Presidente do BB critica apenas escriturário como forma de ingresso

Em meio ao concurso BB, o presidente do banco, Rubem Novaes, criticou porta de entrada ser apenas escriturário e defendeu privatização.

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Publicado em:08/06/2020 às 13:35
Atualizado em:08/06/2020 às 13:35

O próximo concurso Banco do Brasil (BB) está previsto para este ano, com vagas para o cargo de escriturário. Apesar disso, o presidente do banco, Rubem Novaes, voltou a defender a privatização do BB nesta segunda-feira, 8. Além disso, mostrou-se contrário ao fato de o banco ter apenas o escriturário como porta de entrada.

A afirmação foi feita durante sua participação na comissão mista da Covid-19 do Congresso, para informar aos parlamentares as ações do Banco do Brasil no combate aos danos causados pela pandemia.

Durante sua participação, o presidente do Banco do Brasil afirmou que a instituição deve ter dificuldades de se adaptar aos desafios tecnológicos e de gestão diante das mudanças que o Banco Central (BC) analisa para o setor, o que inclui novos modelos de empresas financeiras, como as fintechs.

"O mundo bancário vai mudar radicalmente. As empresas bancárias serão cada vez mais empresas de tecnologia", avaliou.

Com base nas mudanças tecnológicas, o presidente do BB entende que, com "as amarras do setor público", o Banco do Brasil não terá a capacidade de adaptação necessária.

"Apesar de extremamente eficiente, ele [Banco do Brasil] compete com outros bancos com bolas de chumbo amarradas a seus pés", declarou, citando os mecanismos de controle ao qual o banco é submetido.


Escriturário como porta de entrada

O presidente ainda criticou a porta de entrada na instituição apenas por meio do cargo de escriturário. Segundo ele, é preciso ter pessoas cada vez mais com perfil tecnológico no banco, criticando assim o escriturário tradicional, carreira do BB.

"A porta de entrada do BB é um concurso de escriturário. Essa porta de entrada tem que ser alterada, tem que colocar gente cada vez mais com perfil tecnológico no banco", disse o presidente, que completou: "Essas transformações, que serão necessárias, serão feitas de maneira pouco adequada, se nós continuarmos presos às amarras do setor público. É pensando no benefício do banco que falo em privatização."

O deputado Mauro Benevides Filho (PDT) estranhou que Novaes tenha passado boa parte da sua apresentação inicial destacando títulos conquistados pelo banco como o de "Mais Inovador da América Latina", concedido pela revista Global Finance, e, em seguida, tenha afirmado que é preciso se desfazer da instituição.

O deputado Reginaldo Lopes (PT) também discordou de Novaes. Ele disse que o Banco do Brasil, como um banco público, tem um importante papel para o desenvolvimento da economia brasileira.

"Ele deveria continuar sendo do povo brasileiro. É fundamental ele continuar apoiando a agricultura. E, evidente, ele não pode ter uma lógica só de ter lucros", salientou o deputado.

Confira abaixo o trecho da participação do presidente do Banco do Brasil na comissão mista, que é presidida pelo senador Confúcio Moura (MDB).

 

 

Paulo Guedes também defende privatização do BB

Banco do Brasil pode deixar de fazer parte do rol das estatais se depender do ministro da Economia, Paulo Guedes. Durante a polêmica reunião ministerial, citada pelo ex-ministro Sergio Moro, Guedes defendeu a venda do BB.

“Vamos vender logo a p... do Banco do Brasil”, disse.

 

Para o ministro, o Ministério da Economia tem medidas para fornecer créditos às instituições financeiras, mas isso não tem chegado às empresas. Além disso, segundo Paulo Guedes, o BB é o que "deveria puxar a fila", por ter o governo como maior acionista.

Além disso, outra crítica do ministro ao Banco do Brasil é o atraso da instituição na corrida tecnológica em relação aos demais bancos. Conforme divulgado, além de todos os ministros do governo, também estavam presentes na reunião os presidentes do próprio Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

A gravação da reunião, que é apontada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova da interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, está em poder do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Bolsonaro diz que BB não será privatizado

Apesar da declaração do ministro Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro já afirmou que a privatização do Banco do Brasil não está em pauta. Em dezembro de 2019, Bolsonaro negou a intenção de privatizar o BB e a Caixa Econômica Federal.

Na época, a declaração do presidente ocorreu dias após especulações de que a equipe do ministro Paulo Guedes estaria estudando tal ato. Na ocasião, no entanto, o próprio ministério desmentiu.

"O governo do presidente Jair Bolsonaro não pretende privatizar o Banco do Brasil, Caixa e Petrobras", disse o Ministério da Economia.

 

No entanto, sindicalistas apontam um viés privatista por parte do presidente do BB, Rubem Novaes. Segundo o diretor do Sindicato e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, mesmo com lucros, a direção aposta na privatização.

"Esse crescimento de 41,2% contraria as recentes declarações do presidente do BB, Rubem Novaes, de que vai chegar o momento em que a privatização do banco será inevitável. Aliás, nunca vi um presidente jogar contra a própria empresa que preside desta maneira", comentou o diretor em fevereiro, após divulgação do lucro líquido ajustado do quarto trimestre de 2019.

Concurso Banco do Brasil é urgente (Foto: Reprodução TV Senado)
Presidente quer privatizar Banco do Brasil
(Foto: Reprodução TV Senado)


Concurso Banco do Brasil segue previsto

edital para o cargo de escriturário já está em elaboração e segue confirmado. A publicação chegou a estar prevista para março, mas, em virtude da pandemia do Coronavírus, foi adiada.

Segundo fonte do alto escalação do BB, algumas questões burocráticas precisam ser resolvidas antes da abertura da seleção. Apesar disso, a fonte garantiu que o concurso está confirmado.

Ela, no entanto, não informou a oferta de vagas e a organizadora da seleção. Indagado se as provas serão aplicadas no primeiro ou no segundo semestre, a informação passada foi a de que “o cronograma ainda está sendo elaborado”

A expectativa é que o BB possa anunciar, em breve, a distribuição das vagas pelos estados, bem como a instituição que irá aplicar as provas. As últimas seleções para o banco vêm sendo organizadas pela Fundação Cesgranrio, o que a torna favorita para ficar à frente desta seleção.

O cargo de escriturário exige apenas o nível médio e tem remuneração inicial de R$4.036,56, já incluindo auxílios-refeição e alimentação. A jornada é de 30 horas, ou seja, seis horas diárias. Além do auxílio-transporte, o BB oferece os seguintes benefícios:

  • Participação nos lucros (geralmente, paga duas vezes ao ano);
  • Planos de saúde e odontológico;
  • Previdência privada com participação do banco;
  • Auxílio-creche/babá; e
  • Auxílio ao filho com deficiência.

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Vagas para escriturário da área de Tecnologia

Segundo o BB, a princípio, as vagas de escriturário serão para a área de Tecnologia. No entanto, não está descartada a possibilidade de também existir oportunidades para o escriturário genérico (tradicional).

O que diferencia basicamente o concurso para escriturário tradicional e o da área de TI é o programa e o peso dado às disciplinas das provas. Ou seja, independentemente do conteúdo, as habilidades e competências requeridas aos concorrentes às vagas serão as mesmas.
 


Comparando-se os conteúdos de 2015 (última seleção para escriturário tradicional) e o de 2018 (escriturário de TI), percebe-se que, no segundo edital, houve a inclusão da disciplina de Probabilidade e Estatística e a exclusão das matérias de Cultura Organizacional, Técnicas de Vendas e Atendimento. 

Outro fator importante é que o conteúdo de Informática tornou-se mais amplo. Além disso, foi feita uma outra distribuição do número de questões por disciplinas.

Concurso 2015

  • Português (dez);
  • Raciocínio Lógico-Matemático (dez);
  • Atualidades do Mercado Financeiro (cinco);
  • Cultura Organizacional (cinco);
  • Técnicas de Vendas (dez);
  • Atendimento (dez);
  • Conhecimentos Bancários (dez);
  • Informática (cinco); 
  • Inglês (cinco), e
  • Redação.


Concurso 2018

  • Português (cinco);
  • Inglês (cinco);
  • Matemática (cinco);
  • Atualidades do Mercado Financeiro (cinco);
  • Probabilidade e Estatística (20);
  • Conhecimentos Bancários (cinco);
  • Informática (25); e 
  • Redação.


Se o programa de 2018 for mantido para a nova seleção, o ponto positivo, comparado ao edital de 2015, será a redução do número de disciplinas a serem estudadas: caindo de nove para sete.