Greve dos Correios: atividades paralisadas por tempo indeterminado

Fentect anuncia greve dos correios em todo o país por tempo indeterminado. Funcionários querem melhores condições de trabalho.

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Publicado em:18/08/2020 às 09:18
Atualizado em:18/08/2020 às 09:18

Na noite da última segunda-feira, dia 17, a Federação Nacional dos trabalhadores em Empresas de Correios e Similares (Fentect) anunciou uma paralisação em todo o país. A greve dos Correios será por tempo indeterminado. 

A paralisação teve início às 22h do dia 17, para locais que possuem terceiro turno e às 00h desta terça-feira, dia 18, nas demais unidades. Os trabalhadores reivindicam melhores condições de trabalho e se manifestam contra a privatização da estatal.

Um dos fatores que motivaram o início da greve dos correios foi a revogação do acordo coletivo, firmado com os funcionários, justamente, para evitar possíveis paralisações. O combinado era que o acordo tivesse um prazo de vigência de um ano, com término marcado para o dia 31 de julho de 2021.

Segundo a Fentect, foram retiradas 70 cláusulas que previam alguns direitos como:

  • 30% do adicional de risco;
  • Vale-alimentação;
  • Licença maternidade de 180 dias;
  • Auxílio-creche;
  • Indenização de morte;
  • Auxílio para filhos com necessidades especiais;
  • Pagamento de adicional noturno; e 
  • Horas extras. 

A Federação também denunciou o descaso com a saúde dos trabalhadores durante a pandemia do novo Coronavírus.

De acordo com a Fentect, a federação e seus sindicatos acionaram a justiça para garantir equipamentos de segurança, álcool em gel, testagem e afastamento dos funcionários pertencentes ou que coabitam com pessoas do grupo de risco e aqueles com crianças em idade escolar. 

O secretário geral da Fentect, José Rivaldo da Silva, avalia que a retirada de direitos e a precarização da empresa é uma das estratégias do Governo Federal e da direção dos Correios para a privatização.

“O governo busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios. Somos responsáveis por um dos serviços essenciais do país, que conta com lucro comprovado, com áreas como atendimento ao e-commerce, que cresce vertiginosamente, e funciona como importante meio para alavancar a economia. Privatizar é impedir que milhares de pessoas possam ter acesso a esse serviço nos rincões desse país, de Norte a Sul, com custo muito inferior aos aplicados por outras empresas”, declarou. 

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Correios
Greve nos Correios: funcionários iniciam paralisação nesta terça, 18
(Foto: Divulgação)

Sindicalistas já haviam se manifestado contra a privatização

Em agosto do ano passado, sindicalistas já apontavam a privatização dos Correios como um erro. Na época, os trabalhadores alegaram que o governo deveria buscar os recursos desviados do fundo de pensão Postalis e deixar de usar "mentiras e argumentos falaciosos" que induzam a opinião pública ao erro para justificar a privatização. 

Tais argumentos fazem parte do estudo feito pelo Ministério da Economia, que especifica os motivos para a venda da estatal. São eles:

  • Histórico de interferência política e corrupção;
  • Rombo de mais de R$11 bilhões no Postalis, fundo de pensão dos funcionários;
  • Postal Saúde com passivo atuarial de R$3,9 bilhões;
  • Greves constantes e má avaliação dos serviços pelos usuários;
  • Barreira logística para o pequeno empresário;
  • O ativo se tornará um passivo invendável;
  • Mesmo com imunidade tributária de R$1,6 bi ao ano, não paga dividendos ao Tesouro desde 2014;
  • R$21 bilhões adicionais no teto de gastos. 

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Bolsonaro voltou a falar da privatização dos Correios em rede social

No fim de maio o presidente Jair Bolsonaro, em sua tradicional transmissão pelas redes sociais, afirmou que entre as possíveis empresas públicas que vão entrar no roll da desestatização pretendida pela equipe, está os Correios.

No entanto, de acordo com o presidente, o governo espera avançar com essa agenda após o fim da pandemia.

Na mesma ocasião, Bolsonaro comentou sobre a dificuldade de aprovar esta pauta no Congresso Nacional: "Estamos sim buscando privatizar muita coisa, mas não é fácil. Tem empresas que obrigatoriamente passam pelo Congresso, vai ter reação", disse. 

O presidente ainda citou que estatais consideradas estratégicas, não serão vendidas. Entre elas: Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o "núcleo" da Petrobras e a Casa da Moeda.

Entretanto, no início do ano, o chefe do Executivo Federal havia declarado que não pode prejudicar os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Além disso, reconheceu que a privatização pode não ser realizada durante seu mandato.

O presidente lembrou, em sua fala, da decisão do Supremo Tribunal Federal (SFT), que determina que a venda de empresas-mães precisa ser aprovada pelo Legislativo, além do controle do Tribunal de Contas da União. Para Bolsonaro, essas ações são empecilhos para as privatizações. 

"Você mexe nessas privatizações com centenas, milhares, dezenas de milhares de servidores. É um passivo grande, você tem que buscar solução para tudo isso, não pode jogar os caras para cima, eles têm que ter as suas garantias. Você tem que ter um comprador para aquilo. É devagar, você tem o TCU com lupa em cima de você. Não são fáceis as privatizações", disse o presidente.