Conheça o policial rodoviário que já realizou um parto na viatura

Conheça a história do policial rodoviário federal Aguiar, que já presenciou um parto e revela como a PRF é importante em sua atuação.

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Publicado em:29/01/2020 às 12:30
Atualizado em:29/01/2020 às 12:30

Muita gente quando ouve a palavra 'polícia' ou 'policial' pensa logo na luta e combate ao crime, seja qual for. No entanto, a missão de um servidor público dessa área vai muito além disso e tem muita ligação com a segurança e bem-estar de todo o cidadão.

E para que isso aconteça, são muitos desafios no dia a dia que a profissão apresenta. Mas, que, ao concluí-los, deixa aquela famosa sensação de dever cumprido.

As lembranças e cada reconhecimento são as melhores recompensas dadas ao servidor da área policial. Ainda mais quando você, além de salvar, tem a chance proporcionar o nascimento de uma vida.

O policial rodoviário federal S. Aguiar, como é conhecido na corporação, revela que é servidor público há 20 anos e está há cinco atuando na Polícia Rodoviária Federal - a PRF.

Com lotação na unidade operacional de Bongaba, em Magé-RJ, ele revela que otpou pelo serviço público, primeiramente, pelo desafio, mas, sobretudo, por poder ajudar a sociedade e ser um exemplo a ser seguido.

"Ser servidor além de ser esse ato nobre ao mesmo tempo é transformador, você poder praticar o bem tirar uma pessoa de uma condição ruim e proporcionar para ela segurança. Na PRF, a nossa principal missão é garantir segurança com cidadania e fortalecer os que estão mais necessitados. Isso engrandece não só a pessoa, mas também o servidor, pois consigo fazer com que a pessoa esteja fora de perigo, esteja com seu problema solucionado e isso é o que engrandece a nossa atividade, com o retorno de gratificação."

Um caso inusitado: o parto na viatura!

Sabe aquelas situações na vida que você pensa "isso nunca vai acontecer comigo" e acaba que acontece? Deve ter sido esse o pensamento de Aguiar após ter presenciado um dos casos mais inusitados nesses cinco anos de PRF.

Ele revelou a história e contou detalhes de como foi ter um parto tendo sido feito dentro de sua viatura. Segundo ele, o 'final feliz' foi digno de um filme e a melhor sensação foi poder ter visto tudo ocorrer como previsto e a criança ter vindo ao mundo cheia de vida.

O policial conta que se lembra como hoje o desfecho dessa história. Após o nascimento, a mãe e o bebê foram levados ao hospital para a realização dos procedimentos necessários.

Logo depois, houve o reencontro com a equipe policial, o que tornou a situação ainda mais gratificante, ainda mais pelo fato de ter pego a criança no colo, segundo Aguiar.

"Nesse momento, pude perceber que ali era uma vida que estava em risco dentro da viatura e nós realizamos o nosso dever funcional, além das prerrogativas", disse o policial.

'O nome dela é Vitória'

Aguiar conta que esse caso aconteceu em 2016, quando realizava a fiscalização de trânsito na Niterói Manilha BR-101.

Uma senhora saiu de um carro a procura da polícia e chamava por socorro, pois o trânsito estava lento e ela precisava que sua filha chegasse ao hospital de uma forma mais rápida. Segundo ela, o parto já era iminente e não dava pra aguardar.

Ele explica que a solução mais comum seria a PRF abrir o caminho e dar passagem ao carro, por meio de escolta. Mas, devido ao risco e a gravidade da situação que deixou a grávida exposta, decidiram por colocá-la na viatura com o giro ligado para tentar, de fato, abrir o trânsito.

O principal objetivo ali era fazer com que ela chegasse na maternidade com a maior brevidade possível. Essa, segundo ele, foi uma decisão da equipe. Mas, infelizmente, não deu tempo de chegar ao hospital a tempo de realizar o parto - que aconteceu dentro da viatura.

A criança nasceu no banco traseiro. Aguiar revela que toda a experiência foi única para ele e todos os seus colegas, pois não é algo comum em sua rotina. Ele revela que ao mesmo tempo que se tornava estranho era gratificante ter uma vida nascentro ali - de forma inusitada.

"Isso nos encheu completamente de orgulho, ainda mais porque quando fomos convidados a visitar a criança depois que ela estava fora de risco e já tinha passado pelos critérios de avaliação médica. A cena preciosa de pegar a criança ao colo e dizer que ela faz parte da família PRF é muito gratificante."

Aguiar conta ainda que a mãe decidiu colocar o nome da filha de Vitória, pois ali pode perceber que a polícia existe de fato e que jamais imaginaria que pudesse ter sido esse o desfecho da situação. 

"Ela falou para a gente que nunca imaginaria que a policia poderia dar um socorro, um suporte dessa magnitude, 'minha filha nasceu dentro de uma viatura eu estou muito grata a equipe policial especialmente a Policia Rodoviária Federal que prestou todo o suporte' foi muito gratificante",  relata o policial contando as palavras ouvidas.

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O olhar da sociedade para o policial

O policial revela que, atualmente, esse olhar não é dos melhores. No dia a dia, ele percebe que a sociedade enxerga o servidor como sendo aquela pessoa "encostada" pelo estado, recebendo vários benefícios sem fazer praticamente nada em troca ou por isso. 

Aguiar conta que dentro da instituição há um controle de tudo, frequência, produtividade, e que não é simplesmente achar que passar em um concurso público vai adquirir a estabilidade e terá a vida ganha.  'Não é por aí', revela o policial.

Segundo ele, a sociedade passa a enxergar de fato o que a profissão representa quando ( o policial) fica à disposição fardado, identificado, e produzindo o melhor que pode pela sociedade. Para Aguiar, essa é a forma de reconhecer o trabalho, quando de pronto atendimento chegam, verificam a ocorrência e dão uma solução ao caso.

"A partir desse momento, aquela pessoa que foi abordada e estava necessitada passa a reconhecer o valor do policial. Mesmo com a demora, isso é gratificante para a gente. Eu tenho inclusive casos concretos que eu consigo comprovar essa realidade."

Mencionando um dos casos, ele conta sobre quando houve um incidente onde pessoas transitavam pela rodovia federal no período de férias. Esse grupo teve seu veículo abordado por alguns meliantes e acionou a Polícia Rodoviára Federal.

O servidor público explica que estava presente nessa equipe, que conseguiu solucionar o problema de prontidão. Os criminosos, segundo ele, estavam armados e fariam ali quatro vítimas que estavam vindo de Minas Gerais para passar as festas de final de ano em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. 

Aguiar conta que de imediato realizaram o dever funcional da PRF, mas não sabiam quantos estavam armados, nem qual tipo de armamento.

Todavia, tinham em mente o único e decisivo dever de de proteger a sociedade. As vítimas foram salvas, o veículo recuperado e uma das pessoas relatou ao policial que se não fosse a presença policial o desfecho teria sido diferente.

"A partir daquele momento ela parou para pensar e viu que por causa da Policia Rodoviária Federal, na figura dos agentes, ela teve a vida dela protegida e a sensação de gratidão, de realmente saber que a polícia existe e que, se precisar, ela vai agir em prol da sociedade."

Aguiar afirma que ser servidor público já é um ato nobre, e ser servidor público policial proporciona um pouco mais de responsabilidade social, pois há uma preocupação com uma vida que vai além da sua.

Ele comenta que o fato de poder proporcionar os direitos básicos de segurança é o que mais motiva: o direito de ir e vir, trafegar pelas rodovias federais sabendo que vai chegar ao seu destino, fazer a prevenção de acidentes. Segundo ele, tudo isso faz parte do dia a dia da carreira e torna o policial ainda mais importante para a sociedade.

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A mudança de vida após a aprovação

A aprovação em um concurso público é, de fato, o sonho de todo futuro servidor. Uma coisa que todos constumar ter em comum após conseguir essa vitória e ingressar no cargo público é a mudança de vida.

Sem soberba, a vida de um concursado não é a mesma de um candidato, ainda mais no que diz respeito a remuneração - um dos principais atrativos, sem contar a estabilidade. 

Aguiar revela que depois de se tornar policial rodoviário muitas coisas mudaram, mas ele considera que a parte remuneratória poderia ser mais valorizada, tendo em vista que lidam com a vida todos os dias. Ele cita também a estabilidade, após cumprir o período probatório, além do reconhecimento de parentes e amigos.

"Tem também o reconhecimento social, de parentes e amigos, que falam 'olha hoje eu tenho um vizinho, eu tenho um amigo, eu tenho um sobrinho, tenho um Policial Rodoviário Federal presente na minha vida na sociedade'. Quando nos colocamos nessa posição e as pessoas reconhecem, percebo o valor de ser um policial rodoviário, sei que é algo muito bom para a sociedade e se é bom para a sociedade está sendo bom para mim de forma mútua."

Ele cita que a rotina de trabalho de um PRF não chega nem perto daquela imagem que as pessoas têm, que criam de que o servidor público tem uma vida pacata e com molezas. 

"Hoje eu exerço atividade policial operacional de 24 horas no trecho, primeiro combatendo o crime e fazendo a prevenção dos acidentes, além de também proteger a sociedade. O grande desafio depois que eu me tornei servidor foi enxergar que faço parte da sociedade e passo a encarar aquele cidadão como sendo a minha própria pessoa necessitada, desamparada e querendo uma ajuda."

Ele revela que tem muito orgulho de ser servidor e da função que exerce, inclusive de atuar na Polícia Rodoviária Federal. Segundo ele, tudo começou com um sonho e acabou com a possibilidade de tê-lo realizado. 

Gratidão é a principal palavra que o define, além de ser orgulhoso pelo cargo que ocupa e zela. Ele garante que acima de tudo faz cumprir todas as leis sobre os quesitos da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

A preparação até o sonhado cargo público

Aguiar revela que a jornada foi bem longa até o ingresso na PRF, passando por uma prova onde a concorrência foi de mais de 100 mil candidatos, em um concurso que visava preencher apenas mil vagas. Eram pouco mais de 100 candidatos para uma vaga, em nível nacional.

Ele afirma que tudo isso exigiu dele muita dedicação, responsabilidade, empenho e fez com que ele buscasse compreender e entender todo o conteúdo que estava sendo proposto pela banca examinadora.

Em sua rotina de estudos, optou por um curso preparatório e depois foi aprimorando todo o conhecimento adquirido com videoaulas, além de ter obtido a ajuda de PDF's, avaliando sua preparação como autodidata. Ele revela que essa parte é muito individual, e cada um deve seguir de acordo com a sua realidade.

O policial fala ainda que nesta época de preparação, por muitas vezes, bate o desânimo, a vontade de parar, o achar que não vai valer a pena. No entanto, indica para todos que a persistência é a melhor decisão a ser tomada. E que o sonho, a vocação e a dedicação farão com que você supere todos esses obstáculos da vida para por em prática a vontade de vencer.

"A minha mensagem é essa. Se você tem um sonho e se tem a vocação para ser um policial rodoviário federal lute por ele. Por vezes eu achava que não poderia ser policial por me achar com o nível intelectual insuficiente, capacidade física insuficiente. Mas, com o tempo, você ganha o ritmo, você ganha o preparo, você se dedica e realmente coloca em pratica tudo aquilo para que você foi forjado para ser um PRF. Força, foco e fé que a vitória é certa."