"Vida alheia e riquezas salvar". Esse é o lema do Corpo de Bombeiros do Estado de Rio de Janeiro, reconhecido pela importância dos seus servidores no combate à incêndios, salvamento e resgate, além de proteção à vida, ao patrimônio e ao meio ambiente.
Para entrar no Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro é preciso ser aprovado nos concursos CBMERJ para praças (soldado), oficiais ou para o Serviço Militar Temporário Voluntário (SMTV).
Em entrevista ao Qconcursos Folha Dirigida, o major bombeiro militar do Rio de Janeiro e porta-voz da corporação, Fabio Contreiras, explicou sobre as carreiras, os desafios, aventuras e curiosidades do dia a dia.
Contreiras entrou em 2006 no CBMERJ, após ser aprovado em primeiro lugar para o o Curso de Formação de Oficiais Combatentes.
"Acabei ingressando no Corpo de Bombeiros, sem conhecer muitas coisas lá dentro, porque não tinha conhecidos, não tinha parentes para poder orientar. Digo que me descobri e me apaixonei depois que entrei dentro da caserna, que é como a gente chama o nosso casarão vermelho".
Mesmo colocando sua própria vida em risco para realizar um salvamento, para ele, receber um "obrigado" ao final é o mais gratificante da carreira.
"Cada obrigado de uma vítima é um valor inestimável. A gente sabe que é muito importante o nosso salário, mas o muito obrigado, a sensação do dever cumprido, a sensação de que alguém fala assim 'olha, muito obrigado, você mudou, você conseguiu realmente mexer com a minha vida'. Isso satisfaz e só estimula cada dia que passa", contou.
Major Fabio Contreiras detalha as carreiras do CBMERJ
(Foto: Reprodução)
O major ainda afirmou que, durante uma ação do Corpo de Bombeiros, os servidores não se impactam com o sangue, gritos na rua e com o pânico que uma situação de incêndio pode ocasionar, por exemplo. "A gente foca no trabalho e faz o nosso melhor".
Comece sua preparação para o concurso de soldado do CBMERJ, com videoaulas, apostilas, simulados e mais. Acesse aqui!
Segundo o major, "existe um mundo de possibilidades dentro do Corpo de Bombeiros". O profissional pode atuar em diferentes áreas.
Existem os bombeiros que atuam em Busca e Salvamento, os que conduzem as viaturas, os que fazem a manutenção dos equipamentos, os músicos que fazem parte da orquestra. Além dos comunicantes que fazem e recebem os telefonemas no 193.
O Corpo de Bombeiros ainda tem a área da Saúde com médicos, técnicos de enfermagem e psicólogos. Além daqueles que trabalham no mar, que conduzem motos aquáticas, embarcações e o guarda-vida.
O militar pode entrar já como especialista na área, se o concurso já vier com essa condição, ou entrar como combatente na classificação zero e fazer diversos cursos na corporação.
O major Fabio Contreiras destacou a importância do trabalho em equipe de diferentes áreas durante uma ocorrência.
"Existe muita humildade, espírito de equipe, porque numa ocorrência, são seis pessoas que trabalham simultaneamente, por exemplo. Uma estabiliza o carro, a outra corta a porta, a outra coloca o medicamento na veia da vítima, a outra faz a avaliação do nível de consciência, a outra tira todos os riscos de incêndio. É um trabalho mútuo. Todos ali têm a mesma importância".
O Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro dispõe das carreiras efetivas de praça (soldado) e de oficial, em diferentes especialidades.
O soldado é aquele que desempenha funções essenciais para proteção da população. Como combate a incêndios, busca e salvamento, prevenção de acidentes.
O CBMERJ tem concurso aberto, no momento, com 144 para a especialidade de busca e salvamento. Veja os detalhes aqui!
Durante a entrevista, o major Fabio Contreiras contou uma novidade na carreira de soldado, que se tornou mais um dos atrativos.
"Os praças, antes, só podiam chegar ao cargo de major, e agora eles conseguem chegar ao posto de tenente-coronel, abriu-se um outro degrau na carreira dos praças".
Já os oficiais do CBMERJ são os que compõem a gestão do Corpo de Bombeiros, os comandantes, os líderes dos quartéis, que vão comandar a tropa.
"É um curso de formação mais longo, com quatro anos de duração. Ele funciona em regime de internato, que exige um desprendimento muito grande, porque o bombeiro só vai para casa no fim de semana, então é uma dedicação um pouco mais profunda", explicou Contreiras.
Tanto o soldado como o oficial do CBMERJ tem como requisito o nível médio.
Por sua vez, o SMTV é um regime de serviço militar com duração inicial de um ano, podendo ser prorrogado por períodos sucessivos até o limite máximo de oito anos.
"É uma porta de entrada para os jovens, para que conheçam o Corpo de Bombeiros e entendam se realmente é aquilo que querem levar para a vida", disse o major.
No SMTV, há vagas tanto para soldados como para oficiais.
Nos concursos de carreira para soldado e oficial, as vagas são estaduais, isto é, o aprovado pode atuar e todo o Estado do Rio de Janeiro, nas 120 unidades do CBMERJ.
Quando o candidato conclui o curso de formação, é chamado para escolher a lotação. Aqueles que têm o melhor desempenho nas aulas e provas garantem prioridade na escolha.
"Quando o curso de formação de oficiais acaba, por exemplo, os 50 futuros aspirantes sentam em uma sala e é chamado de um a um. O primeiro levanta vai lá e escolhe o local de trabalho. A gente fala que o último colocado, ele não escolhe, ele é escolhido", contou o major Contreiras.
Durante os 35 anos de serviço militar, o servidor pode mudar a unidade de trabalho.
"Em várias situações, militares que moram na capital, vão trabalhar na região litorânea, em Angra, Paraty".
No caso específico do SMTV, o edital já traz as vagas regionalizadas.
Além do preparo físico, com fornecimento de treinamentos constantes, o Corpo de Bombeiros também se preocupa com a saúde mental dos servidores.
O porta-voz do CBMERJ contou que a corporação criou um serviço pioneiro, chamado de Sessão de Psicologia em desastras, em que psicólogos e psiquiatras de carreira acompanham os bombeiros em desastres.
"Esses grupos viajam até os quartéis, fazem dinâmicas de grupo e conseguem detectar se nós temos alguns militares em situação sensível ou delicada que é necessário fazer uma intervenção".
Contreiras relembrou o desastre de Petrópolis, na região Serrana do Rio, em que foi preciso dar uma atenção especial aos bombeiros.
"Na troca do plantão de noite e de dia, os nossos psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais faziam uma reunião com quem estava saindo de plantão e quem estava entrando para dar o suporte no momento de desastre que é muito importante".
O pós também é relevante, segundo o major. "A gente vai até os quartéis, verifica como esses militares estão se comportando, se tem alterações de sono, humor e a partir dali eles entram em ação para que a qualidade não caia".
A seguir, confira a entrevista na íntegra com o major Fabio Contreiras sobre a carreira e o concurso do CBMERJ:
Atualmente, o CBMERJ dispõe de 2.500 mulheres em seu quadro de pessoal. O desejo da corporação é ampliar esse quantitativo.
O recente concurso para soldado de busca e salvamento não traz a divisão de vagas entre homens e mulheres. Todos podem concorrer a integralidade das vagas.
"A mulher é fundamental e tem um papel necessário. E a profissão não tem nada que divirja, que seja diferente da capacidade técnica, física e psicológica de um homem e de uma mulher", disse Contreiras.
O major ainda deixou uma mensagem para todos que desejam entrar no CBMERJ.
"Uma mensagem importante para o candidato é que quando ele entra no corpo de bombeiros, não acabou, só começou. A vida militar é 24 horas. A postura, o local, obviamente que ele frequenta com amigos e com a família, o dia a dia também, ele tem que ser respeitado. Porque ele não vai deixar de ser bombeiro quando ele sai da unidade".
O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro tem concurso aberto com 144 vagas para soldado, na especialidade de busca e salvamento. As inscrições já foram encerradas e a prova objetiva está marcada para 17 de agosto.
Também já está confirmado que um novo concurso CBMERJ para oficiais deve ser aberto este ano, visando ao ingresso no curso de formação em 2026.
Já no Serviço Militar Temporário Voluntário (SMTV), estão previstas 1.500 vagas para soldados e oficiais. O edital também está previsto para 2025.
