Concurso Senado: policial legislativo conta trajetória na carreira

Descubra como é o dia a dia do policial legislativo, carreira que será contemplada no próximo concurso Senado.

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Publicado em:19/08/2020 às 17:35
Atualizado em:19/08/2020 às 17:35

FOLHA DIRIGIDA - COMO É SER POLICIAL LEGISLATIVO DO SENADO FEDERAL? COMO É O DIA A DIA DESSA CARREIRA?

Diego Fontes - Eu costumo dizer que trabalhar como policial, no Senado, é um grande privilégio. Não apenas pelas condições remuneratórias, mas por tudo o que representa o cargo. Ter a oportunidade ímpar de acompanhar a história do seu país acontecer, não de qualquer posição, mas ver os bastidores da história como participante ativo. 

Muitas vezes depende do policial legislativo, de seu parecer, saber se há condições de segurança para acontecer ou não determinada sessão, por exemplo. Momentos esses que são muito importantes para a história do país. 

Estou há seis anos no cargo e nesse tempo acompanhei 3 posses presidenciais: Dilma Rousseff, Michel Temer e do atual presidente, Jair Bolsonaro. Acompanhei também o processo de impedimento. 

Ou seja, em momentos marcantes, estamos lá para trabalharmos de maneira imparcial, visando sempre trazer a segurança e a independência necessária para o processo legislativo. 

E talvez esse seja o grande diferencial da nossa polícia. Muitos questionam porque é tão remunerada e muitos acham que é só no Brasil. Mas nos EUA, por exemplo, a polícia do Capitólio é a mais bem remunerada. Porque? Porque trabalhar em uma Casa legislativa exige muitas vezes de quem está no policiamento, numa ação de inteligência ter imparcialidade. Muitas vezes sabendo que algo contrário à sua carreira está sendo votado. 

Por exemplo, a Reforma da Previdência: mesmo sabendo que iria nos afetar muito fortemente, tivemos que trabalhar. Inclusive muitas vezes integrantes de outras polícias querendo se manifestar e nós precisamos ter essa gestão.

Ao mesmo tempo promover a segurança e, por outro lado, saber gerir a possibilidade de nossas forças irmãs, nossos colegas policiais, poderem se manifestar em condições adequadas. 

Não é fácil trabalhar nesse fio da navalha, mas é muito gratificante ser esse personagem. No bastidor, mas sendo uma peça fundamental no processo legislativo e, por que não dizer, na história do nosso país.

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FOLHA DIRIGIDA - Você disse que fez o concurso de 2011/2012. Como foi essa mudança? Você já era de Brasília ou era de outro estado e teve que mudar? Como foi isso?

Diego Fontes - Eu sou de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, cidade de médio porte. Vim para cá em 2009, assumir o cargo de agente da Abin. Trabalhei lá por quatro anos e meio e foi nesse período que passei para o Senado, mas levou um tempo para que eu fosse chamado. 

Não fiquei dentro das vagas imediatas e ainda houve um problema orçamentário, foi um verdadeiro ‘parto’ para ser nomeado. Eu fui nomeado no penúltimo dia do prazo de validade. 

Mas enquanto isso fiz o concurso MPU. Trabalhei um ano como analista jurídico lá e, nesse tempo, fiz o concurso da polícia da Câmara. Passei em 15º lugar. Fui nomeado lá e na semana seguinte fui nomeado no Senado. Uma verdadeira novela mexicana. Mas eu já estava adaptado a Brasília o que facilitou esse processo. 

FOLHA DIRIGIDA - QUANDO VOCÊ FEZ O CONCURSO NÃO ERA COBRADA A PROVA DE TÍTULOS, MAS ESSE ANO ELA CONSTA NO PROJETO BÁSICO. SERÁ UMA NOVIDADE?

Diego Fontes - Isso. Não teve prova de títulos no concurso de 2008, nem no meu concurso, Em 2011. Vou dizer algo: acredito que há uma grande chance daquele projeto básico vazado ter sensíveis modificações. E acredito também que há chances dessa prova de títulos não ocorrer. 

Até porque, do ponto de vista prático, é muito complicado fazer uma prova de títulos para um cargo que ainda é de nível médio. A grande tendência é de esse concurso ser o último para nível médio, porque há inclusive um projeto para tornar esse cargo de nível superior. Então acredito que hoje, pelo fato de ainda ser de nível médio, é muito complicado trazer essa prova. 

Que títulos você cobra de um cargo de nível médio? Acredito que a comissão colocou ali informações já imaginando que poderia haver vazamento. E colou informações e depois deve dar uma enxugada, quiçá até depois colocar algumas coisas diferentes. É uma aposta, ma eu acho que não deverá vir prova de títulos, apesar de estar no projeto básico.

FOLHA DIRIGIDA -  NESSE CENÁRIO DE PANDEMIA O PRÓPRIO PRESIDENTE DA COMISSÃO QUE QUER O CONCURSO EM 2020. MAS É POSSÍVEL INICIAL A PREPARAÇÃO HOJE E SER APROVADO? 

Diego Fontes - Eu sempre fui um concurseiro pós edital. A gente sempre fala que isso não é recomendado, por isso é sempre bom falar com professor. Mas se eu passei, pode ser que seja possível. 

É lógico que no caso dos últimos concursos eu já tinha uma base. Mas e no concurso da Abin que eu também passei, por exemplo? Eu comecei sem nem saber que era Abin. Claro que, no caso do Senado, está em outro patamar. Mas eu conheço colegas que passaram começando a estudar após o edital. 

Um deles, inclusive, nunca tinha feito concurso. Ele fez o Senado e passou. É um ponto fora da curva? Claro. Mas se alguém pôde, você também pode. E outra: estamos em pandemia. Esse edital não deve sair agora. Sendo otimista, pode sair lá para novembro. 

Mas a maior chance mesmo é que saia lá para dezembro ou início do ano que vem. Ficou muito claro que, se acontecesse o concurso do Depen, isso passaria uma mensagem de que é possível fazer um concurso nacional. Como não ocorreu, isso deixou mais claro para mim que realmente não tem condição (do concurso Senado sair agora). 

Se o Poder Executivo, que está tendo uma postura muito mais flexível em relação à pandemia, suspendeu o concurso, imagina o Legislativo, que desde o início da crise teve uma postura mais conservadora, pró fechamento. 

Mas o Senado não abre mão desse concurso, isso ficou muito claro até nas entrevista dadas aos meios de comunicação, inclusive à Folha Dirigida. Há uma preocupação social de possibilitar pessoas, independente de classe social etc, de participar desse concurso. 

Então ele deve sair quando tivermos ultrapassado esse cenário de crise, o que acredito que acontece em pouco tempo. Enquanto isso, vamos nos preparando. 

Você me pergunta se dá tempo? É claro que dá tempo. Seu tempo de começar é agora. Muitos estão desistindo com esse tempo de pandemia. Para quem acha o contrário, as pessoas não estão aproveitando.

 Eu dou aula para o concurso Depen e, nos cursos que dou aula, o fórum estava muito movimentado até o dia da suspensão. Depois do dia da suspensão a galera parou de estudar. Se não tiver uma data, o povo não estuda. Então não pense na concorrência. Dá tempo, o tempo é hoje. 

FOLHA DIRIGIDA - UMA PREOCUPAÇÃO COM O CONCURSO SAINDO ANO QUE VEM É EM RELAÇÃO AO ORÇAMENTO

Diego Fontes - Acredito que não teremos esse problema de não ter vaga no orçamento do ano que vem. Até porque quem está com cofre é o Poder Executivo, mas quem dá autorização é o Poder Legislativo. Então acredito que orçamento não será um problema nesse sentido. 

É claro que, passando mais tempo, é um prejuízo. Mas o concurso vai acontecer. E acredito que o prazo de validade vai chegar a quatro anos e poderemos chegar a mais de 100 nomeações de policial, acredito.

FOLHA DIRIGIDA - ALGUMA PARA A PROVA? COMO CONCILIAR OS ESTUDOS?

Diego Fontes - Eu não gosto muito da palavra conciliar, porque acredito ser impossível. Por exemplo, haverá a prova da PCDF. Estude com foco nessa prova até o dia dela. Passando, mude o foco. Foque no Senado. 

Você vai aproveitar muita coisa. Mas se ficar com dois focos, não estuda nem pra um, nem pra outro. Como naquela passagem bíblica: não se pode servir a dois senhores. Prepare-se para o primeiro desafio e depois foco total no próximo desafio. 

FOLHA DIRIGIDA - O QUE O CANDIDATO PODE USAR COMO BASE DE PREPARAÇÃO? QUAL É O CAMINHO, CONSIDERANDO QUE HÁ ALGUMAS BANCAS NA DISPUTA? 

Diego Fontes - A FGV fez os dois últimos concursos do Senado. Mas desde o ano passado, nós da Enapol fizemos o nosso primeiro lançamento para o concurso (quando ainda nem tinha sido autorizado, mas nós já acreditávamos nele porque a polícia estava trabalhando no osso há tempos, estava faltando policial), nosso primeiro turno ultimate, que está sendo um sucesso (alunos que estão saindo de 30% ou 40% de acertos para 89% 95% de acertos). 

Mas o que eu quero falar com isso é que, no ano passado, quando fizemos nossa primeira live, nós já falamos que acreditávamos que dessa vez não seria a FGV. Por que? Porque na presidência do Senado está um outro partido político. Querendo ou não, isso muda as cartas, o relacionamento, talvez o foco e prioridades.

E no ano passado nós já apostamos que dessa vez seria o Cebraspe. Isso foi cada vez se tornando mais forte, depois ficaram três bancas (Idecan, FGV e Cebraspe) e a gente batendo o pé. 

Até que saiu o projeto básico, segundo o qual a comissão quer que a prova seja no modelo ‘certo’ ou ‘errado’ (modelo de prova do Cebraspe). Então é difícil não ser o Cespe. Quem tem expertise com esse estilo de prova, é o Cebraspe. 

A partir do momento que a escolha não se baseia somente no menor preço, mas se baseia também em critério técnico, como está no projeto, e que, por esse critério, se tem uma banca que já faz esse estilo de prova há anos, ao meu ver, não deixa muitas dúvidas. 

FOLHA DIRIGIDA - JÁ QUE VOCÊ MENCIONOU A PRESIDÊNCIA DA CASA, TEMOS A PERGUNTA SOBRE A MUDANÇA DA PRESIDÊNCIA EM 2021. ACHA QUE ISSO PODE ATRAPALHAR O CONCURSO DE ALGUMA FORMA? 

Diego Fontes - Não, acredito que não. Primeiro que o concurso já está autorizado. Segundo que se não houver essas contratações a polícia, praticamente, deixará de existir. 

Nós hoje temos somente cento e vinte e poucos policiais na ativa. Para você ter ideia, quando eu entrei (e no meu concurso foram 66 que entraram) o nosso efetivo era por volta de 160. Ou seja, já tinha poucos policiais e ainda era maior do que é hoje. 

Então é fato que se não houver concurso a polícia não vai conseguir atender os senadores. Hoje nós temos várias escoltas na polícia do Senado. Como poderíamos montar essas escoltas sem policiais? E ao mesmo tempo manter todos os outros setores da polícia funcionando? 

E outra coisa: nós prestamos escolta para diferentes parlamentares, partidos e linhas ideológicas. Então o próximo parlamentar que assumir a presidência será um que já está com a nossa escolta ou que tem alguém do mesmo partido que está recebendo nossa escolta. Não tem como não ter esse concurso. Acredito sim que vai acontecer e que grande parte das nomeações será para policial legislativo, durante o prazo de validade. 

FOLHA DIRIGIDA - ACREDITA QUE ESSE CONCURSO POSSA CONVOCAR ALÉM DAS VAGAS IMEDIATAS?

Diego Fontes - Com absoluta certeza. No meu concurso foram oferecidas, inicialmente, 25 vagas. Ele passou mais um ano bloqueado, com as nomeações proibidas. E a validade era de um ano prorrogável por mais um. 

Ou seja, de prazo efetivo mesmo, sem estar com as nomeações suspensas, foi menos de um ano. E mesmo assim, de 25 vagas nomearam 67, mais que o dobro. Imagine um concurso que tem a presidência da Casa favorável à nossa nomeação e, além disso, eu acredito que o prazo de validade será de dois anos prorrogáveis por mais dois. 

Então a chances real, acredito eu, é que sejam nomeados mais de 100 policiais. Se tivermos, por exemplo, 5 vezes o número de vagas para ser classificado, deve nomear todo mundo. 

FOLHA DIRIGIDA - O QUE VOCÊ ACONSELHA ESTUDAR? AS MATÉRIAS DO ÚLTIMO CONCURSO OU AS DO PROJETO BÁSICO? 

Diego Fontes - É o seguinte: temos o concurso anterior, de 2011, e temos o projeto básico. Acredito, de verdade, que nem tudo o que está nesse projeto vai cair. Até porque, como você falou, na resposta da comissão eles mesmo disseram que esse projeto básico deve ser visto com muita cautela. 

Para mim algumas matérias não têm o menor sentido de estarem lá. Por exemplo: Direito Civil e Processual Civil. Não têm nada a ver com as nossas atribuições esses dois direitos. Criminalística (que não é criminologia, são coisas diferentes) também não faz muito sentido estar no edital. Nós fazemos perícias mais simples na polícia do Senado. 

O que, hoje, eu estudaria como base: Português (que nos concursos do Poder Legislativo normalmente têm peso 2), Processo Penal (nós temos a nossa própria delegacia na polícia do Senado, podemos presidir nossos próprios inquéritos, desde que o policial tenha formação em Direito).

Já Regimento, não está no projeto básico, mas é possível que venha na parte de Conhecimentos Específicos da Área. Mas há uma possibilidade de que essa parte de Regimento não caia ou venha de maneira mais enxuta. 

Porque se analisarmos os movimentos e entrevistas da comissão, dá para perceber que em todos os momentos o presidente falou que quer um conteúdo programático que tenha a ver com as atribuições do cargo. Então Regimento tem uma parte dispensável, embora haja sim uma parte inicial que é legal ter conhecimento, como títulos 1, 2 e 3, principalmente. 

Mas ele não seria o foco da minha preparação como um todo. Agora sobre atualidades, pode ser que venha com questão (como no meu concurso) ou na redação. Uma coisa também que acredito é esse concurso não tenha uma redação e uma questão discursiva, como foi em 2008, apenas redação. 

Por dois motivos. Primeiro que o Senado precisa muito dessas nomeações e quando há muitas redações para serem corrigidas isso toma muito tempo, atrasa mais o resultado do concurso. Segundo que fica mais caro. E no projeto básico também não vem estudo de caso, só uma redação.

Atualidades é recomendado estudar, porque deverá estar na redação. Já Direito Digital, que está no projeto básico, eu não estudaria agora (se vier, deverá ser algo na linha de Lei de Acesso à Informa e a própria Lei Geral de Proteção de Dados ou talvez alguns crimes cibernéticos). 

Raciocínio Lógico-matemático acredito que deve sim vir no edital, até porque são praticamente todas as polícias que trabalham com isso. PF, PRF, PCDF, praticamente todas as polícias cobram Raciocínio Lógico. 

No projeto básico tem também Inglês ou Espanhol. A gente não tem certeza se haverá a opção do candidato escolher como foi, por exemplo, no concurso da Abin de 2008. Ou se é o Senado dizendo que pode cobrar qualquer uma das duas. 

Mas, se vier idioma, acredito eu que deverá ser, pelo menos, Inglês. É interessante o candidato tentar ter contato com o vocabulário. Porque o Cebraspe costuma colocar textos, na língua estrangeira, que têm a ver com a área. Na época da Abin, por exemplo, eu li muitos textos sobre Inteligência em Inglês. 

E quando fiz a prova, gabaritei. Então começar a ter esse contato agora com textos ou que tenham relação com a atividade policial ou com o Poder Legislativo pode ser bom. A partir disso você vai pegando algumas expressões que vão tornar mais fácil a compreensão. 

Direitos Humanos também tem grandes chances de cair, até porque é cobrado também em quase todos os concursos de carreiras policiais. Na Enapol, temos material de preparação. Também acredito que virão disciplinas de Segurança Institucional (segurança de áreas e instalações, armamento, noções básicas de inteligência etc). 

Na Enapol já estamos montando as nossas matrizes de segurança institucional. Mas enquanto isso eu recomendo um livro muito bom que é, inclusive, usado como base pelas bancas examinadoras para fazer provas: o Seguranca Corporativa Estrategica, do Marcos Mandarini. Ele está esgotado nas editoras, mas é possível encontrar em algumas bibliotecas, principalmente nas institucionais. 

Como lá no projeto básico tem “disciplinas relacionadas ao cargos” e como elas também foram cobradas na Câmara, acho sim que é uma grande tendência. É uma posta, mas pode ser um grande diferencial competitivo na preparação. 

FOLHA DIRIGIDA - O QUE ESPERAR DA PROVA DISCURSIVA EM RELAÇÃO A TEMAS?

Diego Fontes - Na redação, sempre apostem em temas que estão na Ordem do Dia. Só que não é só ficar acompanhando jornal, não é isso. É pegar um tema da atualidade e ter uma abordagem que não seja jornalística, mas que seja uma discussão mais aprofundada. Que abranja as matizes daquele fenômeno. 

Por exemplo, quando falamos de Fake News, você pode trazer discutir do ponto de vista que temos hoje no Senado uma comissão parlamentar de inquérito, talvez a principal, que tem estado muito nos noticiários. É um tema forte? Sim. Mas falar sobre fake news não é só falar sobre essa abordagem que é um lugar comum. 

Explore temas mais profundos, como a era da pós verdade. Esse fenômeno de massificação das redes sociais, que o algoritmo provoca as chamadas bolhas ideológicas. Que não deixam de ser, na verdade, um mecanismo para que o usuário se mantenha mais tempo conectado, por interesses econômicos. 

Em relação à pandemia também. Vamos tratar de temas mais profundos, mudanças de hábitos e comportamentos, evoluções tecnológicas, mudança no mercado de aviação, por exemplo (as principais empresas vendem para viagens de negócio. E agora que todo mundo aprendeu a fazer reunião via Zoom e Skype?). 

Esses são tipos de discussões mais profundas. Ou seja, você olha para o tema da atualidade e vê ali uma implicação sobre a qual possa dar sua opinião no texto dissertativo. 

Na primeira fase, temos as provas objetivas e discursivas. No meu concurso teve questão discursiva, mas neste, como disse, acredito que não vai ter. Depois temos o teste físico, entrega de documentação para a investigação social, psicotécnico e, por fim, curso de formação. 

Mas o curso de formação, como já falamos aqui, acreditamos que não será uma etapa do concurso, mas sim algo a que o candidato se submeteria após contratado. Porque nós tivemos uma péssima experiência com o curso que a FGV deu para nossos policiais e o Senado acabou tendo que fazer um outro curso de formação. 

E o projeto básico veio com essa informação, de que o curso seria somente depois do candidato já nomeado. 

Com relação a teste físico, no meu concurso, teve a questão do percentual de gordura. Então é legal “ficar no shape” (em forma). Porque se a história se repetir, você nem faz a prova se não estiver com o percentual de gordura dentro do ideal. 

Na Enapol, agora com a flexibilização da quarentena aqui no DF, nós inclusive vamos voltar a fazer nossos encontros presenciais para treinar para o TAF. As quatro provas físicas são flexão, abdominal remador, barra e corrida de 12 minutos. 

FOLHA DIRIGIDA - COMO FOI O CURSO DE FORMAÇÃO? QUE TIPO DE TREINAMENTO FOI REALIZADO?

Diego Fontes - O curso de policial do Senado (não esse da FGV, porque esse não conta) tem tiro, mais de mil disparos, com corpo qualifico, aulas teóricas, treinamento de controle civil, defesa pessoal (luta livre, imobilização que é muito importante). 

Enfim é um curso muito completo, tem aulas até de Direito só que focadas no inquérito policial (nossos inquéritos são muito desenvolvidos e, inclusive, muito elogiados pelo MPF). Então é um curso que contempla todas as áreas nas quais o policial possa ser lotado.

 FOLHA DIRIGIDA - QUANTO TEMPO DUROU ESSA CAPACITAÇÃO?

Diego Fontes - Acredito que em torno de 60 dias.

FOLHA DIRIGIDA - E SOBRE O PORTE DE ARMAS? 

Diego Fontes - É permitido em serviço, fora de serviço e em todo o território nacional. Você pode também ter sua arma particular. 

FOLHA DIRIGIDA -  EM RELAÇÃO A SALÁRIOS E BENEFÍCIOS? COMO VIRÁ NESTE PRÓXIMO CONCURSO? 

Diego Fontes - É uma remuneração muito boa, dá para pagar os boletos tranquilamente. Se você tem uma vida financeira equilibrada, terá muito conforto. A remuneração bruta é de quase R$20 mil, iniciais. 

Fora isso tem, por exemplo, adicionais de qualificação e especialização. Diária em casos de viagem. Hora extra. E ainda a possibilidade de exercer uma outra atividade privada, desde que não seja sócio-administrador você pode, por exemplo, atuar em outra empresa. 

Eu Diego, não trocaria meu cargo por praticamente nenhum. Porque nenhum deles me dará a condição de vida que eu tenho hoje. Me permitindo, por exemplo, me dedicar a dar aulas, fazer o que amo fazer, além de ser policial legislativo. Só tem um cargo que hoje eu faria: o de consultor legislativo, na área de inteligência, por uma questão de realização profissional. 

O policial ainda tem aposentadoria especial e tivemos recentemente um parecer mantendo nossa integralidade. Para você ter uma ideia antes das mudanças previdenciárias eu aposentaria com 48. Agora, com a mudança, passo a aposentar com 55. 

Mesmo assim são 10 anos a menos em relação à idade mínima dos outros cargos. É um dos melhores cargos, se não o melhor. Para você que está em casa, vale a pena sonhar e concretizar. E pode contar com a Enapol.

FOLHA DIRIGIDA - VOLTANDO NO TEMA PREPARAÇÃO, O PACOTE ANTICRIME PODE CAIR NA PROVA TAMBÉM? 

Diego Fontes - Não só pode, como será. Ele já está em vigor. Quando falo pacote anticrime, eu digo os conteúdos correspondentes que foram modificados. 

Por exemplo, dentro do código de Processo Penal, a parte que foi modificada vai cair. Claro que tem uma parte suspensa ainda, por uma decisão liminar do STF, talvez até lá isso já tenha sido resolvido. Mas as demais partes com certeza devem cair. 

FOLHA DIRIGIDA - QUAL A ORIENTAÇÃO FINAL PARA QUEM VAI FAZER ESSE CONCURSO?

Diego Fontes - Concurso não é apenas preparação técnica. Isso é só um dos aspectos da preparação. Também é preciso observar os outros pilares, como o psicológico. O Cebraspe, por exemplo, é uma banca que exige frieza do candidato. 

Então, nesse pilar, a dica que eu dou é: tenha uma visão de futuro. Se não tiver essa visão, se não acreditar em chances reais de ser aprovado, você não vai nem mesmo se esforçar. Isso é um gatilho psicológico. 

E é um processo diário. Todos os dias mentalize a sua aprovação. Como é uma preparação intensa, exige também uma intensa força mental. No Enapol nós temos não apenas o atendimento individualizado, mas o chamado ‘mente blindada’. No qual o candidato tem um atendimento individual e especializado de psicanalítica. Se você chegar na prova com esses dois aspectos trabalhados, será aprovado.