Para a ministra, o fim dos supersalários é uma medida para garantir a justiça e evitar discrepâncias.
Membros do governo decidiram enviar um novo projeto ao invés de seguir com o PL dos supersalários que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e estava parado no Senado Federal.
Governo irá propor novo projeto sobre supersalários de servidores
(Foto: Marcello Casal Júnior/Agência Brasil)
Na avaliação do governo, o PL que já está em tramitação determina 32 exceções ao texto e não enfrenta as distorções quanto às gratificações de caráter indenizatório, que podem furar o teto constitucional.
"Essa lei única vai valer para todos os poderes e todas as esferas. Também faremos um debate com a sociedade para que a gente possa discutir o que fica dentro do teto e não fora. Será uma lei complementar que passa a ser uma lei única, que precisa de quórum alto (no Congresso) e que deve ser pactuada para ser aprovada", afirmou a ministra Esther Dweck.
Chegou a maior Black Friday dos concursos. Clique aqui para receber as melhores ofertas!
Exceções ao teto salarial estão em discussão
Ainda não foram informadas quais carreiras serão as exceções ao teto constitucional na nova proposta. Segundo divulgado pelo portal Jota, o Executivo já tem suas sugestões para levar ao debate.
"A lei que está hoje em tramitação, ao contrário do que dizem, ela já teria impacto positivo, mas têm coisas que a gente acha que deveriam estar dentro do teto. O nosso objetivo aqui é uma questão de Justiça e trazer todo mundo para uma única lei que vai definir o que está dentro e fora do teto", apontou a ministra.
Um estudo da República.org, que integra o Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público 2024, indica que o percentual de magistrados ativos e inativos que ultrapassou o teto salarial em pelo menos um mês foi de 83% em 2018 para 92% em 2024.
O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, concordou nesta sexta, 28, que a combinação do projeto dos supersalários e reestruturação da carreira é "uma boa concertação".
“É muito importante combater supersalários, combater excessos. Não se pode romper o teto”, apontou Pacheco.
O que prevê PL dos supersalários em tramitação?
Apesar de o governo elaborar uma nova proposta, já existe um PL dos supersalários em tramitação no Congresso Nacional.
O texto busca limitar que os aprovados em concursos públicos ganhem além do teto constitucional, por meio de auxílios e indenizações. O PL lista quais tipos de pagamento podem ficar de fora do teto do funcionalismo.
De acordo com o texto, 32 tipos de pagamentos são considerados indenizações, direitos adquiridos ou ressarcimentos e ficam fora do teto. Porém, há limites em alguns deles.
O projeto permite os seguintes pagamentos para os aprovados em concursos públicos:
- até 10% do teto aplicável ao agente por participação na organização ou realização de concurso público ou como instrutor de capacitação mantido por órgão público;
- adicional de férias de 1/3 constitucionais limitados a 30 dias de férias;
- férias não gozadas;
- licença-prêmio não usufruída;
- aviso prévio proporcional ao tempo de serviço;
- abono permanência em valor equivalente à contribuição previdenciária;
- contribuições pagas pela pessoa jurídica a programa de previdência complementar, aberto ou fechado;
- indenização de despesas para o exercício de mandato eletivo;
- auxílio-invalidez;
- gratificação pelo exercício de função eleitoral (mesário);
- para o serviço exterior, a indenização de representação no exterior, o auxílio familiar, a ajuda de custo, as diárias e o auxílio-funeral previstos em lei específica;
- restituição de valores indevidamente descontados com correção monetária e juros de mora;
- correção monetária e juros de mora incidentes sobre parcelas em atraso, respeitando-se o teto na soma do já pago e do devido;
- indenizações mensais para tropa e funções de comando no exterior;
- auxílio para despesas com deslocamento e instalação em missões no exterior;
- ajuda de custo devida a militar na transferência para a inatividade remunerada, limitada a quatro vezes a remuneração mensal;
- compensação devida ao militar temporário das Forças Armadas quando de seu desligamento;
- auxílio-fardamento;
- adicional de compensação orgânica de 20% do soldo para policiais militares;
- gratificação de representação devida a militar ou policial militar pela participação em viagem de representação, instrução ou emprego operacional limitada a 2% do soldo por dia;
- licença especial para militares ou policiais militares após a demissão, a passagem para a inatividade ou o falecimento.
As regras se aplicariam aos agentes públicos de todas as esferas de governo (federal, estadual, distrital e municipal).
As medidas seriam válidas para todas as esferas de Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), incluindo-se Ministério Público, Defensoria Pública, contratados temporários, empregados, aprovados em concursos públicos.
Assim como dirigentes de empresas públicas que recebem recursos dos governos (dependentes) para pagar salários e custeio, militares e policiais militares, aposentados e pensionistas.