Mercado tem vagas de estágio represadas e vacina é esperança para retomada

A pandemia do novo Coronavírus afetou o mercado de trabalho e, consequentemente, as contratações de estagiários. Por conta desse cenário de incertezas, muitas empresas decidiram congelar essas vagas, mas elas existem e precisarão ser preenchidas posteriormente. 

Segundo Tiago Mavichian, CEO e fundador da Companhia de Estágios, o primeiro semestre no ano passado foi marcado pela queda no número de vagas. Já na segunda metade do ano, as empresas viram que não dava para ficar sem estagiários e o digital trouxe segurança para novas contratações.

"De setembro em diante, o mercado mudou. As companhias se adaptaram à nova realidade de trabalho remoto e entenderam que não fazia sentido abandonar os programas de estágio. Com isso, as oportunidades que estavam represadas voltaram com força na reta final de 2020, causando um reaquecimento nas contratações."

Tiago conta que observou um aumento significativo na oferta de vagas em todo o país e para todos os cursos. "Agora, por conta do lockdown mais forte em todo o Brasil, já começamos a perceber de novo alguns cancelamentos de processos seletivos. Tivemos uma queda grande nas últimas semanas."

Entre os meses de fevereiro e março deste ano, a Companhia de Estágios estava com mil vagas em sua plataforma. Atualmente, esse número caiu para 600 vagas. Isso foi um resultado de que vagas foram preenchidas e novas não entraram, pois as empresas estão segurando."

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Além disso, o CEO explica que algumas oportunidades que tinham sido abertas foram congeladas. O cenário da pandemia afeta diretamente nas contratações e, por isso, a retomada desse mercado está dependendo da vacina e na queda no número de casos de Covid-19.

"A esperança das empresas está na vacinação. Quanto antes isso ocorrer e os casos diminuírem, vai haver flexibilização e aos poucos tudo vai voltando e devemos ter uma retomada das vagas", afirma.

Neste momento, as empresas estão decidindo postergar os seus processos seletivos. Por enquanto, segundo Tiago, ainda é uma percepção inicial e os impactos maiores podem acontecer daqui a um ou dois meses. 

No entanto, a Companhia de Estágios tem expectativa pela retomada de vagas ainda neste ano. "Esperamos manter a média de 4 mil vagas este ano. Por mais que as empresas congelem seus processos seletivos, depois, elas retomam."

"Além disso, como os estágios são por dois anos ou um ano, as empresas precisam contratar uma nova pessoa para a vaga, havendo efetivação ou não. Elas não podem ficar muito tempo sem contratar ou correm o risco de ficar sem uma pessoa nessa vaga", completa.

Quais áreas com maior contratação de estagiários?

Assim como no mercado de trabalho em geral, a área de Tecnologia da Informação é uma das que mais crescem. Consequentemente, nos programas de estágios, há uma alta na procura por estudantes de cursos de tecnologia. 

"O aumento da busca por estudantes de tecnologia reflete a realidade atual do mercado, onde há mais vagas de TI abertas do que candidatos para ocupá-las", explica Tiago. Contudo, atualmente, a Companhia de Estágios tem maior volume de oportunidades nas seguintes áreas:

• Administração;
• Ciências Contábeis, Economia e Finanças;
• Comunicação, Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Marketing;
• Direito;
• Engenharias;
• Farmácia e Química;
• Logística
• Psicologia;
• Tecnologia da Informação.

Para quem quer conquistar uma vaga de estágio, o especialista explica que o filtro técnico continua sendo valorizado, porém, antes disso, o recrutador vai olhar para aspectos como história de vida, valores e comportamentos. "As soft skills — competências sociais e emocionais — são muito valorizadas no mundo corporativo."

Uma das mudanças que a pandemia trouxe nos processos de recrutamento e seleção foi a possibilidade de estágio 100% digital. "Isso, claro, mantendo as regras que a lei exige: acompanhamento do estagiário através de reuniões e relatórios, atividades compatíveis com a área de formação e respeitando a carga horária."

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No último ano, a área de Recursos Humanos precisou passar por mudanças. De uma hora para a outra, muitos processos precisaram ser feitos de forma remota, o que acelerou a digitalização de muitos processos. 

"Com a digitalização acelerada, os RHs passam a ter ainda mais acesso a informações. Os dados estão organizados e sobra mais tempo, que antes era dedicado para atividades operacionais", pontua. Segundo Tiago, os avanços tecnológicos tornam muitas das práticas de RH mais eficazes.

"Quando colocada em prática, a inteligência artificial aumenta em 80% a assertividade dos perfis profissionais, levando para as próximas etapas da seleção pessoas alinhadas ao propósito e aos valores da companhia, o tal fit cultural. Porém, uma coisa que gosto de reforçar é que mais do que ter uma tecnologia, precisamos saber usá-la."

Diversidade e Inclusão

Para o CEO da Companhia de Estágios, as empresas que querem ter programas de entrada (como os de jovem aprendiz, estágio e trainee) mais diversos precisam começar conscientizando e sensibilizando as equipes.

"Olhar só para processos seletivos, sem enxergar o todo, é um dos principais erros que se pode cometer — amenizam-se os sintomas em vez de tratar a causa", afirma. 

Por isso, algumas mudanças internas podem impactar positivamente todos os níveis hierárquicos de uma companhia. Tiago conta que empresas que mais obtiveram sucesso em diversidade e inclusão desdobraram o tema em ao menos quatro frentes:

1. Ampla comunicação, com palestras de conscientização, vídeos, lembretes em totens, banners e e-mails para ''colocar o tema em discussão'';

2. Criação de grupos de afinidade com colaboradores engajados e interessados em colaborar com temas como diversidade racial e equidade de gênero, por exemplo. O objetivo é promover o debate dentro da organização e propor ações estratégicas: treinamentos internos, rodas de conversa, participação em eventos, entre outras.

3. Envolvimento do RH em todas as intake meetings (reuniões prévias de alinhamento do perfil de uma nova vaga) para que as decisões de R&S sejam coerentes com as políticas de diversidade, flexibilizando requisitos e o que for necessário para que a inclusão aconteça.

4. Treinar e preparar os líderes (um trabalho contínuo) para que garantam a integração dos novos talentos, permitindo que possam exercer todo seu potencial. As avaliações de performance e desempenho vão acontecer e é importante dar espaço e ferramentas para que sejam ouvidos e atuem em pé de igualdade com todos os funcionários.

Dicas para conquistar a tão sonhada vaga de estágio

Para ajudar os estudantes que estão em busca de uma vaga de estágio, Tiago Mavichian deixa três dicas fundamentais:

1. Evidencie o currículo

A primeira dica para qualquer estudante que deseja encontrar uma boa oportunidade de emprego é estar cadastrado em, no mínimo, cinco sites que tenham um grande volume de vagas, como a Companhia de Estágios, por exemplo.

Ao se inscrever nessas plataformas, o profissional potencializa suas chances de conseguir um trabalho bacana. Além de ficar sabendo dos programas de estágio e trainee que estão abertos, ele consegue dar maior visibilidade ao próprio currículo. 

Mas não basta só fazer um cadastro. É importante fazer todos os testes disponíveis na plataforma e preencher da forma correta o máximo de informações possíveis.

2. Capriche na página profissional 

Manter o LinkedIn sempre atualizado. Independente de ser estagiário, analista, coordenador, gerente ou mesmo o presidente de uma companhia é fundamental estar atento nesta que é a rede social profissional mais famosa no Brasil.

Além da atualização recorrente do currículo no LinkedIn, para garantir as melhores vagas, é importante fazer atividades que irão demonstrar aptidão ao desenvolvimento pessoal e ajudar a se expor no mercado de trabalho.

Nesse caso, valem: cursos como os de idioma, Excel ou novas metodologias, como Agile; trabalho voluntário; e até mesmo participação em empresas juniores e diretórios acadêmicos. Esse tipo de experiência mostra que o aluno é engajado e está mais preparado para entrar no mercado de trabalho.

3. Desenvolva habilidades interpessoais  

Antigamente, as empresas colocavam muitos filtros técnicos para o processo seletivo de uma vaga. Hoje, além das habilidades intrínsecas ao cargo, as empresas estão de olho nos perfis comportamentais, ou seja, nas soft skills que daquele candidato.

Por isso, a terceira sugestão é que o estudante ou profissional desenvolva habilidades como empatia, ética, liderança e flexibilidade que farão toda a diferença na hora de garantir uma vaga dos sonhos em 2021.

Como fazer isso? Com algumas das atividades sugeridas na dica anterior. Envolver-se em trabalho voluntário, atuar em empresas juniores ou participar de eventos e cursos são excelentes maneiras de incrementar competências socioemocionais.