50% dos trabalhadores dizem perder oportunidades por preconceito
Pesquisa da PwC, realizada com 32.500 trabalhadores em 19 países, aponta mudanças e expectativas trazidas pela pandemia aos trabalhadores. Confira!
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Publicado em:09/04/2021 às 17:30
Atualizado em:09/04/2021 às 17:30
A migração do trabalho presencial para o trabalho remoto foi apenas uma das grandes mudanças provocada pela pandemia do novo Coronavírus no mercado de trabalho. É o que mostra uma recente pesquisa da PwC, realizada com 32.500 trabalhadores em 19 países, entre 26 de janeiro de 2021 e 8 de fevereiro de 2021.
Segundo o relatório, cerca de 60% dos entrevistados estão preocupadoscom o fato de que automação possa estar colocando muitosempregos em risco; 48% acreditam 'o emprego tradicional não existirá no futuro'; e 39% acham que é provável que seu emprego se torne obsoleto em cinco anos.
Apesar dos receios apresentados em relação ao futuro de algumas profissões, 40% dos trabalhadores dizem que suas habilidades digitais foram aprimoradas durante o período prolongado da pandemia, afirmando que irão continuar a adotar o treinamento e o desenvolvimento de novas capacitações e habilidades.
No que diz respeito ao conhecimento de novas habilidades, 77% dizem estar prontos para aprendê-las e 74% veem o treinamento como uma questão de responsabilidade pessoal. Já 80% ainda estão confiantes de que podem se adaptar às novas tecnologias em seus locais de trabalho, com a maioria dos entrevistados na Índia (69%) e na África do Sul (66%) dizendo que estão muito confiantes.
Além disso, 49% dos entrevistados estão focados na construção de habilidades empreendedoras e têm interesse em abrir seu próprio negócio.
Preconceito ainda causa danos à diversidade das empresas
O preconceito e a desigualdade ainda estão bastante presentes no mercado de trabalho. A pesquisa da PwC aponta que 50% dos trabalhadores enfrentaram discriminação no trabalho, o que os levou a perder oportunidades de treinamento ou mesmo de avançar na carreira.
Desses, 13% relatam perda de oportunidades por conta da etnia e 14% dos trabalhadores sofreram discriminação por causa do gênero, sendo que as mulheres são duas vezes mais propensas a denunciar essas discriminações em comparação com os homens.
Outros 13% relatam discriminação com base na classe, sendo os pós-graduados e outros com mais qualificações os mais propensos a relatar preconceito. Pessoas mais jovens têm a mesma probabilidade de sofrer discriminação com base na idade do que os mais idosos.
Além disso, a pesquisa descobriu que há disparidades no acesso às oportunidades de qualificação. Enquanto 46% das pessoas com pós-graduação dizem que seu empregador oferece muitas oportunidades de melhorar suas habilidades digitais, apenas 28% das pessoas com qualificação, mas sem estudo formal, dizem o mesmo.
Setores como varejo ou transporte, que correm maior risco de interrupção, pontuam apenas 25% e 20%, respectivamente, enquanto o setor bancário atinge 42%.
"As atuais formas de acessar o conhecimento precisam mudar. Caso contrário, o processo de qualificação dos trabalhadores da economia digital irá aprofundar ainda mais a desigualdade social, indo totalmente na contramão do que deveria estar acontecendo. Líderes empresariais e governamentais precisam se unir para garantir que todos os profissionais tenham oportunidades. Embora o avanço da tecnologia, por meio da automação, seja algo muito positivo e que chegou para ficar, suas consequências na força de trabalho precisam ser endereçadas ", afirmou Marcos Panassol, sócio da PwC Brasil.
Os mais jovens estão focados em maximizar a renda
Três quartos dos trabalhadores em todo o mundo (75%) dizem que querem trabalhar para uma organização que fará uma "contribuição positiva para a sociedade". Esse sentimento foi especialmente marcante na China (87%), Índia (90%) e África do Sul (90%).
No entanto, a insegurança econômica limita a capacidade das pessoas de seguir carreiras alinhadas com seus propósitos - sendo os mais jovens particularmente afetados: no geral, 54% dos entrevistados disseram que, se forçados a escolher, prefeririam um emprego que lhes permitissem "aproveitar todas as oportunidades para maximizar sua renda" a um trabalho que "faça a diferença" (46%).
Os entrevistados com idade entre 18 e 34 anos são mais propensos do que outras gerações a priorizar a renda em detrimento do propósito em seu trabalho, com 57% priorizando "maximizar sua renda" em vez de "fazer a diferença" (43%).
Já os maiores de 55 anos priorizam fazer a diferença por uma margem de 8 pontos, que sobe para 22 pontos entre os trabalhadores com mais de 65 anos.
"Na medida que o mundo continua a lidar com uma crise sanitária global e a consequente incerteza dos impactos nas economias e empregos, observamos que os trabalhadores demandam mais das empresas, exigindo que os líderes empresariais tenham uma contribuição mais positiva para a sociedade. Felizmente, como sabemos, o foco no impacto social e a maximização de lucros não são mutuamente excludentes e ser uma organização dirigida por propósitos pode na realidade ter um impacto positivo nos resultados", afirma Panassol.
Profissionais desejam que trabalho remoto continue sendo uma possibilidade
Segundo a pesquisa da PwC, o trabalho remoto persistirá mesmo quando for possível voltar aos locais de trabalho. Dentre os que podem trabalhar remotamente, 72% dizem que preferem uma mistura de trabalho presencial e remoto, com apenas 9% afirmando que gostariam de voltar ao seu ambiente de trabalho tradicional em tempo integral.
Esta afirmação foi mais observada principalmente para profissionais, funcionários de escritório, proprietários de empresas e autônomos que são capazes de realizar seus trabalhos remotamente, usando a tecnologia.
No entanto, o estudo mostra que o home office não precisa se limitar a empregos que demandam alta qualificação. 43% dos trabalhadores manuais e 45% dos trabalhadores semiqualificados dizem que há muitos processos de seu trabalho que podem ser realizados de forma remota.
A atitude das pessoas em relação ao home office é diferente de acordo com a região, fornecendo mais evidências de como a pandemia aumentou a exclusão digital global. Trabalhadores de áreas metropolitanas (66%) têm mais oportunidades de trabalhar em funções que permitem o trabalho remoto em comparação com aqueles que vivem em áreas rurais (44%).