Guedes se diz frustrado e muda prazo de privatizações para 2021
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse estar frustrado por não conseguir realizar as privatizações prometidas em dois anos de governo.
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Publicado em:12/11/2020 às 10:05
Atualizado em:12/11/2020 às 10:05
Na última terça-feira, 10, em evento sobre desestatização promovido pela Controladoria-Geral da União (CGU), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou se sentir frustrado pelo fato de o atual governo estar há dois anos no poder e não ter realizado as privatizações previstas.
"Estou bastante frustrado de estarmos aqui há dois anos e não termos conseguido vender nenhuma estatal. É bastante frustrante", disse.
Ainda no mesmo dia, em transmissão ao vivo para o mercado financeiro internacional, Paulo Guedes disse que pretende privatizar, pelo menos, quatro empresas até dezembro de 2021.
O novo prazo ocorre após o governo, mais uma vez, não conseguir entregar as privatizações previstas. Em julho deste ano, Guedes disse que os planos para as quatro privatizações seriam divulgados em um período de "30, 60 a 90 dias". O que não ocorreu.
Ainda durante o evento, o ministro reclamou dos "obstáculos no campo político", repetindo que quem dá o timing das reformas são os políticos. No entanto, até o momento, apenas uma proposta de privatização chegou ao Congresso, a da Eletrobras.
"Há uma guerra política. Nós entregamos, e a oposição diz que nós não entregamos", disse.
Sobre o anúncio das quatro privatizações em três meses, disse que havia um acordo político para anunciá-las, mas que acabou não se concretizando. O ministro, no entanto, não esclareceu com quem esse acordo teria sido negociado ou os seus termos.
Sem privatizações, Guedes viu 'debandada' na Economia
Em agosto deste ano, o ministro da Economia anunciou os pedidos de demissão dos secretários especiais de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, e de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel.
O chefe da pasta da Economia afirmou que houve uma 'debandada'. Na ocasião, Guedes disse que as saídas não iriam afetar o andamento das reformas.
"Se me perguntarem se houve uma debandada hoje, houve […] Nossa reação à debandada que ocorreu hoje vai ser avançar com as reformas", afirmou.
De acordo com Paulo Guedes, o secretário Sallim Mattar afirmou que estava insatisfeito com o ritmo das privatizações.
"O que ele me disse é que é muito difícil privatizar, que o establishment (ordem ideológica, econômica e política do país) não deixa a privatização, que é tudo muito difícil, tudo muito emperrado", declarou Guedes.
O ministro, no entanto, disse que o governo continuaria com o objetivo de fazer as privatizações em até 60 dias. No entanto, como anunciado na última terça, 10, o prazo agora é até dezembro de 2021.
Com a saída dos secretários em agosto, chegou a sete o número de integrantes da equipe econômica que deixaram o governo desde o ano passado. Além dos dois, já haviam saído:
Marcos Cintra (ex-secretário da Receita Federal, demitido)
Caio Megale (ex-diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda)
Mansueto Almeida (ex-secretário do Tesouro Nacional, que pediu para sair)