Home office deve crescer 30% mesmo com o fim do isolamento social

Confira empresas que vão continuar no modelo ao fim da pandemia e seus motivos

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Publicado em:17/07/2020 às 11:00
Atualizado em:17/07/2020 às 11:00

A pandemia do novo Coronavírus trouxe  transformações catastróficas para a sociedade como um todo. No mundo do trabalho, milhares de empresas brasileiras, por exemplo, fecharam as portas, deixando muitos trabalhadores desempregados.

Por outro lado, a necessidade de promover o distanciamento social, permitiu que algumas mudanças no mercado de trabalho fossem adiantadas. Estamos falando da adoção do home office, adotado em boa parte do cenário corporativo.

E a expectativa é de que o trabalho remoto continue crescendo. De acordo com pesquisa do professor e diretor-executivo da Infobase, e coordenador do MBA em Marketing e Inteligência de Negócios Digitais da FGV, André Miceli, o trabalho no formato home office, ou teletrabalho, deve crescer 30% na pós-pandemia.

“O home office já se mostrou efetivo. Aliado a isso, você tira carros da rua, desafoga o transporte público, mobiliza a economia de outra forma. E você faz com que as pessoas tenham mais tempo para cuidar da saúde delas e que elas possam usufruir de coisas que lhe dão prazer sem que você tenha uma redução das entregas e do faturamento", comenta.

Para o pesquisador, estamos vivendo uma realidade que não tem mais volta e que, ainda antes da pandemia, o mercado de trabalho já tinha condições de lançar mão do trabalho presencial.

"Mostra-se visível que a pandemia do Coronavírus antecipou uma realidade que muito, provavelmente, vivenciaríamos em dois ou três anos, ou até menos, pois que antes mesmo deste triste episódio já tínhamos ferramentas tecnológicas para o desempenho de atividades em home office", questiona.

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Pandemia acelerou em dois ou três anos a adoção do home office nas empresas
(Foto: Pixabay)

 

Empresas decidem adotar o home office mesmo no período pós-pandemia

De olho neste cenário, muitas empresas e profissionais, após experimentar o trabalho remoto, pretendem continuar atuando neste modelo de produção.

A Xerpa, criadora do Xerpay, aplicativo que permite que o trabalhador acesse o seu salário referente aos dias já trabalhados, está funcionando remotamente desde o dia 16 de março.

Nesta semana, depois de uma pesquisa interna, a startup anunciou que todos os seus funcionários terão a livre escolha de trabalhar no modo remoto após o fim da quarentena. Entre 77% dos colaboradores há o desejo de permanecer em home office mesmo quando o isolamento acabar. 

"Decidimos que, assim como oferecemos liberdade financeira aos colaboradores das empresas que são nossas clientes, queremos oferecer essa liberdade e autonomia para os membros do nosso time, para que eles possam escolher a forma que mais se encaixe na rotina deles. E claro, estaremos em constante aprendizado sempre, abertos à sugestões e ajustes", diz John Delaney, COO da Xerpa.

Assim, eles vão poder escolher entre três planos de trabalho: trabalhar todos os dias remotamente, de onde quiser; ou a semana toda no escritório, como já era feito antes da pandemia; ou ainda, um meio termo, trabalhar de dois a três dias na empresa, e o restante em casa.

Já a Mobly, startup focada no mercado de móveis e itens de decoração, adotou o regime de home office permanente. De acordo com a empresa, tal decisão vai permitir, inclusive, a ampliação da sua capacidade de contratação, reduzir custos e oferecer mais conforto aos colaboradores. 

Em levantamento feito entre eles, oito em cada dez disseram preferir o home office. Principais motivos? O modelo traz  a vantagem da redução drástica do tempo de deslocamento até o trabalho, aumento da qualidade de convivência familiar e da economia com despesas de alimentação.

Dos 600 profissionais que compõem o quadro da empresa, metade vão receber suporte para montar estações de trabalho em casa, além da possibilidade de usufruir de um novo espaço físico de apoio, localizado na zona sul de São Paulo.

"Manteremos uma rotina de encontros pessoais das áreas e teremos muito mais eventos corporativos (sejam de treinamento, informativos ou sociais). Assim, nossas relações ficarão ainda mais fortes", explica Victor Noda, CEO founder da Mobly.

Focada em manter o ritmo de contratação, a startup está com oportunidades de emprego e estágio nas áreas de Tecnologia, Planejamento comercial, Expansão e gestão de franquias, Marketing e Logística.

Os interessados podem consultar as vagas disponíveis e se candidatar pelo site da Mobly.

Na mesma tendência, 98% dos trabalhadores da TIM querem manter a rotina de home office no pós-pandemia, com a opção de trabalhar de casa pelo menos uma vez na semana. 

"Os indicadores reforçam a inovação e a agilidade presentes em nossa cultura organizacional e ressaltam que há uma oportunidade em relação ao smart working, algo que as empresas já estão avaliando no mundo pós-pandemia. Seguiremos com o suporte necessário para que os colaboradores continuem no desafio de conciliar as atividades remotas com a rotina das famílias no isolamento social", explica Maria Antonietta Russo, VP de Recursos Humanos da TIM Brasil.

E, mais uma vez, a qualidade de vida salta aos olhos dos colaboradores, que listam benefícios, como o fim das horas perdidas em engarrafamentos, economia, mais segurança, proximidade com a família e possibilidade de inserir outras atividades na rotina.

Quando se fala em produção, 72% dos colaboradores se sentem tão ou mais produtivos quanto antes. Para os líderes, o home office, de fato tem sido produtivo: 96% dos gerentes e diretores afirmam que o engajamento de seus times se manteve, melhorou ou melhorou muito. 

Desde de 20 de março, 7,5 mil funcionários estão em trabalho remoto, incluindo os profissionais do call center próprio e das centrais de monitoramento de rede. Apenas lojas próprias em regiões que foi iniciada a reabertura gradual, estão abertas, seguindo as orientações de prevenção à Covid-19.