Hotelaria retoma atividades e investe em profissionais temporários
De acordo com o Banco Nacional de Empregos (BNE), o setor hoteleiro oferece, atualmente, 710 vagas de trabalho. Oportunidades temporárias estão em alta.
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Publicado em:05/11/2020 às 12:00
Atualizado em:05/11/2020 às 12:00
Com a flexibilização do isolamento e, consequentemente, a reabertura do comércio, alguns setores da economia começam a dar os primeiros passos em busca da recuperação. É o caso do ramo de hotelaria, que volta a se preparar para este segundo semestre, principalmente por conta do verão.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Santa Catarina, no mês de setembro, as reservas cresceram mais de 50% comparadas com o restante do ano. De acordo com o Banco Nacional de Empregos (BNE), o setor de hotelaria oferece, atualmente, 710 vagas de trabalho.
Portanto, essa é uma excelente oportunidade para quem está em busca de uma recolocação profissional após o longo período de crise. Marcelo de Abreu, presidente do BNE explica que as vagas no setor hoteleiro têm demonstrado uma tendência de crescimento em relação a 2019.
"Essa modalidade de contrato faz com que os hotéis consigam suprir demandas emergenciais, como o aumento repentino motivado por feriados ou para a substituição dos trabalhadores afastados por causa da Covid-19. Dessa forma, os hotéis conseguem ganhar fôlego financeiro com as despesas da folha de pagamento, e ainda tem a possibilidade de efetivar, sem custo de seleção, os trabalhadores temporários que se destacaram."
Para Kaio Carvalho, gestor do Hotel Palm Beach na praia dos Ingleses, em Florianópolis, a retomada do comércio é importante principalmente agora com as temperaturas elevadas.
"A expectativa é grande para que até o fim do ano consigamos estabilizar o nosso mercado. Para a retomada, estamos apostando no trabalhador temporário, pois apesar de estarmos próximos do verão, ainda vivemos momentos de incertezas e esta modalidade de contratação temporária pela lei 6.019/74 é rápida e flexível para os negócios", explica.
Setor de hotelaria começa a mostrar recuperação pós-pandemia
(Foto: Pixabay)
Turismo apresenta crescimento, mas os números ainda são inferiores aos do início do ano
No mês de setembro, o faturamento do setor de hotelaria cresceu 28%, em comparação com agosto, e atingiu R$12,8 bilhões - o melhor mês desde o início da pandemia, em março. Os dados são do Índice Cielo de Vendas do Turismo da CNC (ICV-Tur-CNC), pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em parceria com a Cielo.
De acordo com o indicador, as atividades turísticas viveram o seu pior momento em abril, quando atingiram o chamado "fundo do poço", com faturamento de aproximadamente R$4,1 bilhões. O número é o mais baixo da série histórica, iniciada em 2017, e queda de 66,4%, no comparativo com março.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca que as medidas de combate à covid-19, como o fechamento de fronteiras e o isolamento social, afetaram fortemente os negócios considerados não essenciais, sobretudo relacionados ao Turismo.
"A partir de maio, o faturamento do setor passou por um processo de recuperação mês a mês, devido a inúmeros fatores, como o maior número de pessoas nas ruas, o aumento da confiança dos consumidores, além das estratégias digitais adotadas pelas empresas", afirma.
Apesar do crescimento apresentado em setembro, os números ainda estão distantes dos registrados no início do ano: R$20,4 bilhões, em janeiro; R$17,8 bilhões, em fevereiro; e no mesmo mês de 2019, R$19,9 bilhões.
Antonio Everton, economista da CNC responsável pela pesquisa, ressalta que a diminuição das vendas em janeiro e fevereiro e, principalmente, a intensa queda em março e abril fizeram com que as taxas de evolução do faturamento do Turismo indicassem uma forte recuperação desde maio.
"Como o nível de comparação acabou ficando muito baixo, estas elasticidades mensais na casa de dois dígitos podem confundir a interpretação dos fatos econômicos", explica, reforçando que a crise provocada pela pandemia imprimiu perdas históricas ao setor.
Já Alexandre Sampaio, que é diretor da CNC responsável pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da entidade, chama a atenção para o fato de que as empresas estão operando com um volume de vendas muito aquém das possibilidades de produção. "Os danos causados aos negócios pela pandemia colocam o setor como o mais afetado e, ao que tudo indica, o que levará mais tempo para se recuperar", avalia.
Entre os quatro principais grupos turísticos analisados pelo ICVTur-CNC, o de Hospedagem e Alimentação registrou o maior volume de vendas em setembro, com R$8,533 bilhões. O conjunto de atividades ligadas ao segmento respondeu por aproximadamente 66,7% do faturamento do turismo no período.
De acordo com Antonio Everton, o elevado nível de vendas foi puxado pelas atividades de Restaurantes e Similares (R$6,637 bilhões) e Hotéis e Similares (R$1,516 bilhão). "Isoladamente, o segmento de refeições fora de casa tem sido o maior entre as atividades turísticas pesquisadas", indica o economista da Confederação.