Gol firma acordo de trabalho inédito e pode ser referência no setor
Medida visa preservar empregos e o caixa da companhia na pandemia
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Publicado em:05/06/2020 às 13:40
Atualizado em:05/06/2020 às 13:40
A Gol Linhas Aéreas, maior companhia aérea nacional, aprovou um acordo coletivo de trabalho (ACT) inédito no setor que poderá, de acordo com a companhia, ser referência para outras empresas do mercado de aviação.
O objetivo principal é a preservação dos empregos e do caixa neste momento de pandemia causado pelo novo Coronavírus. Foi um mês de negociações com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) para chegar ao acordo.
O ACT começa a valer no próximo dia 1º de julho e vai até dezembro de 2021, totalizando 18 meses. Entre as medidas, estão um programa de desligamento voluntário e de redução compulsória da jornada de trabalho.
Até setembro do ano que vem, 412 pilotos e 750 comissários deverão estar trabalhando em meio período. A partir de outubro, esses números caem para 330 pilotos e 600 comissários.
Antes do programa de jornada parcial, outros programas voluntários de licença não remunerada, demissão e aposentadoria também serão abertos. Em caso de a empresa entrar com pedido de recuperação judicial, os termos da licença não remunerada voluntária ficam revogados.
De acordo com a Gol, os principais anseios foram atendidos: permitir a estabilidade de empregos, flexibilidade - ou seja, a capacidade de resposta rápida à recuperação das operações - e manutenção do caixa a curto e médio prazos.
A empresa tem previsão de chegar ao final de 2021 com os aviões voando 28% menos horas que antes da crise, mas com uma redução de pilotos e comissários de 10%.
Acordo inédito visa preservar estabilidade de empregos e flexibilidade
Os tripulantes associados da Gol Linhas Aéreas aprovaram três propostas do Acordo Coletivo de Trabalho, apresentadas pela companhia: para comissários, copilotos e comandantes.
As votações, realizadas on-line nos últimos dias 3 e 4 de junho, foram independentes por função. O ACT dos comissários foi aprovado com 1.778 votos a favor (80,1%) e 441 votos contrários (19,9%).
Já a proposta para os copilotos teve 641 votos a favor (94,5%) e 37 votos contrários (5,5%). Por fim, o ACT dos comandantes registrou 600 votos a favor (90,5%) e 63 votos contrários (9,5%).
O pacto abrange 926 comandantes, 964 copilotos e 3.262 comissários de bordo. Celso Ferrer, vice-presidente de Operações da Gol, lembrou que a empresa já passou por outras crises e tem preparação para enfrentar momentos como esse:
"Durante a trajetória da Companhia, esse mesmo time atuou em diferentes cenários, ora favoráveis e às vezes muito desafiadores, inclusive em fortes crises, como as de 2008 e 2015. Em todos os casos, conseguimos superar e surpreender os que estavam ao nosso redor. Somos uma empresa forte, unida e robusta, e reconhecida como uma das melhores equipes da aviação brasileira, com o mais baixo custo e um modelo de negócios simples, adaptável e com a flexibilidade necessária para navegar no nosso setor."
A Gol espera que, ao retomar completamente as operações no setor aéreo, tenha preservado um quadro de colaboradores “que já atua de forma séria, coesa e na mesma direção.”
Atualmente a companhia tem 1.890 pilotos e 3.262 comissários, mas está operando com cerca de 10% da capacidade, de 750 a 800 voos diários. A partir do dia 10 de junho, a oferta passa para 100 voos diários.