covid.


+ Concurso PC RJ inspetor: tópicos semelhantes ao concurso PC PR
 

Mas esses profissionais que foram convocados pelo processo seletivo em nada se relacionam com as vagas que estão reservadas para efetivos. Nós recebemos uma autorização do Ministério da Economia para contratar 6.381 temporários a mais. As duas coisas (temporários e efetivos) não se misturam.

Eventualmente um candidato do processo seletivo que passou no concurso poderia assumir a vaga temporária e depois, havendo convocação pelo concurso, poderia assumir uma vaga efetiva.

Mas que eu quero dizer é o seguinte: uma coisa não se relaciona com a outra. Foram nos dadas 6,3 mil vagas a mais, exclusivamente para contratos temporários. 
 

FOLHA DIRIGIDA - Vocês já ocuparam essas mais de 6 mil vagas ou ainda há gente para ser convocada?

Rodrigo Barbosa - Na verdade temos feito isso com muita parcimônia. A gente examina em hospital por hospital a real necessidade e ainda consideramos a disponibilidade de infraestrutura: a unidade tem leito montado? Tem equipamentos?

Se tiver, a gente faz o edital de convocação em número adequado. Para não correr o risco de termos leitos, mas não termos pessoal. Ou de termos pessoal sobrando e não termos leitos.
 

O que nós temos hoje: 3.197 contratados temporários. Portanto aproximadamente a metade do que foi autorizado. Mas nós já fizemos, para se ter uma ideia, quase 12 mil convocações. Porém o que acontece é que muitos não têm a documentação correta e há também as desistências etc. Então já fizemos quase 12 mil convocações, mas contratamos efetivamente 3.197 temporários.


+ Concurso MPU: menores notas de técnicos classificados em 2018
 

FOLHA DIRIGIDA - Até quando os contratos temporários vão?

Rodrigo Barbosa - Enquanto estiver valendo o decreto de emergência de saúde pública nós poderemos contratar.
 

FOLHA DIRIGIDA - Quantos efetivos do concurso foram convocados?

Rodrigo Barbosa - O que aconteceu com o concurso foi o seguinte: nós tomamos todas as providências ano passado para começar a contratação esse ano (2020).

Ocorre que o Ministério Público ingressou com uma Ação pedindo que a Ebserh contratasse primeiro as Pessoas Com Deficiência (PCD). Nós recorremos.

Porque entendemos que precisamos, evidentemente, das pessoas com deficiência, mas se nós contratássemos de uma vez só o número de PCDs que estavam exigindo, a gente só iria contratar PCD. E iríamos prejudicar as pessoas da concorrência ampla.
 

Existe uma legislação que determina que empresas como a nossa tenham em seus quadros 5% de PCDs. Nós ainda não alcançamos esse número, mas não porque não queremos. Aliás, nós temos uma empresa que é muito aberta e muito respeitadora desses direitos, até porque somos uma empresa de saúde. 


+ Superintendente aguarda melhor momento para concurso Aneel


Mas acontece que nós fazemos o concurso, as vagas são disponibilizadas para pessoas com deficiências, porém muitas vezes não há inscritos em número suficiente ou não há contratação possível, seja por falta de documentação ou uma série de fatores que afetam a contratação desses PCDs. Razão pela qual, com muita frequência, nós ficamos abaixo do que gostaríamos na contratação desse pessoal. 
 

O que a decisão judicial nos impunha era a efetiva contratação imediata de todos os PCDs do último concurso. Mas lembro que em muitos casos, para muitas vagas, sequer há concorrência de pessoas com deficiência. Então esse foi um problema que nós enfrentamos. 


Respondendo objetivamente a pergunta, nós tivemos essa demanda judicial e já contratamos. Fizemos a convocação de 131 pessoas com deficiência, estamos avançando naquilo que a Justiça nos determinou fazer.

Mas em paralelo a isso houve a publicação da Lei Complementar nº 173/2020, que nos proíbe a realização de contratações em algumas circunstâncias.

A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional emitiu uns pareceres que determinaram que a Administração Pública só poderia contratar novas pessoas efetivas se fosse para reposição de vagas abertas a partir do dia 28 de maio de 2020.
 

Como estávamos deficientes nos quadros desde o ano passado (e foi por isso que fizemos o concurso) a gente tem um déficit de pessoal que não pode se limitar às reposições a partir desta data.


Então nós temos procurado a PGFN para a revisão desse parecer, ou para alargar esse marco temporal que foi imposto pela procuradoria ou para excetuar casos como o da Ebserh, que é uma empresa voltada para a saúde. 
 

FOLHA DIRIGIDA - Sobre a inauguração do novo hospital do Amapá. Essas restrições nas contratações vão afetar a abertura da nova unidade? A composição desse quadro?

Rodrigo Barbosa - No caso do Amapá a situação é mais séria ainda. Como é um quadro novo, aí determinadamente não poderemos convocar, não da maneira como as coisas estão postas no dia de hoje.
 

FOLHA DIRIGIDA - Terminando a crise de saúde pública, será realizado um concurso para esse hospital?

Rodrigo Barbosa - A gente tem que superar todos os obstáculos jurídicos que foram postos para lançar o edital do Amapá. Os trabalhos internos já estão praticamente todos feitos. A partir da suspensão desses obstáculos jurídicos a gente já pode lançar o edital.
 

FOLHA DIRIGIDA - Essa nova unidade seria inaugurada no início de 2021. Com a pandemia esse prazo será adiado?

Rodrigo Barbosa - Sim, terá que ser adiada porque não temos como abrir o hospital sem funcionários. Infelizmente, por enquanto sem previsão, tendo em vista o atual quadro, como estamos hoje.
 

FOLHA DIRIGIDA - Como estão as convocações dos hospitais do Rio de Janeiro?

Rodrigo Barbosa - No Estado do Rio nós temos o Gaffrée e Guinle, no Maracanã, e o Antônio Pedro, em Niterói. No processo seletivo temporário do Antônio Pedro nós contratamos 139 pessoas (convocamos 404).

Já no caso do Gaffrée e Guinle convocamos 467 pessoas e temos 88 contratados temporários. 

No concurso para efetivos nós tivemos, no conjunto dos hospitais, 1.660 vagas abertas. Mas não podemos sair contratando de imediato, fazemos isso por blocos para fazer a correta absorção pelos hospitais.
 

Mas tivemos, por exemplo, para o Gaffrée e Guinle seis vagas e usamos também o instrumento de vaga zero (cadastro de reserva), no qual fazemos a contratação havendo a demanda e orçamento (dentro do prazo de validade). Para o vaga zero (cadastro de reserva) tivemos um planejamento de 21 contratações para o hospital.


Agora para o Antônio Pedro, tivemos uma previsão no edital de 46 vagas, mas tínhamos 30 “vaga zero” e conseguimos fazer um cálculo para uma primeira convocação no número de 41.
 

FOLHA DIRIGIDA - Que mensagem você deixa para quem deseja trabalhar na estatal?

Rodrigo Barbosa - Eu convido de maneira muito feliz os concorrentes, ou melhor, todos os profissionais de saúde do Brasil a ingressarem na rede. Nós estamos em um momento de aparar arestas e aprumar os rumos.

A Ebserh viu seus hospitais crescerem em número significativo, pulamos de 0 para 40 hospitais em oito anos. Éramos, até pouco tempo atrás, a maior rede hospitalar do Brasil.

Perdemos agora essa posição para uma rede privada, que começou a fazer fusões e comprou outras unidades, mas hoje somos a segunda maior rede de hospitais do Brasil.
 

Agora estamos dando uma congelada nessa expansão para aperfeiçoarmos nossos métodos e serviços e trazermos melhora naquilo que oferecemos. Essa melhora já pode ser constatada: no mês passado a CGU publicou um relatório que apontou os hospitais da Ebserh como a rede que recebeu maior número de manifestações positivas, dentre todos os órgãos do governo federal. Isso revela nossa disposição para promover a melhoria da nossa rede.


É evidente que ela não é feita de tijolos, equipamentos, nem remédios. A nossa rede é o nosso corpo funcional. Evidente que também encaramos problemas, mas a grande maioria é de profissionais comprometidos com os serviços de saúde que são prestados.