Nubank realiza investimento de R$20 milhões em inclusão racial
Após declaração polêmica, cofundadores do Nubank assinam carta de compromisso com a diversidade e inclusão racial no Brasil.
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Publicado em:13/11/2020 às 12:15
Atualizado em:13/11/2020 às 12:15
Há algumas semanas, o Nubank foi alvo de críticas após uma declaração polêmica da cofundadora Cristina Junqueira. Em entrevista ao Roda Viva, a executiva disse ser "difícil" contratar líderes negros e que a empresa não poderia "nivelar por baixo" para contratar minorias.
Após o episódio, ela publicou um vídeo em suas redes sociais pedindo desculpas pelas declarações. Para efetivar o compromisso com a diversidade, em novembro, a fintech lançou um programa de inclusão racial.
Em carta assinada pelos cofundadores David Vélez, Edward Wibl, além de Junqueira, o banco assume que não teve muito avanço na pauta racial e não se moveu na velocidade exigida pela sociedade, mas garante que vai agir contra o racismo estrutural.
"Nas últimas semanas, tivemos a oportunidade de refletir sobre o quanto precisamos não só aprender, mas também agir para combater as barreiras impostas pelo racismo estrutural", diz a carta do banco.
O Nubank contou que buscou parceiros com experiência e voz no combate ao racismo e promoção da inclusão racial. Inicialmente, a fintech está investindo R$20 milhões para garantir os resultados das iniciativas.
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"Além disso, temos o envolvimento completo da empresa nessa missão, em todos os níveis hierárquicos, usando a energia dos nossos talentos para transformar a realidade à nossa volta", garantiram os cofundandores.
Práticas de RH foram revisadas para minimizar a sub-representação de
profissionais negros (Foto: Reprodução)
Treinamentos, mentorias e contratação de líderes negros estão entre as iniciativas
Segundo o Nubank, em parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), foi feita uma revisão completa nas práticas de RH, desde a seleção e recrutamento até a avaliação de performance. O objetivo foi eliminar vieses e barreiras que contribuam para a sub-representação de negros.
O time de diversidade e inclusão foi ampliado e agora conta com 12 profissionais dedicados na atração, seleção e desenvolvimento de minorias. Também foram alocados mais tempo e recursos aos grupos de afinidades.
O banco vai lançar um programa de treinamento em diversidade e inclusão para todos os funcionários. Ainda neste mês, acontecerá a primeira sessão destinada à liderança.
Em 2021, a fim de valorizar os talentos da casa, haverá um programa formal de mentoria e aceleração focado no desenvolvimento dos funcionários negros e de outros grupos sub-representados.
Sobre a contratação de líderes negros, o banco disse que iniciou um mapeamento de profissionais e executivos no mercado para as posições de liderança abertas atualmente ou que serão disponibilizadas futuramente.
Para acelerar esse mapeamento, o Nubank abriu um banco de talentosdestinado para negros. "Seguimos focados na contratação de novos executivos negros e negras para nossa Diretoria e Conselho", afirmam os cofundadores.
Ações também se estenderão para fora de empresa
As iniciativas do banco não se limitarão ao ambiente interno: "entendemos o nosso papel e responsabilidade social, e por isso também desenvolvemos ações em conjunto com parceiros para estender o impacto para além da nossa equipe".
Uma delas é a abertura do Nulab@Salvador, um hub de tecnologia e experiência do cliente em Salvador (BA), que vai ajudar tanto a trazer mais diversidade para a empresa como a entender melhor a realidade dos clientes do Nordeste.
Foi criado um fundo de investimento destinado para startups nacionais fundadas e/ou lideradas por empreendedores negros. O banco também vai investir na formação de mil jovens negros, com foco em habilidades fundamentais de Linguagem e Matemática, Inglês e Programação.
Além disso, haverá formação de pelo menos 250 programadoras negras para contratação pelo Nubank ou por outras empresas de tecnologia e a inclusão de critérios de diversidade na avaliação e seleção de fornecedores durante o processo de compras.
Por fim, para garantir que essas mudanças estão de fato acontecendo, o banco vai monitorar e analisar os indicadores de diversidade e inclusão, garantindo a transparência sobre todo o processo.