‘Termos pejorativos atrapalham debate da Reforma’, diz Maia

Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, disse que termos pejorativos para servidores atrapalham debate da Reforma Administrativa.

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Publicado em:11/02/2020 às 15:00
Atualizado em:11/02/2020 às 15:00

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que o uso de termos pejorativos atrapalha o debate da Reforma Administrativa. A posição foi defendida na segunda-feira, 10, em café da manhã com empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

O parlamentar se referiu à comparação de servidores públicos a ‘parasitas’ feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no último dia 7. A analogia causou repercussão nas redes sociais por profissionais que se sentiram ofendidos. Para Maia, o funcionalismo deve ser tratado com respeito.

“Todos devem ser tratados com muito respeito. Eu acho que o enfrentamento feito com termos pejorativos, que gera muito conflito, nos atrapalha no nosso debate, de mostrar a alguns setores que a sociedade não aceita mais concentrar riqueza para muito poucos”, disse.

Maia reafirmou a expectativa de aprovar a Reforma Administrativa até o final do primeiro semestre. O texto, previsto para ser enviado ao Congresso Nacional ainda em fevereiro, deve propor mudanças estruturais no funcionalismo.

O governo prevê alteração nas regras de estabilidade e promoção, por exemplo. “Promoção no serviço público não faz muito sentido. Promoção por mérito, por produtividade”, argumentou Rodrigo Maia.

Maia acredita que Reforma Administrativa possa ser aprovada até junho
(Foto: Agência Brasil)

 

As mudanças, por sua vez, devem tratar somente dos novos aprovados em concursos públicos. Os atuais servidores não serão afetados e terão seus direitos assegurados. Esse ponto, na visão do presidente da Câmara, ajuda a diminuir os conflitos durante a tramitação.

 “Claro, você vai ter dois sistemas funcionando um contra o outro, mas com os anos o antigo vai acabar. Mas nós temos que respeitar, querendo ou não, gostando ou não, os direitos que foram adquiridos. Mas não inventar novos direitos adquiridos”.

O deputado ainda apontou que as disputas em torno da Reforma Tributária devem ser maiores do que a Administrativa. Ainda que possa haver conflito com os servidores públicos.

“Claro que todos os sistemas onde a gente tem distorções estão beneficiando alguém e prejudicando milhões. Não é diferente nem no administrativo nem no tributário. Então, enfrentamentos nós teremos, mais no tributário do que no administrativo, já que o governo decidiu que é melhor uma reforma para os novos servidores.”

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Guedes se desculpa por comparar servidores a 'parasitas'

O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu desculpas na segunda-feira, 10, depois de comparar servidores públicos a "parasitas". Ele disse ter se expressado mal e afirmou que sua declaração foi tirada do contexto pela imprensa.

"Eu me expressei muito mal, e peço desculpas não só a meus queridos familiares e amigos, mas a todos os exemplares funcionários públicos a quem descuidadamente eu possa ter ofendido", declarou o ministro em mensagem de Whatsapp enviada a amigos e jornalistas, de acordo com o portal G1.

Guedes afirmou ainda que "não queria jamais ofender pessoas simples que cumprem seus deveres". Na última sexta, 7, ao defender a Reforma Administrativa durante palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, o ministro comparou um funcionário público a um parasita

“O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação. Tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo, e o cara virou um parasita. O dinheiro não chega ao povo, e ele quer aumento automático. Não dá mais”, argumentou na palestra.

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Concursos só após a Reforma Administrativa, diz secretário

Para o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, novos concursos públicos federais só devem ser abertos após a aprovação da Reforma Administrativa. Em entrevista ao jornal O Dia, ele reforçou a ideia de condicionar novas contratações apenas depois da implementação da reforma. 

"Seria o ideal esperar, porque se começa a retomar os concursos públicos antes de fazer a Reforma Administrativa, o pessoal que vai ingressar pelas regras atuais”, revelou.

Almeida reconheceu a carência de profissionais e necessidade de novos concursos públicos. No entanto, de acordo com ele, as remunerações de entrada no funcionalismo são elevadas e alguns profissionais chegam ao topo da carreira em pouco tempo.

Uma das alterações da Reforma Administrativa, enviada no formado de Proposta de Emenda à Constituição, é que os aprovados em concursos sejam submetidos a uma avaliação de desempenho pela população para ter a estabilidade. 

O ministro Paulo Guedes também já anunciou que os novos funcionários públicos terão que passar por “filtros de meritocracia” para atingirem o direito garantido atualmente pela Constituição.

Por exemplo, os policiais federais terão de três a quatro anos de trabalho para atingir esse direito constitucional. Enquanto para os profissionais da área administrativa, esse período poderá ser prorrogado de dez a 15 anos.

A reforma ainda propõe a redução de carreiras e a progressão salarial. As medidas não serão válidas para os atuais servidores e devem influenciar apenas os futuros funcionários públicos.