Home office com os dias contados? É o que diz o LinkedIn. Entenda!

Líderes e colaboradores estão ansiosos para voltar ao presencial

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Publicado em:30/07/2020 às 08:06
Atualizado em:30/07/2020 às 08:06

A chegada da pandemia do novo Coronavírus no Brasil causou um impacto drástico nos hábitos e formas de trabalhar. E um dos pontos mais significativos de mudança foi o home office

Esse modelo de prestação de serviço, moderno e já realizado amplamente em outros países, era tímido, mas estava crescendo por aqui. Acontece que com as medidas de distanciamento social, a mudança foi brusca. 

Nos últimos quatro meses, trabalhar em casa “deixou de ser uma tendência moderninha adotada pelas empresas e virou uma prática comum na maioria das organizações”, como lembra Bruna Lofego, CEO da CWK Coworking e especialista em coworking. 

E, sim, é verdade que boa parte dos profissionais estão satisfeitos e que muitos pretendem até permanecer trabalhando. Um estudo recente da Robert Half, com mais de 800 trabalhadores, apontou que mesmo trabalhando mais, 86% dos entrevistados querem continuar em home office.

Em outra pesquisa, realizada pela ISE Business School, 80% dos líderes estão satisfeitos com essa nova forma de trabalhar. Então, essa tendência deve crescer ainda mais no mercado e vir para ficar, certo? Bem, não é isso que diz a última pesquisa promovida pelo LinkedIn, plataforma que conecta profissionais no mercado, com mais de 2 mil pessoas.

Diferente dos demais, esse último levantamento mostrou que 62% dos profissionais na ativa em casa estão mais estressados em meio à quarentena. Não só os líderes, mas também colaboradores estão ansiosos para voltar ao trabalho presencial quando tudo se normalizar.

Por isso, Bruna Lofego compara a alta do home office com a febre das paletas mexicanas, que deram um salto de vendas há alguns anos, mas alerta que as empresas tomem cuidado com os possíveis cenários que vão surgir no pós-pandemia:

“Podemos classificar o atual momento como o mesmo período em que surgiu a onda das paletas mexicanas: chegaram com um diferencial, algo inovador e gourmetizado pela sociedade. (...) Entretanto, bastaram dois verões para que elas se transformassem em picolés mexicanos e ocupassem geladeiras de mercados e padarias, junto com os picolés tradicionais.”

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Especialista compara febre do home office à febre das paletas mexicanas
(Foto: Pixabay)

Especialista alerta empresas que investem pesado no home office

Sim, é verdade que o processo de transformação digital, absorvido compulsoriamente pelas corporações por conta da pandemia, contribuiu para que líderes passassem a valorizar ainda mais seus colaboradores dentro das casas.

E, também, como já mencionado em outras pesquisas, é certo que esse modelo de trabalho vai crescer daqui para frente, por ser mais barato e confortável. Mas as empresas e líderes precisam levar em conta o cenário como um todo. 

Para a especialista em trabalho remoto, quem está investindo pesado no home office precisa ficar atento a este tipo de onda contrária, como mostrou pesquisa do LinkedIn. E para ajudar ela ainda lembra:

“É necessário entender que home office e trabalho remoto são conceitos diferenciados. Enquanto o primeiro é executado dentro de casa o outro pode ser de qualquer local, com um ambiente mais corporativo, acolhedor e privado.”

Pesquisas como a do LinkedIn apontam, diz a especialista, que o trabalho dentro de casa tem desencadeado doenças como síndrome de burnout, ansiedade e depressão. A falta de produtividade também já é sentida por gestores. 

Ela acredita que isso acontece porque acumulam-se tarefas que não aconteceriam em um ambiente profissional. Já o trabalho remoto, que pode ser prestado dentro de um coworking, por exemplo, ou mesmo em outros ambientes, é visto por ela como uma outra saída. 

Nele, o profissional tem contato com outras pessoas fora da bolha social, absorve a cultura organizacional, tem maior concentração com tarefas corporativas e menos estresse causado pelo excesso de tempo dentro de casa.

“Um termômetro que endossa que o home office 100% tende a ser uma moda de ocasião é o número de empresas e empreendedores reservarem espaço de coworking. Donos deste modelo de negócio já começaram a sentir um aumento na busca por estes serviços, podendo ser desde salas individuais, compartilhada com equipes, como as famosas PAs (posto de atendimento).”

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De acordo com Bruna, em 2013, com a crise econômica, aconteceu algo parecido, quando muitos perderam seus empregos tradicionais e decidiram empreender. Ela conta que, de início, alguns começaram com escritório improvisado dentro de casa, mas depois se viram obrigados a migrarem para um coworking.

Justamente por entenderem que a concentração nas tarefas diárias era mais certeira do que dentro de casa.

“Obviamente, empresas não serão mais as mesmas após a pandemia, inclusive na forma de gerir seus colaboradores, podendo ser fisicamente ou de forma remota, mas é certeza de que quem apoiar o home office integral como um benefício, estará sujeito a sofrer o mesmo prejuízo de quem investiu em franquias de paletas mexicanas.”