A ministra ressaltou que o governo não está negociando propostas e que elas são do Legislativo.
Dweck indicou que não há necessariamente um acordo do governo com o que está sendo construído no grupo de trabalho (GT) da Reforma Administrativa na Câmara, coordenado pelo deputado Pedro Paulo (PSD RJ).
Ela ainda reafirmou a defesa da estabilidade dos servidores.

Centrais sindicais se reúnem com ministros para debater a Reforma Administrativa
(Foto: Divulgação/Sintrajufe RS)
Segundo a ministra, medidas que já foram tomadas pelo governo ajudaram “a mudar o rumo do debate em torno da Reforma Administrativa e afastar a visão de redução do Estado presente na PEC 32”.
O próprio coordenador do grupo de trabalho e relator da proposta, Pedro Paulo, já revelou que o texto da Reforma inclui e amplia projetos bem executados pelo Ministério da Gestão e Inovação, como o Concurso Nacional Unificado (CNU).
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Os representantes das centrais sindicais mostraram aos ministros a preocupação em torno da Reforma Administrativa, sobretudo a ausência de textos concretos, com propostas apresentadas por meio da imprensa.
Além da não participação dos sindicatos no debate realizado pelo grupo de trabalho da Reforma e a perspectiva de uma tramitação acelerada das propostas.
As centrais ainda defenderam o encaminhamento da proposta de regulamentação do direito de negociação coletiva para os servidores públicos, construída recentemente em conjunto no Grupo de Trabalho coordenado pelo MGI, bem como avançar em demandas sindicais como a que trata da liberação de dirigentes sindicais.
Durante o encontro, foi proposta uma reunião entre as centrais sindicais, o relator da Reforma Administrativa, deputado Pedro Paulo, e demais integrantes do GT, e o governo federal, na figura da ministra Esther Dweck e do ministro Luiz Marinho.
A ministra Esther se propôs a intermediar a realização dessa reunião.
Segundo o deputado Pedro Paulo, as propostas da Reforma Administrativa devem ser divididas em quatro grandes eixos:
- Governança, Gestão e Estratégia;
- Recursos Humanos;
- Transformação Digital; e
- Privilégios no serviço público.
Serão protocolados três anteprojetos, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), um Projeto de Lei Complementar (PLC) e outro de lei ordinária.
Os textos oficiais ainda não foram apresentados, mas Pedro Paulo já adiantou algumas medidas com impactos para os servidores públicos. Confira!
- Avaliação de desempenho: a promoção na carreira não será mais baseada somente no tempo de serviço. O avanço acontecerá a partir da avaliação do desempenho individual. Um sistema de avaliação padrão será adotado em todos os poderes e esferas de governo, e cada carreira deverá ter, ao menos, 20 níveis para progressão.
- Contratações temporárias: será criado um cadastro nacional para essas contratações. Os contratos poderão durar até cinco anos, com um período de 12 meses de "quarentena" antes de uma possível recontratação. Os trabalhadores terão direitos como licença-maternidade e adicional de férias em contratos com duração superior a um ano.
- Bônus por resultado: funcionários poderão receber bônus se atingirem metas institucionais, desde que a situação financeira do órgão permita. Essa gratificação não se aplica a agentes políticos.
- Teletrabalho: o limite para trabalhar remotamente será de um dia por semana, mas poderá ser estendido com uma justificativa formal. Haverá exceções para situações especiais, como problemas de saúde ou questões familiares.
- Concurso Nacional Unificado: o CNU poderá ser usado para selecionar servidores para governos estaduais e municipais, com o objetivo de tornar o processo de seleção mais eficaz e transparente.
- Concurso intranível: para determinadas carreiras será possível entrar em um nível mais alto. "Na medida que em estamos tornando obrigatório que cada carreira tenha no mínimo 20 níveis, vamos permitir que para determinadas carreiras, em caráter extraordinário, você possa ter um concurso intranível", disse o deputado Pedro Paulo.
- Planejamento estratégico: governadores, prefeitos e o Presidente da República terão até 180 dias após assumirem o cargo para apresentar um plano de metas e indicadores para o mandato completo.
- Fim dos privilégios: proibição das férias de 60 dias para juízes e promotores públicos e a regulamentação de 30 dias únicos de férias para todos os servidores.
De acordo com o relator do grupo de trabalho, a Reforma Administrativa atingirá os atuais servidores públicos.
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Relator propõe novo vínculo estatutário temporário
Uma das propostas que apresenta maior divergência com o Governo Federal é a criação de um novo vínculo estatutário no serviço público por tempo determinado, com duração de até dez anos.
A ideia é que, com exceção das carreiras típicas de Estado, seja possível fazer contratações por até dez anos, com a garantia de estabilidade.
“Se você tiver uma atividade muito específica e ela se acabar, qual o problema de não contratar mais? O gestor continua tendo a opção do concurso tradicional. A gente está só deixando uma possibilidade a mais”, disse Pedro Paulo no dia 3 de setembro.
Segundo o deputado, existe a interpretação de que a proposta acabe com a estabilidade no serviço público.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast, ele rechaçou esse argumento, invocando contratações públicas para funções que podem se tornar obsoletas em prazos de dez anos.
“Não vai acabar com a estabilidade, vai garantir a estabilidade pelo reconhecimento, porque existem carreiras que são exclusivas para servidores públicos”, afirmou.
Ainda conforme o relator, esse tipo de contratação já existe em casos específicos, como professores e militares.
A reportagem do Qconcursos Folha Dirigida apurou com fontes que o Governo Federal é contra essa proposta. Inclusive, é uma das principais polêmicas envolvendo a Reforma Administrativa.
No dia 3 de setembro, foi realizada no Plenário da Câmara dos Deputados uma Comissão Geral sobre a Reforma Administrativa.
A reunião teve a participação de parlamentares, membros do Governo Federal, dirigentes sindicais, professores e especialistas.
O deputado federal André Figueiredo, presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, expressou preocupação com possíveis retrocessos, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32, protocolada pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro.
“Uma questão que preocupa a todos, de forma uníssona, é a questão de termos servidores estatutários temporários por dez anos. Essa estabilidade de dez anos preocupa a todos. Há unanimidade contra”, afirmou Figueiredo, pedindo que o ponto seja retirado da pauta.
A avaliação de desempenho dos servidores públicos também está no centro do debate. A Reforma Administrativa propõe que a progressão não seja mais baseada apenas no tempo de serviço.
O avanço acontecerá a partir da avaliação do desempenho individual. Um sistema de avaliação padrão será adotado em todos os poderes e esferas de governo.
