Concurso Correios: Findect cobra presidente Lula em meio à crise

Após divulgação de plano estratégico por parte dos Correios, categoria envia ofício ao presidente Lula e cobra criação de comitê de crise.

Autor:Juliana Goes
Publicado em:16/05/2025 às 09:49
Atualizado em:16/05/2025 às 11:22


No documento, a Federação denuncia a retirada de quase R$ 3 bilhões em dividendos da empresa entre 2011 e 2013, mesmo em cenário de prejuízo, o que comprometeu a capacidade de investimento da estatal e agravou seu endividamento.


A carta tem como base o Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), que aponta a distribuição indevida de recursos à União e alerta para a redução de 92,63% no patrimônio líquido da empresa até 2016.


Para a Findect, a recomposição parcial desses dividendos é essencial para retomar projetos estratégicos, como a modernização de centros operacionais e a ampliação do marketplace dos Correios.


Os sindicatos filiados também propõem a criação imediata de um Comitê de Crise, com a participação paritária entre representantes da empresa, dos ministérios e dos trabalhadores.

"O objetivo é garantir transparência nos dados financeiros e operacionais e construir, de forma conjunta, um plano de recuperação que preserve os direitos da categoria e assegure a qualidade dos serviços prestados à população", diz a Findect.


Confira os principais pedidos da Findect:

  • devolução parcial dos dividendos pagos entre 2011 e 2013;
  • destinação dos R$ 3,8 bilhões captados junto ao New Development Bank para investimentos na ECT;
  • criação de um Comitê de Crise com participação dos trabalhadores;
  • suspensão de qualquer medida que afete os serviços ou direitos dos empregados durante o processo de negociação;
  • apoio à revogação da Lei 14.902/24 (taxa das blusinhas) e aprovação do PL 1440/25; e
  • compromisso com a valorização dos Correios como empresa pública estratégica e essencial para o desenvolvimento do Brasil.


A carta também foi enviada, em cópia, ao vice-presidente Geraldo Alckmin e aos ministros Frederico Siqueira (Comunicações), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação).


Além do senador Renan Calheiros (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado) e do presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos.


No documento enviado, também foi solicitada uma audiência com o presidente da República, para debater os pontos apresentados.


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Após concurso, Correios enfrenta crise e medidas geram protestos da categoria

(Foto: Shizuo Alves/MCom)

Confira as medidas anunciadas pelo Correios

As medidas anunciadas pelos Correios têm como objetivo a necessidade de reduzir despesas, como consta no plano divulgado.


Para que a proposta funcione, a empresa espera contar com o apoio dos funcionários, com cerca de 86 mil profissionais sendo atingidos diretamente.


Entre as medidas anunciadas estão:

  • revisão da estrutura dos Correios (sede), com a redução de, pelo menos, 20% do orçamento dos cargos comissionados;
  • incentivo à redução da jornada de trabalho: diminuição do horário de trabalho para seis horas diárias e 34 horas semanais. Atualmente, são 8 horas diárias e 44 horas semanais;
  • suspensão temporária de férias: a partir de 1º de junho de 2025, referente ao período aquisitivo deste ano, com o retorno a partir de janeiro de 2026;
  • prorrogação das inscrições do Programa de Desligamento Voluntário (PDV): até 18 de maio de 2025, mantendo os atuais requisitos de elegibilidade;
  • incentivo à transferência, voluntária e temporária, de agente de correios: pagamento do adicional de atividade sendo mais vantajoso;
  • retorno ao trabalho presencial: todos os empregados deverão retornar a partir de 23 de junho de 2025, com exceção dos protegidos por decisão judicial;
  • lançamento de novos formatos de planos de saúde: a escolha da rede credenciada será dialogada com as representações sindicais, com uma economia estimada de 30%;
  • lançamento do marketplace próprio ainda em 2025; e
  • captação de R$ 3,8 bilhões com o New Development Bank (NDB), para investimentos internos.


Ainda não se sabe se, com as novas medidas, as convocações dos aprovados serão impactadas. A homologação do edital da área Operacional só ocorreu em abril deste ano, meses após a conclusão da seleção.

Ação judicial será tomada

Segundo a Findect, as medidas anunciadas "penalizam os trabalhadores e não dão garantias de novas contratações através do concurso público já realizado".


Ainda na última terça, 13, os sindicatos filiados à Findect se reuniram com seu corpo Jurídico, para discutir a suspensão da fruição das férias referentes ao período aquisitivo de 2025, anunciada pela direção dos Correios.


De acordo com o comunicado da empresa, a partir de 1º de junho, os trabalhadores não poderão mais usufruir das férias desse período, que só voltariam a ser concedidas a partir de janeiro de 2026.


Além das férias, entre as medidas anunciadas está o incentivo à redução de jornada de trabalho e, consequentemente, do salário dos trabalhadores.


Diante dessa situação, a Findect informou que ingressará com uma ação judicial, para assegurar o direito às férias, garantido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pela Constituição Federal.

"A Findect entende que qualquer alteração que impacte diretamente os direitos da categoria deve ser discutida com responsabilidade e transparência".

Além disso, a Federação informou que está avaliando, com o suporte de sua Assessoria Jurídica e Política, outras medidas previstas no mesmo ofício dos Correios, que integram o novo plano estratégico da empresa.

"Para tratar dessas questões, a Federação notificará oficialmente a direção dos Correios, solicitando a instalação de uma mesa de negociação permanente, com a participação das representações sindicais, a fim de garantir que nenhuma mudança seja implementada sem a devida negociação com quem representa os trabalhadores", disse a categoria.

Concurso Correios foi homologado e contratações podem ocorrer

Realizado em 2024, o concurso dos Correios foi encerrado somente este ano. A empresa divulgou, em abril, a homologação para as carreiras de nível médio (agente) e nível superior (analista).


As provas ocorreram em dezembro do ano passado e os resultados já haviam sido divulgados. Agora, com a homologação, as convocações podem ser iniciadas.


O prazo de validade do concurso é de um ano, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da empresa. Assim, a seleção segue válida, inicialmente, até abril de 2026.

Concurso Correios preencherá 3,5 mil vagas

Os editais do concurso Correios trouxeram 3.511 vagas para provimento, com a seguinte distribuição:

  • 3.099 vagas para cargos de nível médio; e
  • 412 vagas para cargos de nível superior.

Além disso, a empresa também chegou a anunciar a possibilidade de preencher 5.975 vagas por meio da formação de um cadastro de reserva.


A maior parte das oportunidades foi para o cargo de carteiro, com exigência do ensino médio completo.


O concurso também reservou 30% das vagas para negros (pretos e pardos) e indígenas, além de 10% para pessoas com deficiência.


Além destes editais, os Correios lançaram um concurso para o SESMT. Neste caso, o resultado final foi homologado ainda em 2024, com o prazo de validade estando em andamento.

Novo concurso Correios foi citado por superintendente

Embora tenha concursos homologados, uma outra carreira de nível médio segue com vacâncias e não conta com aprovados, para a nomeação de efetivos.


Trata-se do cargo de atendente comercial, que faz parte da carreira de agente dos Correios.


Em janeiro deste ano, o superintendente dos Correios em Brasília DF, Paulo Henrique Soares de Moura, afirmou que um novo concurso seria realizado para o cargo de atendente comercial.

"Nós vamos abrir concurso público para atendente comercial nas agências".

A equipe do Qconcursos Folha Dirigida chegou a entrar em contato com os Correios para confirmar a realização dessa seleção, mas a empresa não confirmou a informação.


Vale lembrar que havia a expectativa de vagas para atendente comercial no concurso de 2024. No entanto, o edital não trouxe oportunidades para essa função.


Na ocasião, muitos candidatos criticaram a ausência do cargo, que tem como requisito o nível médio completo. 


Com a crise e o plano estratégico anunciado, tudo indica que a nova seleção pode não ocorrer como previsto pelo superintendente de Brasília DF.


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