Quase 77% dos jovens brasileiros têm emprego precário, mostra pesquisa

Segundo levantamento feito pela consultoria IDados, mais de dois terços dos jovens trabalham em situação vulnerável.

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Publicado em:15/12/2020 às 10:55
Atualizado em:15/12/2020 às 10:55

No Brasil, mais de dois terços dos jovens de até 24 anos (76,6%) têm um emprego considerado de baixa qualidade, segundo levantamento feito pela consultoria IDados. Ao todo, são aproximadamente 7,7 milhões de pessoas. 

Isso quer dizer que a cada dez jovens dentro dessa faixa etária, quase oito trabalham em situação vulnerável. A nível de comparação, essa taxa entre pessoas de 25 a 64 anos é de 40,7%, enquanto, entre aqueles com mais de 65 anos, chega a 28,9%.

Na avaliação, a pesquisa considerou quatro aspectos: salário, estabilidade, rede de proteção e condições de trabalho. No caso dos empregos dos jovens, todos os pontos apresentaram fragilidades, porém os destaques foram a renda e a estabilidade. 

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Para cerca de 90%, os ganhos são inferiores a seis vezes o valor da cesta básica - que varia de R$398 a R$539. Além disso, 75% dos jovens têm menos de 36 meses de tempo de trabalho.

"No mundo todo, o jovem tem uma renda menor e maior dificuldade de se colocar no mercado. Mas, no Brasil, os porcentuais indicam uma qualidade do emprego pior por causa da maior rotatividade e da informalidade (no mundo, os porcentuais estão em torno de 60%)", diz o economista Bruno Ottoni, pesquisador do IDados e responsável pelo trabalho.

 

Mais de dois terços dos jovens têm emprego precário
(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

 

Mesmo com ensino superior, negros têm menor presença em cargos qualificados

Um outro estudo da consultoria IDados mostra que, entre o primeiro trimestre de 2015 e 2020, o número de profissionais negros sobre-educados (que cursaram ensino superior, mas atuam em cargos de nível médio ou fundamental) cresceu mais do que brancos na mesma condição.

De acordo com o levantamento, no primeiro trimestre deste ano, 37,9% dos homens negros e 33,2% das mulheres negras estavam trabalhando em posições com nível inferior. Em 2015, esses percentuais eram de 33,6% e 27,3%, respectivamente.

Já para os trabalhadores brancos, também foi observado um crescimento no grupo de sobre-educados, porém em menor grau. Entre homens, o percentual passou de 27,2% para 29,6%, já com as mulheres, essa variação foi de 24,9% para 27,8%.

"A discriminação é, sem dúvida, um dos motivos do aumento de sobre-educados entre os negros. Há inúmeras evidências de que existe discriminação na hora da contratação quando o funcionário é negro", explica Ana Tereza Pires, pesquisadora do IDados e responsável pelo estudo.

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