'Pretendemos um serviço público no padrão inglês', diz Onyx Lorenzoni

O ministro-chefe da Casa Civi, Onyx Lorenzoni, disse que as mudanças da Reforma Administrativa têm o modelo britânico como parâmetro

Autor:
Publicado em:04/02/2020 às 13:52
Atualizado em:04/02/2020 às 13:52

“O que nós pretendemos construir no Brasil é um civil service, ou seja, um serviço público no padrão inglês”. Essa foi a definição do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, sobre as mudanças a serem propostas pela Reforma Administrativa

O pacote de alterações no funcionalismo não entrou nas pautas que o presidente Jair Bolsonaro solicitou para o Congresso Nacional dar prioridade em 2020. Mesmo assim, o governo se prepara para enviar o texto ainda neste semestre.

Na segunda-feira, 3, durante cerimônia para o início do ano legislativo, Lorenzoni destacou que o principal objetivo é criar um serviço público ágil e eficiente. Ele citou o modelo britânico como parâmetro.

O texto da Reforma Administrativa deve ser encaminhado ao Congresso na forma de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Isto é, com demanda de quórum maior e duas votações tanto na Câmara como no Senado.

"Deverá vir, muito provavelmente, uma PEC tratando de uma reforma administrativa para os novos funcionários [públicos]. Claro, é um sonho, um objetivo, mas nós vamos lançar as bases para construir isso, despartidarizado, focado na prestação de serviço de qualidade à cidadania e construindo um setor público ágil, eficiente e que responda de verdade às demandas da sociedade brasileira", apontou Lorenzoni.

Inicialmente, a previsão era que a reforma chegasse ao Legislativo ainda em fevereiro.

Lorenzoni diz que Reforma Administrativa teve padrão britânico como
parâmetro (Foto: Agência Brasil)

 

A orientação atual do Planalto é passar um pente fino nas propostas elaboradas pelo Ministério da Economia. Isso porque na avaliação da equipe de Bolsonaro, se mal conduzidas, as mudanças podem desgastar a imagem do presidente.

Representantes sindicais dos servidores, por sua vez, já anunciaram que podem recorrer das medidas na Justiça. A categoria se articula para tentar barrar as propostas no Supremo Tribunal Federal (STF). 

+ Reforma Administrativa propõe fim das promoções por tempo de serviço
Funcionalismo deve recorrer da Reforma Administrativa na Justiça

Servidores terão que passar por avaliação de desempenho

Uma das alterações propostas pelo governo é que os aprovados em concursos passem por uma avaliação de desempenho pela população para ter a estabilidade. De acordo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a meta é que o direito só seja atribuído se os cidadãos avaliarem de forma positiva os serviços do profissional. 

Segundo o titular da pasta, será preciso analisar se o funcionário público realmente faz um bom atendimento à população.

“Assim que ele acabou de fazer um serviço, pode ser para tirar uma carteira de identidade, de motorista ou ser atendido para tirar dúvidas a respeito de sua aposentadoria, quando a pessoa sai, ela aperta um dos três botões: o verde, bem atendido, o amarelo, serviço normal, ou o vermelho, pessimamente atendido”, disse o ministro, segundo a Folha de São Paulo.

O governo federal já confirmou que o pacote de mudanças para o serviço público será realizado em diferentes fases. De maneira que todas as alterações sejam implementadas até 2022. O posicionamento foi ratificado pelo secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel, no dia 16 de janeiro.

A primeira parte enviada ao Congresso será na forma de PEC, justamente por tratar de mudanças que estão previstas no texto constitucional. Como a questão da estabilidade para os futuros servidores e a proibição as promoções e progressões exclusivamente por tempo de serviço.

Depois, a equipe estuda enviar outras alterações que não precisam de ajustes na Constituição.

+ Reforma Administrativa: 95% são a favor da estabilidade do servidor
+ Reforma Administrativa será realizada em diferentes fases

Estabilidade é principal foco da Reforma Administrativa

A Reforma Administrativa tem a estabilidade como um de seus principais focos. Paulo Guedes também já anunciou que os novos funcionários públicos terão que passar por “filtros de meritocracia” para conquistarem a estabilidade.

Por exemplo, os policiais federais terão que trabalhar de três a quatro anos para atingir esse direito constitucional. Em contrapartida, para os servidores da área administrativa, esse período poderá ser prorrogado de dez a 15 anos.

Hoje, como consta na Constituição, após a aprovação em concurso público, os profissionais passam pelo estágio probatório de três anos para chegar à estabilidade na carreira. A reforma ainda propõe a redução de carreiras e a progressão salarial.

Com isso, o Executivo pretende diminuir as remunerações dos servidores em início de carreira. Dessa forma, a progressão terá mais níveis, para que os servidores demorem mais tempo para chegar ao topo final da carreira.

Com tais mudanças, a equipe econômica quer aproximar o salário inicial do concursado a de um trabalhador do setor privado. Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro e o Ministério da Economia confirmaram que a estabilidade dos atuais servidores não será afetada.

Os direitos adquiridos pelos funcionários públicos serão assegurados com a reforma. Até porque os governistas têm conhecimento que seria quebra de um direito adquirido e facilmente derrubado por decisão judicial.