Concursos Tribunais: Ferdinando Scremin conta sua trajetória
Professor do Qconcursos, Ferdinando Scremin conta um pouco de sua trajetória em concursos até chegar à magistratura no Tribunal de Justiça do Paraná.
Carreiras
Autor:Mateus Melis
Publicado em:21/08/2024 às 15:00
Atualizado em:21/08/2024 às 14:39
A magistratura é uma das carreiras mais procuradas por estudantes e profissionais formados em Direito. Para alcançá-la, é necessário muito estudo e, principalmente, resiliência para obter a aprovação no tão sonhado concurso público.
Ferdinando Scremin, professor do Qconcursos, hoje é juiz titular do Tribunal de Justiça do Paraná. Mas, para alcançar a sonhada carreira, o caminho não foi fácil.
Ao longo de sua trajetória, passou por diversas carreiras e órgãos até chegar ao posto de juiz do TJ PR, onde está há pouco mais de 10 anos.
"Eu contei pelo menos oito reprovações em concursos para a magistratura e três aprovações: Paraná, São Paulo e Alagoas. Mas fiz uma escadinha antes. Fui técnico judiciário da Justiça Federal, depois analista do MPU, delegado de polícia e, só então, cheguei à magistratura em 2008", destacou em entrevista publicada em fevereiro de 2023.
A decisão de encarar concursos públicos veio quando ainda era estudante de Direito. Já com a aprovação na OAB, Scremin ainda não sabia em qual seleção seria aprovado e nem qual cargo escolher.
Com a divulgação do edital do concurso público do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4/RS, SC e PR), com vagas para técnicos e analistas, a primeira opção escolhida foi a de direcionar o foco somente para o cargo de nível superior.
No entanto, um importante conselho mudou o rumo de sua escolha.
"Na minha vontade, eu, bacharel em Direito, cheguei em casa e falei com minha mãe que ia fazer só para analista. Foi aí que ouvi o conselho de mãe. Ela falou: 'baixa a sua crista, engole o seu orgulho e vai fazer para técnico sim'", lembrou.
Com ajustes nos estudos, sobretudo em conhecimentos de Raciocínio Lógico, a aprovação para o quadro de técnicos veio com a 7ª colocação na seleção.
Para analista, a aprovação também veio, mas Scremin não obteve nota suficiente para entrar nas vagas.
"A aprovação aconteceu no segundo semestre e tomei posse no final de 2004 como técnico judiciário. E aí, como presente para a família, paguei uma viagem para o Nordeste", contou.
Curiosamente, na viagem em família para Maragogi AL, Scremin lembrou que, em conversa com o pai, disse que seria um sonho ser aprovado por ali.
Quatro anos depois, em 2008, essa aprovação veio para o Tribunal de Justiça de Alagoas, na carreira da magistratura.
Até chegar à magistratura no TJ AL, vieram aprovações no Ministério Público da União (MPU) e também na Polícia Civil de Mato Grosso (PC MT), para a carreira de delegado.
O curso de formação para delegado ocorreu concomitantemente ao concurso do TJ AL para juiz. Neste caminho, Scremin reforçou a importância da resiliência na busca pelo objetivo principal.
Foi necessário fazer esforços para as etapas da seleção, principalmente na gestão do tempo entre os estudos para o TJ AL e a Academia de Polícia.
"Fui para a prova de sentença enquanto fazia a academia de polícia e estudava quando voltava da academia, por volta das 22h/23h até 00h/01h, o que eu aguentava. Cuiabá MT, faz muito calor, Maceió, AL, também, mas nem se compara, e aí nós tínhamos atividades físicas e educacionais todo dia. Era cansativa a academia de polícia. Estudei e tomei posse".
"As dificuldades constroem muito mais que as vitórias"
Na atuação como juiz de direito em Alagoas, Scremin foi lotado no alto sertão, na comarca de Água Branca.
Sobre a época, o magistrado destacou as dificuldades encontradas por lá, como a realidade da seca, em que a água chegava nos dias de terça e sábado.
"A água para beber nós comprávamos. A água para casa e banho era a água bombeada do São Francisco, duas vezes por semana, em cisterna. De vez em quando entrava morcego, entrava bicho, a água ficava naquelas condições, mas era o que tinha. Só quem viveu essa experiência, que vivi com 26 anos de idade, sabe o quanto isso contribuiu para o meu crescimento. As dificuldades constroem muito mais do que as vitórias".
Para o juiz, não há receita mágica para o sucesso. E a espera, unida ao bom trabalho na preparação, é importante para trilhar o caminho da aprovação.
Ferdinando Scremin conta sua trajetória nos concursos
(Foto: Divulgação)
Dia a dia do juiz do TJ PR
Após atuar cinco anos na magistratura de Alagoas, Scremin decidiu retomar os estudos e buscar ficar mais próximo de casa.
Foi então que começou a preparação para os concursos da magistratura de São Paulo e Paraná. A aprovação veio para os dois órgãos.
Nesta nova jornada, Scremin já iniciou a preparação com o apoio da tecnologia.
"Entre a prova do Paraná e de São Paulo, primeira fase, tivemos um intervalo de uma semana. Na reta final, tive um insight e entrei no Qconcursos, imprimi apostilas temáticas e, na última semana, estudei. Na segunda, estudei Civil e Processo Civil; na terça, Penal e Processo Penal; na quarta, Constitucional e Administrativo; na quinta, Tributário e Empresarial; e, na sexta, alguma matéria do edital. Fiz só resolução de questões na semana derradeira".
Nas aprovações para as magistraturas do TJ SP e TJ PR, Scremin atribuiu o sucesso à estratégia de estudar as questões e aprender com os erros, pegadinhas, e dicas sobre onde ter mais atenção, além do estudo de doutrinadores clássicos do Direito.
O ingresso na carreira de juiz no TJ PR veio em julho de 2014, onde está até então.
Sobre o dia a dia como juiz, Scremin pontua que a atuação é mais burocrática, com rotina.
O magistrado trabalha com pauta de audiências, gestão da unidade judiciária, gestão de pessoas, fluxos e procedimentos, sendo uma carreira mais previsível que a de um delegado, por exemplo.
Na atuação do juiz, Scremin destaca, sobretudo, a importância do magistrado contar com uma boa equipe administrativa por trás.
"Esse é um dos predicados esperados de um juiz: saber delegar. Tudo vai encaminhar para o juiz. A caneta está na mão de uma pessoa só, que tem que gerir 20 ou 30 pessoas, às vezes. Numa comarca inicial, você trabalha facilmente com 50 pessoas. Eu tenho três assessores e dois estagiários. Então, diretamente comigo, são cinco pessoas em um fluxo que oscila em quase mil processos despachados", destacou.
Apesar de ainda não haver a escolha da banca, a expectativa indicada no projeto básico é para as provas sejam aplicadas já no próximo mês de outubro.
No entanto, ainda sem o edital, os prazos podem sofrer alterações. De acordo com o projeto básico, os candidatos serão avaliados por meio de provas objetiva e dissertativa. A primeira etapa contará com 60 questões.
Para ser considerado aprovado, o candidato deverá obter, no mínimo, 70% do total de pontos previstos.
O novo concurso TJ PR ofertará 60 vagas para o quadro de técnicos. A seleção deverá ser feita no formato regionalizado, possibilitando a distribuição dos aprovados entre as comarcas da Justiça estadual.
No momento, o salário inicial do aprovado será de R$6.556,14.