Greve dos Correios: maioria dos funcionários já voltou ao trabalho
A maior parte dos funcionários dos Correios que aderiram à paralisação parcial no último mês já retornaram às atividades. Confira!
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Publicado em:23/09/2020 às 15:20
Atualizado em:23/09/2020 às 15:20
Na última terça-feira, dia 22, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Similares (Fentect) divulgou uma nota com orientações aos trabalhadores dos Correios sobre a greve. A Federação informa sobre a decisão do julgamento do Tribunal Superior do Trabalho em relação ao assunto.
O TST aprovou, no último dia 21, um reajuste de 2,6% para os trabalhadores dos Correios. Os ministros entenderam que a greve não foi abusiva, como a empresa sugeria em dissídio coletivo iniciado no dia 17 de setembro.
De acordo com a decisão, metade dos dias de greve será descontada do salário dos empregados, enquanto a outra metade deverá ser compensada. A volta das atividades para os funcionários que aderiram à paralisação ficou marcada para a última terça-feira, dia 22.
Ficou acordado, ainda, que caso os funcionários não retornem aos postos de trabalho, a categoria poderá sofrer multa diária de R$100 mil.
Para a Fentect, a decisão do TST deixa claro o alinhamento do judiciário com a política de retiradas de direitos dos trabalhadores.
"Diante disso, após uma análise profunda de todos os acontecimentos, a FENTECT acredita que a greve foi vitoriosa no sentido da construção da unidade da classe trabalhadora. Esse movimento, que aconteceu nesses últimos 35 dias, mostrou toda a força na organização dos trabalhadores e resistência aos ataques sistemáticos, tanto por parte do governo federal, quanto do judiciário", destacou.
Correios ainda contará com apoio de empregados da área administrativa
A Federação orientou os sindicatos filiados a retornarem ao trabalho e a realizarem assembleias para a retomada das atividades ainda na terça-feira, dia 22. A Fentect reforçou que "recorrerá dessa decisão em todas as esferas possíveis para tentar reverter esse quadro."
Segundo uma nota divulgada pelos Correios, a maior parte dos funcionários que haviam aderido à greve já retornaram ao trabalho na terça-feira. O sistema de monitoramento da empresa apontou que 92,7% dos empregados dos Correios já estavam trabalhando normalmente.
Com a compensação das horas não trabalhadas, a empresa pretende ampliar a capacidade operacional do plano de continuidade do negócio e normalizar o mais rápido possível o fluxo de entregas de cartas e encomendas, em todo país.
O Correios ainda informou que mutirões de entrega continuarão sendo realizados com o apoio dos empregados das áreas administrativa e operacional.
Correios concordou com a retomada de 29 cláusulas do acordo coletivo
A greve, que durou pouco mais de um mês, teve início em resposta à posição do Supremo Tribunal Federal (STF) em suspender o acordo coletivo firmado com os funcionários da estatal.
Inicialmente, o acordo teria um prazo de vigência de um ano, com término marcado para 2021. Com a revogação, 70 cláusulas que previam alguns direitos aos funcionários foram revogadas, como:
30% do adicional de risco;
Vale-alimentação;
Licença maternidade de 180 dias;
Auxílio-creche;
Indenização de morte;
Auxílio para filhos com necessidades especiais;
Pagamento de adicional noturno; e
Horas extras.
Na segunda, o Correios ofereceu a retomada de nove cláusulas, como plano de Saúde e auxílio-alimentação, e outras 20 cláusulas sociais, que não representam custos extras à estatal. Outras 50 cláusulas previstas no antigo acordo coletivo de trabalho permanecem canceladas.
Fentect e sindicatos seguirão lutando contra privatização
Outro ponto destacado na nota publicada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Similares foi sobre a privatização:
"Sabemos que muitas lutas virão pela frente como a batalha contra a privatização dos Correios, que já está na ordem do dia. Por isso, este é um momento de reflexão, aglutinação, e sobretudo de recuperar todas as nossas forças para enfrentar as próximas lutas que estão por vir."
O risco de privatização da estatal também foi um dos motivos para a realização da greve. O presidente Jair Bolsonaro já havia afirmado, em maio deste ano, que os Correios está entre as possíveis empresas públicas que vão entrar no rol da desestatização pretendida pela equipe.
O governo só deve avançar com essa agenda após o fim da pandemia. Na ocasião, Bolsonaro comentou sobre a dificuldade de aprovar a pauta no Congresso Nacional:
"Estamos sim buscando privatizar muita coisa, mas não é fácil. Tem empresas que obrigatoriamente passam pelo Congresso, vai ter reação", disse.
O presidente também citou que estatais consideradas estratégicas, não serão vendidas. Entre elas: Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o "núcleo" da Petrobras e a Casa da Moeda.