Em 2021, apenas os mais ricos vão se beneficiar da recuperação econômica

Segundo a consultoria Tendências, renda dos brasileiros deverá cair em 2021, com exceção apenas das famílias mais ricas.

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Publicado em:28/12/2020 às 10:35
Atualizado em:28/12/2020 às 10:35

Em 2021, os brasileiros terão uma redução nos ganhos, com exceção das famílias da classe A - com rendimentos acima de R$19,4 mil por mês - , que se beneficiarão mais rapidamente da recuperação econômica e aumentarão a renda, segundo levantamento da consultoria Tendências.

Com a confirmação da projeção, o resultado será o aumento na desigualdade. Como cantado nos anos 1990 pelo grupo musical As Meninas: os ricos ficarão mais ricos e os pobres, mais pobres. 

Segundo Alessandra Ribeiro, sócia e diretora da área de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências, a classe A sofreu menos com a crise, conseguindo não perder renda mesmo com a queda no PIB. Já em 2020, as famílias mais ricas tiveram um ganho modesto de 0,8% nos rendimentos.

Auxílio emergencial

O auxílio emergencial injetou mais de R$275 bilhões na economia brasileira e, com isso, aumentou a renda dos mais pobres em 20,9%. Porém, com o fim do benefício neste mês, essa realidade deve mudar. 

Sem o programa, é esperada uma queda acentuada nos rendimentos das famílias das classes D e E, que ganham até R$2,6 mil por mês. Segundo a consultoria, essa redução será de 15,4% e, no próximo ano, 930 mil famílias passarão a fazer parte dessas classes. 

Veja também: Como o fim do auxílio emergencial vai impactar na economia brasileira?

"Nesse ano de 2021, vamos ver o reverso da medalha. As classes D/E vão sofrer com o efeito adverso do mercado de trabalho, sem a transferência de renda para sustentar. Em um cenário de retomada gradual, a saída do auxilio emergencial não é compensada pelo mercado de trabalho", diz Alessandra.

 

Renda dos brasileiros 2021
Apenas os mais ricos terão aumento de renda em 2021
(Foto: Christiano Antonucci/Secom-MT)

 

Classe média deverá diminuir

A classe média - ou classe C - teve redução durante o ano de 2020, com cerca de 250 mil famílias caindo para uma faixa de renda mais baixa. A previsão é que no próximo ano esse grupo continue encolhendo.

Isso acontece porque 87% dos ganhos dessas famílias vêm do trabalho. Por isso, com a crise no mercado e a alta no índice de desemprego, esses trabalhadores perdem parte considerável dos seus rendimentos. 

Para esse grupo que se encontra no meio da pirâmide de renda, a piora do mercado de trabalho teve efeitos maiores, uma vez que eles não puderam contar com o auxílio emergencial pago pelo governo. 

Segundo o levantamento, a migração dos mais pobres para a classe média não deve acontecer na mesma velocidade, levando em consideração o crescimento econômico desacelerado, a falta de valorização real do salário mínimo e gastos menores com políticas de transferência de renda. 

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