46% dos brasileiros tiveram redução de renda na pandemia, diz Datafolha

Entre informais, 61% perderam renda familiar

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Publicado em:20/08/2020 às 12:30
Atualizado em:20/08/2020 às 12:30

A pandemia do novo Coronavírus acarretou em diversos problemas econômicos e, com isso, muitos brasileiros perderam parte da renda. Segundo pesquisa do Datafolha, 46% da população tiveram redução nos ganhos

Do total de entrevistados, 45% disseram que a renda familiar ficou igual a antes da pandemia, enquanto 9% tiveram aumento no rendimento. Os trabalhadores informais foram os que mais sentiram o impacto da crise: 61% perderam renda. Em seguida, estão os empresários (56%) e os autônomos (54%).

Analisando por faixa de renda, enquanto menor o rendimento, maior o percentual de quem teve redução de ganhos. Entre os trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, 48% perderam parte da renda.

Já para os trabalhadores com renda de dois a cinco salários, o percentual é de 46%, caindo a 36% para os profissionais que recebem entre cinco e dez salários e a 34% para aqueles com ganhos acima de dez salários. 

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Entre os 9% que disseram ter aumento na renda, o Nordeste registra maior percentual (15%), seguido pelo Centro-Oeste e Norte (12%). Uma das explicações para esse crescimento de ganhos é o auxílio emergencial

Isso porque, antes da pandemia, o Nordeste e Norte concentravam a maior proporção de pessoas em extrema pobreza (com renda per capita menor a R$145), de acordo com dados do IBGE.

O auxílio emergencial fez com que muitas dessas pessoas passassem a ter uma renda maior do que tinham antes da crise, uma fez que o valor pode chegar a R$1.200 por família. Antes, apenas com o Bolsa Família, o benefício recebido era, em média, R$190.

Em 40 anos, o Brasil apresenta o menor número de brasileiros em situação de extrema pobreza, segundo estudo feito pela Fundação Getulio Vargas.

 

Entre informais, 61% perderam renda durante a pandemia
(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

 

39% tiveram jornada de trabalho reduzida

39% dos trabalhadores de carteira assinada e funcionários públicos tiveram jornada de trabalho reduzida. Os profissionais com mais de 60 anos - que fazem parte do grupo de risco - foram os que mais relataram redução de jornada (54%).

Os trabalhadores com menor renda foram os que mais tiveram carga de trabalho reduzida. Entre aqueles que recebem até dois salários mínimos, o percentual é de 42%, enquanto entre os que tem renda acima de dez salários é de 16%.

Geralmente, os cargos com maior remuneração têm mais possibilidades de trabalhar em home office, o que justificaria essa discrepância.

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Segundo dados do IBGE, em junho, 37% dos profissionais com ensino superior ou pós-graduação estavam trabalhando de casa, enquanto entre aqueles sem instrução ou fundamental incompleto esse percentual era de 0,6%.

A pesquisa do Datafolha foi realizada entre os dias 11 e 12 de agosto e o instituto ouviu 2.065 pessoas. A margem de erro é de até dois pontos percentuais.

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