Mercado de estágio deve reaquecer em meados de julho
Segundo empresas recrutadoras, a pandemia provocou queda de 80% no número de vagas
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Publicado em:03/06/2020 às 06:00
Atualizado em:03/06/2020 às 06:00
Os números de casos do novo Coronavírus seguem crescendo no país. Segundo o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, o Brasil ainda não chegou ao pico da transmissão. Enquanto isso, o mercado de trabalho e, principalmente o de estágio, segue registrando queda no número de vagas.
Mas será que o número de oportunidades de estágio 2020 não voltará a crescer ainda este ano? Como os estudantes que sonham em ingressar no mercado de trabalho podem se preparar ou devem lidar com a pandemia?
Essas e outras questões foram apresentadas por FOLHA DIRIGIDA a dois especialistas da área de Estágios: a gerente de treinamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Yolanda Brandão; e o diretor da Cia de Estágios, Tiago Mavichian.
Segundo eles, antes da pandemia do novo Coronavírus, o mercado de estágios era promissor para este ano. No entanto, com a situação de emergência em todo o país, tanto o Nube quanto a Cia de Estágios registraram queda no número de vagas.
"Antes do início da pandemia, em janeiro, o mercado de estágios estava aquecido. No primeiro trimestre, nossa expectativa era de 44,6 mil novas oportunidades para os jovens. Seria um aumento de 14,1% em relação ao mesmo período de 2019", revelou Yolanda Brandão.
Segundo Tiago Mavichian, entre fevereiro e março deste ano, a média de vagas de estágio estava em torno de 380 novos postos. Já no Nube, semanalmente, eram abertas, em média, 5.500 oportunidades.
Como fica o mercado de estágio no pós-pandemia?
Atualmente, o Nube tem registrado cerca de 700 vagas de estágio, por semana. No entanto, muitas destas oportunidades não são novas, mas sim remanescentes, segundo a gerente de treinamento.
A queda de 80% no número de vagas no Nube também foi sentida pela Cia de Estágios. Segundo Tiago Mavichian, foram registradas menos 35,4% vagas no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2019.
Mas como fica o mercado de estágio 2020 no pós pandemia? De acordo com Yolanda Brandão, o Nube trabalha com uma previsão de retomada para meados de julho - quatro meses de início das quarentenas propostas pelos estados.
"Então agosto terá entre 50% a 70% das vagas do início de março. Daí em diante, voltaremos a ter até 80% das vagas de antes da crise ao longo de 2021", revela a gerente.
Na Cia de Estágios, no entanto, ainda não é possível falar sobre a retomada do mercado de estágios em 2020. No entanto, a empresa acredita que áreas voltadas à Inovação, Tecnologia, Alimentação e Saúde tendem a ser mais procuradas no pós-pandemia.
"Será necessário um novo modelo de trabalho, mais dinâmico, online e rápido", explica Tiago Mavichian.
Já a gerente de Treinamento da Nube revela que o ramo Administrativo deve contratar mais por ser um curso versátil e necessário em praticamente todas as empresas.
"O setor de Tecnologia também está e deve permanecer em alta, principalmente com o uso do home office. Muitas empresas precisaram se adaptar rapidamente e isso mostrou algumas fragilidades e necessidade de mais investimento", afirma.
O Brasil ainda possui muitos estados e municípios em quarentena. Sem o retorno das atividades, se preparar para uma vaga de estágio em 2020 pode ser um desafio para muitos estudantes.
No entanto, tanto o Nube quanto a Cia de Estágios revelam que saber aproveitar este momento pode ser decisivo em um processo seletivo. Segundo Yolanda Brandão, é preciso ter calma e compreender que esse é um momento sem precedentes na história recente e que demanda a necessidade de adaptação.
"Os jovens, portanto, precisam prioritariamente cuidar de sua saúde mental e também ajudar as pessoas próximas a fazer o mesmo. Estabelecer uma rotina - horário para acordar, estudar, cuidar das tarefas de casa - dormir bem, se possível realizar alguma atividade física podem proporcionar maior bem estar", orienta.
Segundo ela, estabelecer um plano de estudo, aproveitar para ler, aprimorar um idioma ou um conhecimento específico também pode contribuir para a inserção no momento da retomada de vagas de estágio.
"A pandemia acelerou muitas mudanças as quais vinham acontecendo de forma lenta, mas progressiva. Preparar-se para o futuro, portanto, implica olhar para a carreira. Onde quer chegar? Qual o lugar no mundo pretende construir para si? Ao refletir sobre a carreira, se compreende quais habilidades são necessárias à profissão ou trabalho almejado, permitindo traçar estratégias para desenvolvê-las", esclarece.
Yolanda Brandão revela ainda que muitos jovens têm perguntado se é possível planejar a carreira em um cenário pandêmico, no qual não temos clareza como será o futuro. A resposta é: sim, é possível.
"Poucas vezes na história recente fomos tão impelidos à reflexão. Portanto, aproveitar esse momento para estabelecer um projeto de carreira e traçar planos de ação para concretizá-lo pode ser bastante proveitoso", diz.
Já Tiago Mavichian afirma que existem vagas abertas e processos acontecendo. Segundo ele, a dica é não desanimar, continuar buscando e aproveitar esse momento para se preparar melhor!
"Nunca houve, como hoje, tantas plataformas abrindo conteúdos de educação de qualidade e gratuitamente ao mesmo tempo! Podemos focar na nossa formação! Lembre-se: o que você está fazendo agora na crise vai determinar seu pós-crise! Essa sem dúvida será uma pergunta que você terá que responder em uma futura entrevista de emprego", revela o diretor da Cia de Estágios.
Tanto Tiago Mavichian quanto Yolanda Brandão, acreditam que, neste período de crise, o ideal é realizar cadastros em sites de empresas e consultorias, buscar vagas por redes sociais (principalmente o LinkedIn) e fazer cursos online, por exemplo.
"Conhecer as plataformas com oferta de vagas, realizar os testes on-line com atenção e preencher adequadamente os perfis são ações capazes de aumentar as chances de recolocação", conclui Yolanda.