Os candidatos apontam ainda falta de detectores de metais, uso de celular e itens proibidos no edital, assim como atraso para o início da avaliação.
Os concorrentes também manifestam indignação com a alta cobrança das provas destinadas a um cargo de nível médio.
Diversas denúncias já foram protocoladas no Ministério Público do Paraná, apontando que as irregularidades confrontam os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e isonomia.

TJ do Paraná realiza concurso para novos técnicos judiciários
(Foto: Divulgação)
A reportagem do Qconcursos Folha Dirigida entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Paraná, que disse que irá apurar as eventuais irregularidades.
"A aplicação da prova é de responsabilidade da banca Instituto AOCP, contratada para conduzir o certame. O TJPR irá averiguar os relatos recebidos para apurar eventuais irregularidades".
Já o Instituto AOCP respondeu que realizou treinamento com as oito mil pessoas responsáveis pela aplicação das provas e que as regras de segurança foram aplicadas, incluindo o uso de detectores de metais.
Segundo a banca, alguns candidatos foram eliminados, sendo informados sobre a desclassificação no momento da ocorrência. Veja a nota na íntegra:
"O Instituto AOCP, organizadora contratada para a realização do Concurso Público do TJPR, com 15 anos de experiência em todo o país, cumpriu rigorosamente todos os preceitos legais e de segurança para a aplicação da prova objetiva, realizada no dia 24 de agosto. O exame foi aplicado simultaneamente em 10 cidades do estado do Paraná, atendendo a um total de 108.215 candidatos inscritos. Trata-se de um concurso de grande porte, que contou com uma equipe composta por mais de oito mil pessoas diretamente envolvidas na aplicação, incluindo 5.500 fiscais de sala. Toda a equipe recebeu treinamento adequado, com suporte de material impresso, para assegurar o cumprimento do cronograma de atividades durante a realização do certame. As regras de segurança foram rigorosamente aplicadas, incluindo o uso de detectores de metais. Em razão disso, alguns candidatos foram eliminados, sendo informados sobre a desclassificação no momento da ocorrência. A divulgação da quantidade de eliminações cabe apenas ao órgão contratante. Aos candidatos, caberá prazo recursal, em momento oportuno, conforme cronograma de execução do certame. Por fim, todos os candidatos foram atendidos em locais adequados para a realização da prova, com a entrega de folhas de respostas e cadernos de questões devidamente lacrados, garantindo o sigilo e a integridade do processo. Todas as condições necessárias foram asseguradas para garantir a avaliação justa de todos os participantes".
Confira relatos sobre as provas do concurso TJ PR
Nas redes sociais do próprio Tribunal de Justiça do Paraná, candidatos apontaram problemas nas provas do concurso. Como, por exemplo, a falta de preparo dos fiscais e a permissão do uso de itens proibidos no edital.
Veja relatos:
"Na minha sala, os fiscais não desclassificaram um rapaz que o telefone ficou tocando durante a prova. E outro estava usando relógio. Eu avisei e o fiscal não fez nada".
"Sem detector de metais, sem locais marcados, fiscais de prova completamente despreparados que não deram as instruções básicas para a realização da prova e as que deram estavam equivocadas. Sem falar nos que foram ao banheiro e queriam levar o celular junto".
"Prova que começou com 20 minutos de atraso. Caderno de questões sendo entregue de forma desordenada, permitindo que alguns iniciassem antes. Ausência de detectores de metais. Candidatos conversando no banheiro".
"Despreparo dos aplicadores, ficavam a todo momento nos interrompendo para passar informações que deveriam ter sido passadas no início da prova, entrando organizadores de fora da sala para conversarem e tirarem dúvidas dentro da sala em meio a todos fazendo prova, isso tira a atenção e atrapalha muito, ainda mais uma prova dessa, que de nível médio técnico não tinha nada, totalmente voltada para advogados já formados realizando prova para magistratura. Com certeza".
"Na minha sala tbm tinha celular vibrando o tempo todo, a prova começou atrasada e as fiscais não paravam de falar".
Segundo relatos, diversos candidatos podiam entrar juntos no banheiro, o que permitia a troca de informações sobre as questões da prova.
"Sem contar a bagunça na hora de ir ao banheiro, muita gente aguardando no meio do corredor e só uma pessoa passando detector de metal. Além disso, dentro do banheiro não havia fiscais, então os candidatos poderiam 'trocar figurinhas', caso quisessem", disse uma concorrente.
Candidatos foram avaliados por provas objetiva e discursiva
Os inscritos foram avaliados por meio de provas objetiva e discursiva.
Na parte objetiva, foram cobradas 60 questões de múltipla escolha, distribuídas entre os seguintes conteúdos:
- Língua Portuguesa – 8 questões;
- Matemática/Raciocínio Lógico – 8 questões;
- Noções de Informática – 8 questões;
- Legislação – 6 questões;
- Noções de Direito Constitucional – 5 questões;
- Noções de Direito Administrativo – 5 questões;
- Noções de Direito Civil – 5 questões;
- Noções de Direito Processual Civil – 5 questões;
- Noções de Direito Penal – 5 questões; e
- Noções de Direito Processual Penal – 5 questões.
A prova discursiva, por sua vez, exigiu a produção de um texto de 15 a 30 linhas, baseado em tema apresentado no momento da avaliação.
Dos mais de 108 mil inscritos no concurso, 72 mil compareceram às provas.
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O Tribunal de Justiça do Paraná oferece, neste concurso, 60 vagas para técnicos judiciários, cargo que requer apenas o ensino médio completo.
A remuneração é composta pela soma do vencimento básico de R$7.082,99, com o auxílio-alimentação de R$2.500, totalizando R$9.582,99.
Ao final da carreira, o valor poderá chegar a R$14.614,43, sendo R$12.114,43 de vencimento básico mais R$2.500 de auxílio-alimentação. Vale ressaltar que esses valores poderão passar por reajustes ao longo dos anos.
O aprovado também terá direito ao auxílio-saúde, cujos valores variam de R$568,11 a R$3.408,34, e ao auxílio-creche para filhos com idade entre seis meses e cinco anos.
