Reforma Administrativa: relator propõe estatutário temporário

Deputado Pedro Paulo adianta proposta da Reforma Administrativa de criar vínculo estatutário por tempo determinado. Entenda!

Política e Concursos
Autor:Bruna Somma
Publicado em:04/09/2025 às 13:17
Atualizado em:04/09/2025 às 13:18

Os textos da Reforma Administrativa ainda não foram oficialmente apresentados. Mas o relator do grupo de trabalho na Câmara dos Deputados, Pedro Paulo (PSD RJ), já adiantou algumas propostas.


Uma das que apresenta maior divergência com o Governo Federal é a criação de um novo vínculo estatutário no serviço público por tempo determinado, com duração de até dez anos.


A ideia é que, com exceção das carreiras típicas de Estado, seja permitido fazer contratações por até dez anos, com a garantia de estabilidade.

“Se você tiver uma atividade muito específica e ela se acabar, qual o problema de não contratar mais? O gestor continua tendo a opção do concurso tradicional. A gente está só deixando uma possibilidade a mais”, disse Pedro Paulo na quarta-feira, 3.

De acordo com o deputado, existe a interpretação de que a proposta acabe com a estabilidade no serviço público.


Em entrevista ao Estadão/Broadcast, ele rechaçou esse argumento, invocando contratações públicas para funções que podem se tornar obsoletas em prazos de dez anos.

“Não vai acabar com a estabilidade, vai garantir a estabilidade pelo reconhecimento, porque existem carreiras que são exclusivas para servidores públicos”, disse.

Deputado Pedro Paulo adianta principais pontos da Reforma Administrativa

(Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)


Ainda conforme o relator, esse tipo de contratação já existe em casos específicos, como professores e militares.


A reportagem do Qconcursos Folha Dirigida apurou que o Governo Federal é contra essa proposta. Inclusive, é uma das principais polêmicas envolvendo a Reforma Administrativa.


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Tema é abordado em Comissão Geral sobre a Reforma Administrativa

Na quarta-feira, 3, foi realizada no Plenário da Câmara dos Deputados uma Comissão Geral sobre a Reforma Administrativa.


A reunião contou com a participação de parlamentares, membros do Governo Federal, dirigentes sindicais, professores e especialistas.


O deputado federal André Figueiredo, presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, expressou preocupação com possíveis retrocessos, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32, protocolada pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro.

“Uma questão que preocupa todos, de forma uníssona, é a questão de termos servidores estatutários temporários por dez anos. Essa estabilidade de dez anos preocupa todos. Há unanimidade contra”, afirmou Figueiredo, pedindo que o ponto seja retirado da pauta.

O coordenador do grupo de trabalho da Reforma, deputado Pedro Paulo, afirmou, durante sua fala na comissão, que a proposta tratará de outros vínculos, além do estatutário.

"Existem muitos núcleos de servidores públicos e até de sindicatos que ainda têm o sonho de que todo serviço público tem que ser composto por servidores estatutários. (...) não é assim que acontece na prática. O que a gente vê no Brasil são possibilidades de outros vínculos (…) nós vamos disciplinar, vamos permitir que o governo faça um banco nacional de temporários para que os municípios possam aderir, reduzir custos, mas que o contrato temporário possa ser previsto com o processo eletivo adequado para impedir, por exemplo, nepotismo, apadrinhamento nas contratações temporárias”.

O Fórum das Carreiras de Estado realizou uma Assembleia Geral, no dia 19 de agosto, em que a Reforma Administrativa foi abordada. As entidades afiliadas ao Fonacate avaliaram que a proposta é uma espécie de PEC 32 com "nova embalagem".

“Deram uma nova roupagem à PEC 32, com o objetivo de angariar apoio popular”, destacou o presidente do Fórum, Rudinei Marques.

Reforma prevê regulamentação de contratos temporários

A Reforma Administrativa prevê ainda a regulamentação de contratos temporários para o serviço público, sem a estabilidade.


Os contratos poderão durar até cinco anos, com um período de 12 meses de "quarentena" antes de uma possível recontratação. Os trabalhadores terão direitos como licença-maternidade e adicional de férias em contratos com duração superior a um ano.


Ainda há a proposta de um cadastro nacional para as contratações temporárias, em que será feito um processo seletivo e, à medida que os gestores precisarem, poderão usar esse cadastro de profissionais.

"Na nossa visão, é mais interessante fortalecê-lo (o contrato temporário) do que criar uma nova forma de contratação que pode ter riscos de precarização. Pode-se ter várias discussões sobre o contrato temporário, como a padronização de tempo, as regras para a entrada e a proteção àquela pessoa", afirmou a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.

Avaliação de desempenho e estabilidade são discutidas

A avaliação de desempenho dos servidores públicos também está no centro do debate. A Reforma Administrativa propõe que a progressão não seja mais baseada apenas no tempo de serviço.


O avanço acontecerá a partir da avaliação do desempenho individual. Um sistema de avaliação padrão será adotado em todos os poderes e esferas de governo.


Sobre a estabilidade, há um consenso de que o tema não será abordado.

"A estabilidade é uma proteção ao Estado, mas não pode ser uma proteção ao mau servidor. A estabilidade deve ser vinculada a um programa de avaliação de desempenho", disse a ministra Esther.

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Veja os principais pontos da nova Reforma Administrativa

As propostas da nova Reforma Administrativa devem ser divididas em quatro grandes eixos:

  • Governança, Gestão e Estratégia;
  • Recursos Humanos;
  • Transformação Digital; e
  • Privilégios no serviço público.

Serão protocolados três anteprojetos, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), um Projeto de Lei Complementar (PLC) e outro de lei ordinária.


O deputado Pedro Paulo já adiantou algumas medidas com impactos para os servidores públicos. Confira!

  • Avaliação de desempenho: a promoção na carreira não será mais baseada somente no tempo de serviço. O avanço acontecerá a partir da avaliação do desempenho individual. Um sistema de avaliação padrão será adotado em todos os poderes e esferas de governo, e cada carreira deverá ter, ao menos, 20 níveis para progressão.
  • Contratações temporárias: será criado um cadastro nacional para essas contratações. Os contratos poderão durar até cinco anos, com um período de 12 meses de "quarentena" antes de uma possível recontratação. Os trabalhadores terão direitos como licença-maternidade e adicional de férias em contratos com duração superior a um ano.
  • Bônus por resultado: funcionários poderão receber bônus se atingirem metas institucionais, desde que a situação financeira do órgão permita. Essa gratificação não se aplica a agentes políticos.
  • Teletrabalho: o limite para trabalhar remotamente será de um dia por semana, mas poderá ser estendido com uma justificativa formal. Haverá exceções para situações especiais, como problemas de saúde ou questões familiares.
  • Concurso Nacional Unificado: o CNU poderá ser usado para selecionar servidores para governos estaduais e municipais, com o objetivo de tornar o processo de seleção mais eficaz e transparente.
  • Concurso intranível: para determinadas carreiras será possível entrar em um nível mais alto. "Na medida que em estamos tornando obrigatório que cada carreira tenha no mínimo 20 níveis, vamos permitir que para determinadas carreiras, em caráter extraordinário, você possa ter um concurso intranível", disse o deputado Pedro Paulo.
  • Planejamento estratégico: governadores, prefeitos e o Presidente da República terão até 180 dias após assumirem o cargo para apresentar um plano de metas e indicadores para o mandato completo.
  • Fim dos privilégios: proibição das férias de 60 dias para juízes e promotores públicos e a regulamentação de 30 dias únicos de férias para todos os servidores.

Segundo o relator do grupo de trabalho, a Reforma Administrativa atingirá os atuais servidores públicos.


Em notas oficiais, entidades e sindicatos de diferentes categorias destacaram a falta de diálogo com os servidores para a construção da nova proposta da reforma. Veja os posicionamentos aqui!

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