Concurso Banco do Brasil: por que Economia insiste em privatizar?
Às vésperas do concurso Banco do Brasil e com lucros mesmo diante de uma pandemia, vale a pena privatizar o BB? Entenda!
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Publicado em:28/06/2020 às 06:00
Atualizado em:28/06/2020 às 06:00
"Vamos vender logo a p... do Banco do Brasil", disse.
Para o ministro, o ME tem medidas para fornecer créditos às instituições financeiras, mas isso não tem chegado às empresas. Além disso, segundo Paulo Guedes, o BB é o que "deveria puxar a fila", por ter o governo como maior acionista.
Outra crítica de Paulo Guedes ao Banco do Brasil é o atraso da instituição na corrida tecnológica em relação aos demais bancos.
Presidente do BB apoia Guedes
Em janeiro de 2019, o economista Rubem Novaes tomou posse no comando do Banco do Brasil. O atual presidente do BB foi colega de Paulo Guedes na Universidade de Chicago, berço do liberalismo econômico.
Em uma busca por uma intervenção cada vez menor do estado, Rubem Novaes defende a privatização do Banco do Brasil. No início do mês, durante sua participação na comissão mista da Covid-19 do Congresso, o presidente do BB deixou clara, mais uma vez, a sua vontade em privatizar a estatal.
Segundo ele, a instituição deve ter dificuldades de se adaptar aos desafios tecnológicos e de gestão diante das mudanças que o Banco Central (BC) analisa para o setor, o que inclui novos modelos de empresas financeiras, como as fintechs.
"O mundo bancário vai mudar radicalmente. As empresas bancárias serão cada vez mais empresas de tecnologia", avaliou.
Com base nas mudanças tecnológicas, o presidente do BB entende que, com "as amarras do setor público", o Banco do Brasil não terá a capacidade de adaptação necessária.
"Apesar de extremamente eficiente, ele [Banco do Brasil] compete com outros bancos com bolas de chumbo amarradas a seus pés", declarou, citando os mecanismos de controle ao qual o banco é submetido.
Para Novaes, é preciso ter pessoas cada vez mais com perfil tecnológico no banco. Na ocaisão, o presidente chegou a criticar a própria porta de entrada no banco, o escriturário tradicional.
"A porta de entrada do BB é um concurso de escriturário. Essa porta de entrada tem que ser alterada, tem que colocar gente cada vez mais com perfil tecnológico no banco", disse.
Por fim, Novaes voltou a falar sobre as dificuldades que o banco enfrenta, reforçando a privatização da estatal.
"Essas transformações, que serão necessárias, serão feitas de maneira pouco adequada, se nós continuarmos presos às amarras do setor público. É pensando no benefício do banco que falo em privatização", concluiu.
O Banco do Brasil é considerado um dos maiores bancos com ações negociadas em Bolsa, sendo os demais: Bradesco, Itaú Unibanco e Santander.
Em fevereiro deste ano, o BB divulgou o seu lucro líquido ajustado do quarto trimestre de 2019. De acordo com a instituição, o valor chegou a R$18,16 bilhões, representando um aumento de 41,2% na comparação com 2018.
Em relação ao lucro líquido ajustado do banco, que exclui itens extraordinários, o valor chegou a R$17,84 bilhões no ano passado, sendo 32,1% maior comparado com 2018. Com o resultado, a rentabilidade ficou em 17,3%, aumento de 3,4 pontos percentuais.
Para o diretor do sindicato e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, esse crescimento de 41,2% contraria as recentes declarações do presidente Rubem Novaes, de que vai chegar o momento em que a privatização do banco será inevitável.
"Aliás, nunca vi um presidente jogar contra a própria empresa que preside desta maneira", comentou Fukunaga.
Ainda segundo o coordenador, as declarações do ministro da Economia e do próprio presidente do BB, junto à timidez do banco em atuar no crédito, neste momento de pandemia, sinalizam a privatização.
"A intenção deles é privatizar esta instituição secular, que sempre esteve a serviço da sociedade brasileira, sempre atuando em momentos de crises para garantir a continuidade dos serviços bancários e da bancarização. Querem vender este patrimônio do Brasil a troco de bananas”, disse Fukunaga.
A mesma dúvida foi compartilhada por parlamentares durante a Comissão do Congresso, com a participação de Novaes. Na ocasião, o deputado Mauro Benevides Filho (PDT) estranhou que o presidente do BB tenha passado boa parte da sua apresentação inicial destacando títulos conquistados pelo banco, mas, em seguida, tenha afirmado que é preciso se desfazer da instituição.
Já para o deputado Reginaldo Lopes (PT), o Banco do Brasil, como um banco público, tem um importante papel para o desenvolvimento da economia brasileira.
"Ele deveria continuar sendo do povo brasileiro. É fundamental ele continuar apoiando a agricultura. E, evidente, ele não pode ter uma lógica só de ter lucros", salientou o deputado.
Os próprios funcionários do banco relatam um "verdadeiro desmonte" da instituição. Segundo a diretora da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi RS), Priscila Aguirres, fica clara a posição privatista do presidente do BB.
A defesa pela privatização também foi criticado pelo deputado José Queiroz (PDT), no último dia 11. Segundo ele, o BB é reconhecido por ser "extremamente eficiente e um celeiro de cérebros competentes".
"Não aceitamos a privatização de uma instituição que tem uma história secular, integrada ao processo evolutivo da economia brasileira. Vou convocar os companheiros de outras Assembleias para que possam reproduzir este sentimento contrário a mais uma iniciativa absurda do Governo Bolsonaro", ressaltou.
Com lucros acima dos anos anteriores e mesmo diante de uma pandemia, o Banco do Brasil segue como uma das principais instituições bancárias do país. O banco chega a regiões que, muitas vezes, não contam a presença de bancos privados.
Além disso, poderia estar junto à Caixa Econômica para dar suporte ao governo, em meio às demandas do auxílio emergencial. Como defendem sindicalistas, se fosse uma questão apenas em relação à corrida tecnológica, a verba poderia ser usada para isso.
Mas o que se vê atualmente é mais uma questão política do atual governo, que pretere cada vez mais estatais a favor das privatizações. Afinal, por que privatizar o Banco do Brasil?
Segundo fonte do alto escalão do BB, algumas questões burocráticas precisam ser resolvidas antes da abertura da seleção. Apesar disso, a fonte garantiu que o concurso está confirmado.
Ela, no entanto, não informou a oferta de vagas e a organizadora da seleção. Indagado se as provas serão aplicadas no primeiro ou no segundo semestre, a informação passada foi a de que “o cronograma ainda está sendo elaborado”.
A expectativa é que o BB possa anunciar, em breve, a distribuição das vagas pelos estados, bem como a instituição que irá aplicar as provas. As últimas seleções para o banco vêm sendo organizadas pela Fundação Cesgranrio, o que a torna favorita para ficar à frente desta seleção.
O cargo de escriturário exige apenas o nível médio e tem remuneração inicial de R$4.036,56, já incluindo auxílios-refeição e alimentação. A jornada é de 30 horas, ou seja, seis horas diárias. Além do auxílio-transporte, o BB oferece os seguintes benefícios:
Participação nos lucros (geralmente, paga duas vezes ao ano);