Empreendedorismo feminino deve crescer com a crise econômica
Busca por crescimento e autonomia são as principais razões
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Publicado em:20/07/2020 às 15:00
Atualizado em:20/07/2020 às 15:00
Elas representam três quartos do trabalho não remunerado, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). E, apesar de serem mais capacitadas do que os homens, ganham até 17% menos, ainda que ocupem a mesma posição.
Isso sem falar na falta de oportunidades de crescimento profissional. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que poucas exercem cargos de comando nas empresas (38%) tanto públicas quanto privadas.
Com a crise econômica gerada pela pandemia do novo Coronavírus, a expectativa é de que a desigualdade do mercado de trabalho se agrave ainda mais. E qual a saída? Muitas mulheres vêm apostando no empreendedorismo.
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e pequenas empresas, o Sebrae, já são mais de 9 milhões de brasileiras à frente de um negócio. Autonomia, crescimento e o retorno financeiro são alguns fatores que as estimulam ir para o caminho do empreendedorismo.
"Eu trabalhava como vendedora em uma concessionária de automóveis e sempre havia clientes que não queriam ser atendidos por mulheres por acharem que não entendíamos de carro. Foi quando a minha cunhada sugeriu de fazermos o curso de cabeleireira e abrirmos o nosso salão. Me identifiquei de imediato com a área e logo no começo já estava conseguindo atender as minhas clientes, obtendo um rápido retorno financeiro. Por me sentir tão valorizada como cabeleireira, consigo evoluir muito mais em minha profissão e em minha vida pessoal", revela a ex-vendedora Erenilda Ludtke, 36 anos, que se sentia desvalorizada em seu antigo trabalho.
Histórias de desvalorização e preconceito de gênero no mercado de trabalho são muitas. Ana Paula, de 31 anos, conta que trabalhava na linha de produção de uma gráfica, mas tinha um salário bem menor que os homens que exerciam a mesma função.
"Eu decidi fazer o curso de manicure após ficar desempregada e estar insatisfeita com a minha antiga área de atuação. No setor de beleza obtive mais benefícios, como conseguir montar o meu próprio negócio, ter horário flexível e me sentir valorizada. Além disso, o retorno financeiro é muito bom, considero esse setor como um dos que mais dá dinheiro", afirma.
Diante desse cenário, o sonho de ter o próprio negócio e conquistar independência financeira é bem comum entre as mulheres.
E o mercado da beleza tem facilitado a realização desse sonho. Não à toa, dos mais de 2 milhões de alunos formados pelo Instituto Embelleze, nos últimos 16 anos, 80% são mulheres.
Segundo a maior rede de franquias da América Latina voltada para a formação profissional em beleza, muitas chegam às escolas da rede com esse objetivo.
Nos cursos de cabeleireiro e manicure, por exemplo, oferecidos pelo instituto, as alunas são encorajadas a empreenderem como forma de chegarem ao mercado de trabalho confiantes de que podem exercer qualquer função que desejarem.
O Brasil tem mais de 9 milhões de mulheres donas do próprio negócio
(Foto: Pixabay)
XP assume compromisso em ter pelo menos 50% de mulheres no quadro de funcionários
A XP Inc., uma das maiores instituições financeiras do Brasil, é a primeira empresa do país a assumir compromisso público de equidade de gênero entre todos os seus colaboradores.
Com 2,6 mil colaboradores, a empresa tem como meta ter, ao menos, 50% de mulheres em seu quadro de funcionários até 2025, em todos os níveis hierárquicos.
"Entendemos o contexto histórico da nossa sociedade e desse mercado, que hoje não atrai ou favorece a presença feminina, e o nosso intuito é derrubar essas barreiras. Mais mulheres no mercado financeiro também significa mais empoderamento de suas finanças, que é uma ferramenta de liberdade", destaca Marta Pinheiro, sócia e diretora de ESG da XP Inc.
Para cumprir o objetivo, a companhia já está implementando algumas ações:
Criação do coletivo feminino MLHR3, além do fomento de grupos/comunidades internas para discussões e implementação de ações;
Treinamento para lideranças;
Treinamento para preparar todos os colaboradores que realizam processo seletivo;
Mentoria de carreira para mulheres;
Acompanhamento de KPIs de promoções e remuneração entre os gêneros;
Revisão de políticas internas - ajuste da nomenclatura das vagas e avaliação de desempenho;
Canal aberto para participação e discussão;
Parcerias para desenvolvimento de mulheres e para dar suporte à inclusão, a começar pelo Reprograma, iniciativa de formação de mulheres para trabalhar com programação;
Licença maternidade e paternidade estendida;
Possibilidade de trabalho remoto para todos os colaboradores, de acordo com o que for melhor para cada profissional.
Atualmente, o percentual feminino na empresa é de 22% e, até o fim de 2020, o número de funcionários deve chegar a 3.100.