Vencedora de “Quem Quer Ser um Milionário” sonha em ser diplomata
Qconcursos Folha Dirigida entrevista primeira campeã do "Quem Quer Ser um Milionário", que sonha em ser diplomata..
Papo de concurseiro
Autor:Júlia Sestero
Publicado em:27/06/2024 às 16:23
Atualizado em:27/06/2024 às 16:23
Com o aval do novo concurso Diplomata 2024, essa é a chance de muitos candidatos que sonham com um cargo público de grande prestígio alcançarem uma oportunidade.
Entre os interessados, desponta Jullie Dutra, a primeira campeã do programa da Rede Globo “Quem Quer Ser um Milionário”. No ano passado, a pernambucana e aspirante ao cargo de diplomata conquistou R$1 milhão.
Apesar disso, Jullie Dutra assegura que ainda irá atrás do seu sonho de seguir a carreira.
Em uma entrevista exclusiva ao Qconcursos Folha Dirigida, a vencedora compartilha seus planos e determinação em busca de seus objetivos.
Quem é Jullie Dutra: recém milionária e futura diplomata
Pernambucana, jornalista, empreendedora, mãe e concurseira, agora também conhecida como a primeira campeã do "Quem quer ser milionário?", Jullie Dutra teve uma jornada multifacetada até decidir pela carreira de diplomata.
Inicialmente, cursou medicina em dois países, Bolívia e Cuba, mas desistiu.
Posteriormente, formou-se em Jornalismo, realizando um projeto de conclusão de curso no Haiti, resultando no livro-reportagem "Caro Haiti", com o apoio e logística da ONU.
Trabalho de conclusão de curso da Jullie Dutra, publicado em 2012.
(Imagem: Livro-reportagem "Caro Haiti")
Após receber uma bolsa do Google para Jornalismo Investigativo na Rey Juan Carlos, enfrentou a perda de sua mãe, o que a levou a uma fase de depressão.
Apesar disso, empreendeu, fundando uma agência de comunicação que completa dez anos em breve.
A pandemia do Coronavírus (2020-2021) a fez buscar mais estabilidade financeira, direcionando-a para a carreira diplomática.
Jullie, então, traçou essa nova meta de se tornar diplomata, ciente dos desafios do concorrido concurso, mas decidida a perseguir seus objetivos.
Jullie Dutra afirma que mesmo milionária continuará estudando
Entrevistada, a recém-milionária respondeu um dos principais questionamentos que vem recebendo após a conquista do prêmio: se irá continuar estudando para a carreira de diplomata. E a resposta foi firme: sim!
“A diplomacia pra mim é uma causa de vida. É o meu sonho! Hoje com o valor, eu poderia dizer “não”, mas não é uma questão. Eu nunca persegui a diplomacia apenas por dinheiro, por salário, nunca foi. Isso é um desejo, é um sonho. Eu quero muito hoje ser diplomata. Então pra mim ganhar o “Quem quer ser um milionário” foi só mais um sinal do destino de que eu serei diplomata.”
Jullie Dutra comenta que um dos principais motivos de ter se inscrito no programa foi pensando em usar o dinheiro para investir nos estudos. Além disso, o valor do prêmio permitiria ter um pouco mais de tranquilidade para que pudesse focar na sua preparação, que é bem densa.
“O preparatório é muito caro e exigia de mim também que eu trabalhasse para poder pagar. Eu ficava tentando me equilibrar. Como todo concursando a gente tenta se equilibrar trabalhando, estudando, fazendo o melhor, como pode. Eu me inscrevi no 'Quem quer ser um milionário' com esse objetivo: eu precisava ter dinheiro para ter mais tempo pra poder me dedicar aos estudos e me dar um pouco mais de folga do meu trabalho.”
Atualmente, a futura diplomata está em seu quarto ano de concurso. Desde que decidiu pela carreira, realizou a primeira prova por curiosidade, como chegou a afirmar, e na segunda prova não obteve êxito.
Porém, para Jullie esse cenário não é desanimador, pois tem a consciência de que a aprovação é questão de tempo.
“Desde o momento que eu me inscrevi para fazer o meu primeiro concurso eu sabia que não iria passar de cara. Até porque a trajetória dos que passaram no Itamaraty é mais de dois anos de estudo para aprovação. Mas eu encarei esse desafio e ainda estou nele [...] Eu não vou desistir. Eu só vou desistir quando eu passar, essa é a minha meta e eu sou muito obstinada.”
Como conciliar a rotina diária e os estudos?
Um dos maiores desafios na vida de um concurseiro é conciliar o trabalho, a família, a vida social e os estudos. Para Jullie não é diferente. Ainda mais agora que seu escopo de atividades aumentou após visibilidade pela participação no programa "Quem quer ser um milionário".
A jornalista enfrenta seu maior desafio com determinação, conciliando sua rotina com a filha e os estudos. Como líder de destaque em sua agência de comunicação, ela delega funções, permitindo autonomia em seu trabalho.
No entanto, a filha Maria, dentro do espectro autista, demanda uma atenção especial aos horários. Isso não impede Jullie de sonhar e acreditar na possibilidade de passar no Itamaraty.
Assista a entrevista completa
Adaptando-se aos horários da filha, Jullie encontra maneiras criativas de estudar. Ela leva Maria para a escola e, ao retornar, mergulha nos estudos em casa. Durante as terapias de Maria, Jullie também otimiza o seu tempo.
“Nas terapias eu me adaptei! Eu levo o meu iPad, a canetinha e escrevo minhas dissertações. Boto uma música, escuto Bart, Beethoven, Mozart pra me tranquilizar e eu focar no que eu desejo escrever: o comando que aquela dissertação tá exigindo.”
O ritmo segue com idas à escola, almoço conjunto e terapia, otimizando cada momento. Mesmo com a exaustão, Jullie estende seus estudos até a meia-noite, superando barreiras físicas e emocionais. A habilidade de conciliar trabalho, estudos e os cuidados com Maria demonstra sua resiliência.
O maior desafio, encaixar-se nos horários da filha, torna-se uma oportunidade para otimizar o tempo. Para Jullie, nada é obstáculo, e ela segue determinada em sua jornada.
Como Jullie organiza os estudos para a carreira de diplomata?
Jullie Dutra organiza seus estudos para a carreira diplomática de forma intensiva e estratégica. Ela não segue a abordagem de estudar todas as disciplinas diariamente, mas sim foca em algumas por dia para otimizar seu tempo.
Com a necessidade de treinar seu tempo e caligrafia, Jullie estipula uma meta para estudar 11 horas por dia. Seu método envolve a leitura, elaboração de fichamentos e realização de flashcards. A abordagem varia de acordo com a disposição e necessidades do momento.
“Por exemplo, eu faço história de manhã, depois eu pego geografia. Eu vou pra clínica, pego mais duas disciplinas. Depois volto e fico lendo, porque eu também preciso ler o que está acontecendo na atualidade, sobretudo porque a prova de política internacional exige muito. Depois eu vou pra inglês, faço aula de inglês, também dissertação de inglês, faço novos fichamentos e muito flashcard. Então quando eu vejo, me toma mais ou menos esse tempo.
Jullie ressalta a importância de se adaptar às circunstâncias e compensar dias menos produtivos em outros. Nos finais de semana, busca experiências culturais que possam contribuir para suas dissertações.
Apesar de sua meta diária ser de 11 horas, Jullie reconhece a flexibilidade necessária, ajustando-se conforme a disposição e imprevistos. Nos momentos de maior folga, procura equilibrar seu tempo de estudo com atividades culturais enriquecedoras para ela e sua filha, Maria Helena.
A abordagem de Jullie destaca a necessidade de planejamento, flexibilidade e otimização de tempo para enfrentar os desafios do concurso do Itamaraty.
É importante destacar que após a conquista do prêmio, muitas mudanças ocorreram na vida da futura diplomata, que precisou adaptar sua rotina de estudos para conciliar com novas atividades.
Antes da participação no programa "Quem quer ser um milionário", Jullie chegava a estipular uma meta de estudo de 18 horas por dia. No entanto, a visibilidade conquistada após o programa demandou uma diminuição da sua carga horária de estudos.
Como lidar com a reprovação em concurso?
Como lidar com a reprovação em concursos é uma lição valiosa que Jullie Dutra compartilha com os concurseiros. Ela enfatiza que o caminho para o sucesso em concursos, assim como na vida, é permeado por desafios. A perseverança é a chave, e ela destaca que a reprovação faz parte desse percurso.
Jullie ressalta a importância de manter a resiliência diante das dificuldades. Ao enfrentar a não aprovação em um concurso, ela compara essa experiência com perdas significativas que já vivenciou, como a morte de sua mãe. Para Jullie, a perspectiva muda, e a reprovação em um concurso se torna algo relativamente menor diante de desafios mais substanciais.
A candidata destaca a regularidade dos concursos, afirmando que a oportunidade de tentar novamente sempre surge.
“Essas coisas assim não me abalam. Eu fico triste, mas não é o fim. Eu tenho uma convicção certeira de que eu vou ser diplomata. Então, é só uma questão de perseverar. Eu tenho muitos amigos que estão na luta também, há muito mais tempo que eu, e que não passaram e continuam na jornada. Porque quem quer ser diplomata é isso, vai ter ficar mais um tempinho tentando estudar. Não vai passar de cara.”
"Eu tenho uma convicção certeira de que eu vou ser diplomata."- Jullie Dutra.
A mensagem é clara: encarar a reprovação como uma parte inevitável do processo, aprender com cada experiência e, acima de tudo, nunca desistir dos sonhos. Para Jullie, o sucesso é uma questão de tempo e persistência, e cada desafio é uma oportunidade de crescimento.
“Se você pegar a quantidade de pessoas que passaram no primeiro, no segundo ano você conta nos dedos. É um concurso difícil e você tem que ter consciência que uma hora o seu momento vai acontecer e se não aconteceu não era pra acontecer, mas você não pode desistir dos seus sonhos.”
Jullie acredita que a educação transforma vidas
Antes de se tornar a campeã do "Quem Quer Ser um Milionário", Jullie Dutra já tinha sua vida transformada por meio da educação e de outras pessoas.
Nascida no interior nordestino, ela superou preconceitos sociais ao construir uma agência de comunicação baseada no conhecimento adquirido durante seus estudos como jornalista.
A importância da educação na vida de Jullie é evidente, pois a permitiu empreender e oferecer oportunidades a quatorze pessoas em sua agência. O conhecimento adquirido em uma sala de aula moldou seu percurso.
A história da mãe de Jullie, uma professora dedicada, é um exemplo do poder transformador da educação. Ser a primeira mulher de sua família a obter uma graduação concedeu à mãe de Jullie autonomia e soberania sobre sua vida, influenciando positivamente a filha.
Desde a infância, Jullie buscou ser independente, empreendendo e demonstrando suas habilidades jornalísticas aos doze anos.
“A educação é para mim, a arma mais poderosa pra gente conseguir empoderar pessoas, transformar vidas e acreditar que é possível.”
Mesmo após a conquista no programa, Jullie reitera a importância dos estudos e recusa a ideia de abandoná-los. A educação, para Jullie, é a chave para realizar seus sonhos e continuar transformando vidas.
Por fim, Jullie Dutra aconselha os concurseiros que estão na jornada em busca de uma aprovação, destacando a importância de perseverar.
“O concurso público é uma fila, todo mundo vai ter a sua oportunidade de entrar. E, assim, a minha experiência é de reprovação. Eu não sou nem case de sucesso, mas eu entendo que a minha trajetória de obstinação, de resiliência, acaba sendo uma história que inspira. Eu vejo hoje, na minha rede social, muitas pessoas me procurando dizendo ‘você me inspira, eu estou voltando a estudar’. [...] A gente precisa realmente direcionar nossos esforços pra gente poder construir, por meio da educação, um mundo mais justo, mais igualitário.”