Concurso PC SP: governador veta projeto que excluiria prova oral
Governador Tarcísio de Freitas veta Projeto de Lei (PL) que retiraria a prova oral dos concursos PC SP. Entenda os motivos!
Autor:Bruna Somma
Publicado em:11/07/2024 às 11:58
Atualizado em:11/07/2024 às 12:48
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vetou integralmente o Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 7/2024, que prevê a exclusão da prova oral do concurso PC SP, com exceção do delegado.
Os motivos para o veto foram publicados no Diário Oficial desta quinta-feira, 11.
De acordo com o governador, as Secretarias de Governo e Gestão e de Segurança Pública, além da Academia de Polícia (Acadepol), foram contra a proposição por considerarem a prova oral uma etapa essencial para a seleção dos candidatos.
Foram identificados os seguintes argumentos:
a realização de prova oral, nos concursos públicos de ingresso às carreiras policiais de nível superior, é um importante instrumento de avaliação dos candidatos, compatível com a complexidade e exigências dos cargos públicos a serem ocupados;
por mais que haja preocupação com a maior celeridade dos concursos para a Polícia Civil de São Paulo, a agilidade jamais deve afastar, de plano, instrumentos de avaliação que permitam selecionar candidatos mais capacitados ao exercício do cargo.
A Acadepol, inclusive, sinalizou que já foram efetuadas alterações legislativas para agilizar o concurso PC SP, a exemplo do deslocamento da etapa de avaliação de aptidão física e mental para o período de estágio probatório.
Governador também apontou vício de iniciativa no projeto
O veto do governador ainda apontou que o projeto tinha vício de iniciativa. Isso porque, por dispor sobre provimento de cargos públicos, ele deveria ter sido proposto pelo Poder Executivo e não pelo Legislativo.
O texto é de autoria dos deputados estaduais Danilo Balas, Altair Moraes e Letícia Aguiar.
"A propositura revela-se incompatível com a ordem constitucional vigente, que atribui exclusivamente ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa para a apresentação de projeto de lei dispondo sobre o provimento de cargos públicos (artigo 61, § 1º, II, “c”, da Constituição Federal; artigo 24, § 2º, 4, da Constituição do Estado), conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (ADI nº 2856; RE 1254851).".
Governador veta projeto que exclui prova oral dos concursos PC SP
(Foto: Ciete Silvério/Governo de SP/Agência Brasil)
A prova oral é uma etapa obrigatória nos concursos PC SP para os cargos de nível superior. Para os de nível médio, a avaliação não é cobrada.
"Retirando a prova oral para todos os cargos de nível superior, exceto o de delegado, dá mais rapidez ao concurso e leva, às ruas e delegacias, policiais rapidamente", afirmou Danilo Balas, um dos autores do PL.
Além de retirar a etapa oral, o PLC buscava aplicar a etapa de investigação social já no início do concurso público e a manutenção da mesma fase ao longo de toda a seleção. Esse trecho também foi vetado.
Com o veto governamental, a princípio, a prova oral está mantida no concurso em andamento para a Polícia Civil de São Paulo.
Conforme estabelecido na Constituição do Estado de São Paulo, o veto do governador será incluído em sessão da Assembleia Legislativa (Alesp) no prazo de 30 dias, em único turno de votação e discussão.
Tendo voto favorável da maioria absoluta dos deputados, o veto do governador poderá ser derrubado.
Nesse caso, o texto do projeto será enviado para promulgação pelo governador.
Caso queira, o Governo do Estado poderá ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar o texto, alegando o caráter inconstitucional e o vício de iniciativa.
Em setembro do ano passado, os editais do concurso PC SP foram publicados com 3.500 vagas para diversas carreiras. Os salários iniciais chegam a R$15 mil.
O concurso ainda está em andamento. As chances estão distribuídas entre as seguintes carreiras de nível superior:
1.333 vagas para escrivão;
1.250 vagas para investigador;
249 vagas para perito criminal;
116 vagas para médico legista; e
552 vagas para delegado.
Segundo dados da Vunesp, os cargos mais procurados foram os de investigador e escrivão de Polícia Civil.
Para essas duas carreiras, a seleção registrou 58.350 candidaturas confirmadas. O posto de investigador foi o mais buscado, com 39.293 inscritos.
As provas objetivas e discursivas já foram aplicadas no final do ano passado.
A prova oral é somente a quarta etapa do concurso. Isso significa que, para chegar até ela, os candidatos devem ter aprovação nas etapas objetiva, escrita e na comprovação de idoneidade e conduta escorreita.
A etapa consistirá na arguição do concorrente, em sessão pública, e versará sobre diferentes conhecimentos, a depender do cargo. Confira:
Investigador:
Língua Portuguesa;
Noções de Direito; e
Criminologia.
Escrivão:
Língua Portuguesa;
Noções de Direito; e
Criminologia.
Médico Legista:
Medicina Legal;
Criminalística;
Noções de Direito.
Perito Criminal:
Noções de Direito e Criminalística;
Informática;
Língua Portuguesa.
Delegado:
Direito Penal;
Direito Processual Penal;
Legislação Especial;
Direito Constitucional;
Direitos Humanos;
Direito Administrativo.
Após a homologação do resultado final, o concurso da Polícia Civil de São Paulo ficará válido por dois anos, com possibilidade de prorrogação por igual período.
Novo concurso PC SP de nível médio pode ser autorizado
Em outubro de 2023, o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian, informou que um novo concurso PC SP poderá ser autorizado, em breve, para carreiras de nível médio.